Um dos momentos mais esperados pelas mães, a amamentação pode ser um sucesso ou um verdadeiro sofrimento. Não existe uma fórmula mágica; cada mamãe e cada bebê reagem de um jeito! No meu caso, quando o Matheus nasceu, amamentar era um grande desejo e eu estava disposta a realizá-lo. Consegui amamentá-lo exclusivamente até os seis meses, quando comecei a introdução alimentar. O Matheus acordava várias vezes durante à noite para mamar, mas, como já falei aqui, eu amava (não estou dizendo que é certo, ok?). Não me incomodava em nada acordar para alimentá-lo. Ele mamou até quase um ano e meio no peito, só aí comecei a introduzir o leite de fórmula, por recomendação da pediatra.
Tenho recebido muitos e-mails com perguntas sobre esse tema! Então, entrevistei a Dr. Bruna Briones Correa, pediatra e gastropediatra, consultora de amamentação e do sono (São Paulo), que respondeu a várias perguntas. Confiram!
- O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o bebê?
Dra. Bruna: É no leito materno que encontramos os nutrientes necessários para cada fase do bebê, ou seja, o leite muda a composição conforme tanto as necessidades do bebê, quanto a fase da vida do bebê. Além disso, é no leite materno que encontramos imunoglobulinas que passam da mãe para o bebê levando imunidade ao recém-nascido.
- A amamentação deve ser exclusiva até os seis meses?
Dra. Bruna: Sim, é de extrema importância que a amamentação seja exclusiva nesses primeiros seis meses de vida do bebê. Isso faz com que haja uma diminuição de doenças como: diarreia nos primeiros 2 anos de vida, alergias alimentares, infecções de repetição. Além disso, é sabido que o estômago e o intestino do bebê não estão preparados para receber outro alimento antes dos seis meses de vida.
- Existe leite fraco?
Dra. Bruna: Não! O leite se molda às necessidades do bebê. O que pode acontecer é uma diminuição na produção materna devido há algum trauma ou alguma dificuldade na amamentação, uma dificuldade do bebê em sugar devido a alterações anatômicas ou uma má pega, entre outros.
- Existem mulheres que não conseguem amamentar?
Dra. Bruna: Sim. A amamentação, apesar de parecer fácil, não é uma tarefa simples. É necessário que a mãe compreenda o que ela deve fazer, como o bebê deve se posicionar, como ele deve pegar o peito e é imprescindível que a boca do bebê se ajuste a mama da mãe. O que acontece é que por vezes temos uma boca muito pequena para uma mama muito grande, o bebê pode ter língua presa, o que dificulta a amamentação. O bebê que não consegue amamentar bem pode gerar uma frustação na mãe, que acaba diminuindo a sua produção de leite, entre outros. É importante que as mães tenham um acompanhamento de profissionais que as auxiliem nesse momento de extrema fragilidade.
- Mulher com silicone não consegue amamentar?
Dra. Bruna: Mulher com silicone consegue sim amamentar, no geral não há dificuldade alguma. Mas deve ser acompanhada por um profissional capacitado para avaliação de outras possíveis dificuldades.
- Ansiedade e nervosismo podem afetar a produção de leite?
Dra. Bruna: Tanto a ansiedade, quanto o nervosismo podem afetar sim a produção de leite, porque eles aumentam os níveis de adrenalina na corrente sanguínea da mãe. A adrenalina faz com que haja uma diminuição no reflexo de ejeção do leite, fazendo com que a criança tenha dificuldade de conseguir sugar esse leite e acabe diminuindo assim a produção num todo. Por isso é importante que a mãe esteja calma e bem assessorada nesse momento.
- É necessário revezar os seios durante a amamentação?
Dra. Bruna: Antigamente se falava muito sobre revezamento de mama durante a mamada, porém agora sabemos que não há essa necessidade de revezamento de mama, sendo que por vezes o bebê pode mamar uma única mama e estar satisfeito naquela mamada.
- O que a mãe come pode dar cólica no bebê?
Dra. Bruna: É sabido que dieta rica em gordura, açúcares e industrializados podem aumentar sim a chance de cólica. Nos outros alimentos essa sensibilidade varia de bebê para bebê.
- Existem alimentos que ajudam na produção do leite?
Dra. Bruna: Existem alimentos que ajudam na produção de leite, porém nenhum comprovado por estudo cientifico. O que sabemos é que a mãe deve estar bem hidratada na hora de amamentar, portanto é importante que ela tome bastante água por dia, em média de 3 a 4 litros.
- Quanto mais o bebê mamar, mais leite a mãe irá produzir?
Dra. Bruna: Não há estimulo maior para a produção de leite do que a sucção do bebê. Então sim, quanto mais o bebê mamar, mais a mãe produzirá leite.
- Amamentação dói?
Dra. Bruna: A amamentação não deve doer! Porém, em alguns momentos, se há má pega ou posição, ou alguma alteração no encaixe da boca do bebê no mamilo, pode ocorrer dor. Também, no início da vida do bebê, quando a mãe ainda está se adaptando à amamentação, até a pega correta da mamada acontecer, pode doer. Mas, o ideal é que em nenhum momento a amamentação doa. Se está doendo precisa ser revisto tanto a pega quanto a posição e todo binômio mãe-bebê, já que outros fatores podem estar envolvidos nessa dor.
- Deve-se tomar sol nos seios?
Dra. Bruna: Não há necessidade de fazer preparação para a amamentação, porém se a mãe está com fissura nos mamilos é interessante que ela tome um pouco de sol nas mamas para ajudar na cicatrização.
- Amamentar ajuda na perda de peso da mãe?
Dra. Bruna: Amamentar queima em torno de 700 a 800 calorias por dia. O que acontece é que a mãe também sente muita fome. Na maioria das vezes há uma perda de peso, porém, pode haver ganho, se essa fome não for bem administrada.
- Uso de chupeta e mamadeira interfere na amamentação?
Dra. Bruna: Sim. Uso de chupeta e mamadeira em qualquer momento na vida do bebê pode interferir na amamentação, pois pode haver confusão de bico e o bebê ter dificuldade de pegar o peito. É importante saber que, em qualquer momento, essa confusão de bico pode acontecer.
A Dra. Bruna Briones Correa atende em São Paulo (Facebook e Instagram: @drabrunapediatra)
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