Na matéria de ontem, falamos sobre a musicalização infantil (confiram), vamos falar também sobre música, mas sob uma outra perspectiva!

Vocês já ouviram falar em musicoterapia? Vamos entender tudo sobre o assunto! Entrevistamos as musicoterapeutas Andressa Lopes e Lílian Coimbra, que atuam em Belo Horizonte, MG.

Andressa Lopes – musicoterapeuta

Mas, o que vem a ser musicoterapia? “É a utilização de experiências sonoro-musicais sistemáticas, conduzidas por musicoterapeutas qualificados para alcançar ganhos não musicais, podendo contribuir para prevenção, estimulação precoce, reabilitação de funções diversas, promoção de saúde, qualidade de vida e cuidados paliativos”, explicam Lílian e Andressa. Para quem não sabe, musicoterapia na UFMG é uma habilitação do bacharelado em Música. Porém, já existem universidades que tem o bacharelado em Musicoterapia!

Diferente da musicalização, a musicoterapia, como o próprio nome diz, é um tipo de terapia! Cabe ressaltar que esses profissionais, “além da formação específica musical e técnicas e métodos musicoterapêuticos, também estudam áreas de conhecimento relacionadas à anatomia, neuroanatomia, pediatria, psiquiatria, neurologia, geriatria”, afirmam as musicoterapeutas.

Lílian Coimbra

Quando os pais buscam para seus filhos a musicoterapia, em primeiro lugar, é realizada uma avaliação individualizada da criança (os pais vão passar todas as informações importantes sobre a criança) para que se possa trabalhar com a dificuldade apresentada. Como explicam Lílian e Andressa, “após a avaliação, o processo será direcionado a fim de desenvolver competências nos domínios motor, cognitivo, mental, socioemocional, linguístico, comunicacional, comportamental, sensorial, dentre outros. A musicoterapia atua no desenvolvimento global da criança e pode contribuir para organização, atenção sustentada, concentração, maior tolerância à frustração, redução de comportamentos desadaptativos, socialização, criatividade, melhora do humor, elevação da autoestima, melhora da coordenação motora, comunicação verbal e não verbal, memória e diversas outras possibilidades. A criança compreende o mundo ao seu redor  explorando-o por meio de experiências lúdicas e sensório-motoras. Neste contexto, a música apresenta-se ao universo infantil como mais uma possibilidade de experimentação criativa, aprendizado e desenvolvimento”.

Como qualquer terapia, a musicoterapia é um tratamento para questões específicas apresentadas pela criança e deve ser realizada em sessões semanais (ou até mais de uma sessão por semana) e sempre buscando a evolução gradual do paciente.

Segundo Lílian e Andressa, “em uma sessão de musicoterapia, a música será vivenciada e compartilhada entre paciente e terapeuta por meio de quatro experiências musicais: audição, composição, recriação e improvisação. A criança pode participar de maneira ativa (cantando, tocando, dançando, criando), passiva (escutando a música e/ou estímulos sonoros) e interativa (compartilhando o fazer musical com o musicoterapeuta, outros pacientes, familiares, cuidadores e equipe de profissionais que possam estar presentes na sessão)”.

Um detalhe muito bacana é que, na musicoterapia “as sessões podem ser realizadas individualmente ou em grupo, sendo respeitadas as particularidades de cada paciente, considerando, além de suas características, a maneira que se apresenta no momento da sessão. E, ainda, a sessão pode ser conduzida por um musicoterapeuta ou por mais de um musicoterapeuta atuando em co-terapia e também de maneira interdisciplinar, podendo ocorrer em atuação conjunta com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e demais profissionais da área da saúde e afins”, ressaltam as profissionais.

Mas, afinal, qual criança tem necessidade desse tipo de terapia? Em qual idade? Lílian e Andressa deixam claro que “a musicoterapia se destina a todas as pessoas, não se limita a determinada faixa etária ou caso clínico, e não tem como pré-requisito o conhecimento musical prévio. Diante disso, todo o período da infância poderá se beneficiar da intervenção musicoterápica. Ela pode, inclusive, ocorrer precocemente: com bebês prematuros, a musicoterapia pode favorecer o ganho de peso, fortalecer o vínculo mãe e bebê, reduzir o estresse fisiológico e contribuir para a antecipação da desospitalização. A recomendação, quando há algum atraso ou transtorno do desenvolvimento, é que seja feita intervenção precoce para que se tenha um prognóstico mais favorável. É importante esclarecer que o processo musicoterapêutico não beneficia apenas aqueles com algum diagnóstico fechado, com diagnóstico preliminar ou hipótese diagnóstica. Pode-se intervir em questões relacionadas à ansiedade, ao bullying, à timidez excessiva ou a outros aspectos que, sob um olhar terapêutico, podem conferir melhor qualidade de vida e maior bem-estar ao paciente”.

É válido dizer também que a musicoterapia não está presente apenas nas sessões em consultórios! Lílian e Andressa explicam que “a atuação do musicoterapeuta é semelhante à de outros profissionais da área da saúde, podendo atender nos contextos social, educacional, hospitalar e organizacional (empresarial). Em hospitais, por exemplo, contribui para a humanização do ambiente hospitalar, pode atuar com pacientes queimados, oncológicos, bebês prematuros e em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em clínicas e consultórios particulares, a demanda pode ser diversificada, incluindo pessoas com quadros variados (Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Síndrome de Down, Síndrome de West, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Paralisia Cerebral, atraso e apraxia de fala e deficiências múltiplas. Já com idosos, nas Instituições de Longa Permanência do Idoso, atua com Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson.  Em empresas, o musicoterapeuta pode atuar nos processos de seleção de pessoal e no desenvolvimento de equipes de trabalho. No âmbito educacional, volta-se para o apoio pedagógico, melhora do foco atencional, raciocínio, compreensão e aspectos emocionais. Já no contexto social e comunitário, pode-se atuar com menores infratores,  em projetos sociais diversos e com pessoas em situação de vulnerabilidade social.

O musicoterapeuta também pode atender às especificidades dos serviços socioassistenciais no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Recentemente, a musicoterapia foi incorporada como modalidade terapêutica na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo com que ela seja cada vez mais difundida no território nacional. Com o passar do tempo, essa terapia vem ganhando maior evidência e reconhecimento no Brasil”.

Um ponto muito importante e que devemos destacar, como afirmam Lílian e Andressa, “é que existe um estigma de que a musicoterapia tem o intuito de promover relaxamento, contudo, este será conduzido se for um objetivo terapêutico. É possível que a vivência musical, por si só, traga um relaxamento, porém, a música desperta diversas sensações, sendo particulares a cada indivíduo. Cabe ao musicoterapeuta perceber e guiar de maneira a otimizar a evolução do processo terapêutico. Não é incomum notar uma certa confusão na diferenciação entre musicoterapia e educação musical. A musicoterapia tem finalidade terapêutica e utiliza-se da música e seus elementos como um meio para favorecer a manutenção, restabelecimento e/ou promoção da saúde. Uma vez que não apresenta finalidade pedagógica, a musicoterapia não objetiva o aprendizado musical, o aprimoramento técnico, performático e estético musical. Pode ocorrer de o paciente desenvolver habilidade musical ao longo do processo musicoterápico, assim como o educador musical pode observar desenvolvimento de competências não musicais em seus alunos, porém, estes são considerados ganhos secundários”.

Muitos pais com crianças que se enquadram dentro do espectro do autismo, por exemplo, procuram a musicoterapia, pois, segundo as profissionais, “a eficácia da musicoterapia é amplamente comprovada em pesquisas. A música, por ter o componente não verbal, permite a criação de um canal de comunicação que facilita o engajamento e a autoexpressão. A musicoterapia contribui também para a melhora da qualidade da interação social e do contato visual, troca de turnos, flexibilização de comportamentos, compartilhamento de interesses, melhora da comunicação verbal e não verbal, assim como da atenção compartilhada e da capacidade de imitação. A musicoterapia, por meio das experiências musicais e das relações que se desenvolvem, constitui uma intervenção importante para mobilizar potenciais e funciona como um facilitador da aprendizagem, do movimento, da expressão e dos sentimentos”.

 

Pensando sempre nos nossos leitores e nas famílias, o Canal Infantil entrevistou as musicoterapeutas Lílian Coimbra e Andressa Lopes, pois muitos papais e mamães não conheciam a musicoterapia. E, agora, conseguem enxergar mais uma forma de trabalhar com seus filhos.

 

Lílian e Andressa atendem pelo e-mail: aelmusicoterapia@gmail.com

 

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