É fato que todo casal discute! Porém, depois que nascem os filhos, é muito importante que o casal tome cuidado durante as discussões para não afetar a vida dos filhos. Sei que nem sempre é fácil, mas é necessário evitar certos assuntos, falar alto, gritar na frente das crianças.

No texto de hoje, a Psicóloga, Coach e Terapeuta de Casais, Nara Doné, fala sobre a interferência da relação do casal na criação dos filhos.

Confiram!

 

Por Nara Doné

As estatísticas indicam que mais de 70% dos casais moram com seus filhos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os que não moram com os pais, moram, por exemplo, com os avós, ou tios; são, muitas vezes, filhos grandes que saíram de casa para estudar. Portanto, é natural que os filhos percebam, e testemunhem, episódios de paz, de carinho e conflitos entre os pais.
É importante entender que a relação do casal interfere diretamente na criação, na formação, na educação e no desenvolvimento do filho, ou seja, a saúde da família e sua capacidade de crescimento, de desenvolvimento dos seus membros dependem da qualidade da relação estabelecida pelo casal.
O comportamento dos filhos denuncia a forma de funcionamento do casal, ou seja, muitas vezes o filho é o termômetro da relação. É como se os filhos absorvessem o comportamento dos pais! Eles sentem e percebem o que está acontecendo na relação do casal, então é muito importante que os pais estejam atentos à forma como fazem a gestão dos conflitos na relação.
Segundo Cummings & Davies (2002) é necessário entender o significado que os filhos atribuem aos conflitos e, segundo eles, existem três dimensões psicológicas que se relacionam durante o processo de construção desse significado:
– avaliação cognitiva (capacidade de entender o que está acontecendo);
– reações emocionais (emoções que a criança sente quando percebe o que está acontecendo) e
– comportamentos de enfrentamento (como as crianças se comportam diante dessas emoções sentidas).
Mas somente quando os comportamentos são emitidos é que os pais percebem que existem algo de errado.
Os conflitos conjugais são inerentes ao convívio dos casais e até mesmo necessários para que os cônjuges possam resolver determinados aspectos da vida a dois. No entanto, por muitas vezes, o nascimento dos filhos apenas reforçou a falta de coesão e maturidade do casal, que não mantinha um espaço para si mesmo, não tinha comunicação, e assim produzem uma dinâmica que dificultava ainda mais o desenvolvimento da família.
Sobre os conflitos é importante analisar quatro dimensões:
– a frequência (quantidades de vezes que acontece a recorrência do conflitos),
– a intensidade (o tamanho e a gravidade que o casal dá para esse conflito),
– o conteúdo (o motivo do conflito, pois grande parte das vezes o motivo é o filho, a forma de educar, de corrigir, de brincar e de cuidar) e
– a resolução (a forma que o casal resolve o conflito).
Davies & Cummings (1994) citam que os conflitos pobres em resolução são os mais prejudiciais aos filhos.
A análise das quatro dimensões dos conflitos revela que a exposição dos filhos a determinados tipos de conflito, coloca-os sob risco de desenvolver problemas de ajustamento, inclusive de dificuldade de desenvolvimento e fortalecimento da autoestima.
Sendo assim, a terapia de casais, em conjunto com a terapia infantil, é muito importante para a tomada de consciência dos tipos de conflitos predominantes na relação, identificando formas mais assertivas de resolução e, da mesma forma, prevalecer momentos de equilíbrio na relação, com trocas e carinho, elogio por exemplo.