Durante a gestação, apesar de toda a alegria e amor que toma conta de nós, é muito comum ficarmos ansiosas, preocupadas, com dúvidas e medos.
Para que as mamães possam se sentir um pouco mais seguras, existe um profissional muito qualificado que pode ajudar nesse processo: o enfermeiro obstetra! O Canal Infantil, pensando em todas as gestantes, entrevistou as enfermeiras obstetras da FlorNascer (Fortaleza, Ceará) Vânia Souza Barbosa Alves (idealizadora da FlorNascer), Carla Nayane Medeiros de Melo e Graciele Menezes, para entender um pouco mais sobre essa profissão tão especial.
Para quem não conhece, “o enfermeiro obstetra é um profissional capacitado e preparado para prestar cuidados ao binômio mãe e filho durante a gestação, o parto e o puerpério. A presença desse profissional, principalmente quando de escolha do casal, oferece segurança, além de ser fundamental na detecção precoce de complicações que possam surgir”, explicam as enfermeiras obstetras.
Outro detalhe importante, segundo Vânia, Carla e Graciele é que “a utilização dos métodos não farmacológicos para alívio da dor pelo enfermeiro obstetra são comprovados cientificamente como métodos seguros e que acarretam menos intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e parto. Desse modo, a enfermagem tem um papel fundamental na realização desses cuidados, permitindo-os à parturiente, possibilitando o parto humanizado, ofertando à mulher a oportunidade de ter uma boa travessia deste momento tão especial, que é a chegada do filho. As práticas menos intervencionistas realizadas pelo profissional de enfermagem promovem uma assistência humanizada e de qualidade, possibilitando que o parto seja uma experiência exitosa”.
É essencial informar que esta é uma profissão regulamentada! “A consolidação da profissão de enfermeiras obstétricas e demais profissionais da classe ocorreu com a Lei no 7.498/86, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87, que dispõe sobre o exercício da enfermagem e dá outras providências. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as gestações de baixo risco, partos e puerpério de crianças saudáveis sejam acompanhadas por enfermeiros obstetras”, destacam as enfermeiras obstetras.
Mas, afinal, como é, na prática, o trabalho desses profissionais? Vânia, Carla e Graciele explicam que “a atuação vai além das rodas de gestante durante o pré-natal. Os enfermeiros obstetras são habilitados para acompanhar todo o desenvolvimento da gestação, monitorando o bem estar da mãe e do bebê, e também sabem identificar intercorrências com a mãe e/ou bebê nas quais sejam necessárias as intervenções do médico. Nossa formação nos capacita a cuidar de forma integral, bem como atuar como educadores e orientadores à família grávida. Sem contar o quanto nossa participação durante o trabalho de parto, parto e puerpério são fundamentais para auxiliar na manutenção da segurança e da saúde da família e do bebê que acabou de chegar”.
Como sabemos, durante a gestação, a mulher passa por várias fases, sentimentos e cada gestante é única! Cada pessoa lida com as situações de uma forma. Ninguém é igual a ninguém! Por isso, como afirmam as enfermeiras obstetras, “o cuidado deve ser individualizado e pautado nas necessidades que cada gestante venha a apresentar. Deve-se respeitar esta condição, orientá-la, acolhê-la em seus questionamentos e dúvidas e ajudá-la a fazer desta experiência, um marco positivo e saudável em sua vida”.
O profissional em questão também tem a tarefa de orientar as gestantes e ajudá-las a ficarem mais tranquilas para o grande momento de suas vidas. Como explicam as enfermeiras obstetras, “uma das principais preocupações é a dor do parto. Se vão conseguir suportá-la. As gestantes acabam ouvindo relatos que as deixam bastante preocupadas e temerosas com esse momento. Somos bastante interrogadas sobre o tempo do trabalho de parto, quais são as fases do trabalho de parto, com quantos centímetros o bebê nasce. Outra preocupação bastante comum é com o bebê, principalmente com o mecônio, se vai faltar oxigênio para o bebê, medo de sequelas. Essas são as preocupações mais comuns”.
Sendo assim, mamães, é muito importante que vocês tirem todas as suas dúvidas! Ouvir experiências de outras mamães é sim importante, mas ouvir um profissional é fundamental! Nem sempre o que outra mãe passou, você vai passar da mesma forma!
ACOMPANHAMENTO DURANTE O PARTO
Os enfermeiros obstetras são muito presentes nos acompanhamentos do parto. Mas, vale dizer que, “a preparação para o parto ocorre durante a gestação. Gestar é uma linda travessia de gerar onde a mulher precisa de suporte físico e emocional. É importante que ela compreenda o que lhe espera e o que esperar dela nesse momento tão ansioso e esperado, que é o parto. Então, quando a gestante entra em trabalho de parto e passa a ser parturiente, damos suporte emocional e reavivamos tudo que foi discutido, descoberto e construído antes do parto, como o plano de parto. Ofertamos os métodos não farmacológicos para alívio da dor, como banho de chuveiro quente, bola suiça, escalda-pés, musicoterapia (durante a gestação o casal é orientado e encorajado a construir uma lista de músicas a serem tocadas no momento do parto), aromaterapia, agachamento, massagens, deambulação (passeio), entre outros. Os métodos são ofertados durante todo o trabalho de parto, e incentivamos aqueles que a mulher se sentir mais confortável e mais encorajada a executar. Os métodos não farmacológicos são intercalados com pausas para descanso e ingestão de líquidos. Apoiamos o protagonismo da mulher, facilitamos esse momento que é conduzido e respeitado em todos os desejos do casal, principalmente da mulher. Tentamos interferir o menos possível, para que o casal se sinta à vontade durante todo esse momento e tudo possa sair do jeitinho que eles planejaram. Portanto, durante o trabalho de parto intra-hospitalar, damos apoio emocional e encorajamos e realizamos o uso de métodos não farmacológicos para alivio da dor, os quais ajudam, também, para acelerar o trabalho de parto. Em domicílio, realizamos, além dos métodos citados, a realização de alguns procedimentos de enfermagem que nos é permitido realizar, como: aferição de pressão arterial, ausculta fetal e toque vaginal para avaliação a dilatação”, ressaltam Vânia, Carla e Graciele.
BENEFÍCIOS
Segundo as enfermeiras obstetras, “o que temos observado na prática, e que corrobora com muitos estudos, é que a mulher se sente mais segura e encorajada para atravessar o parto normal. Construímos um vínculo de afetividade e segurança muito forte durante a gestação. E a presença de um profissional da sua inteira confiança se torna um impulso e um combustível nesse momento”.
APÓS O PARTO
“Ainda na maternidade, acompanhamos todos os procedimentos pós-parto, tanto com a mãe como com o recém-nascido. Como a atenção da família se concentra no bebê, buscamos ficar o máximo possível ao lado da puérpera, principalmente, se for necessário episiorrafia (sutura). Observamos o sangramento vaginal na primeira hora, na qual ocorre a maioria dos casos de hemorragia pós-parto, bem como o bem estar geral do binômio mãe e filho. Estimulamos a amamentação na primeira hora e só nos ausentamos do hospital quando os dois estão seguramente bem e os familiares seguros para dar o suporte que vier a ser necessário. E, também, já agendamos uma visita puerperal para quando já estiverem em casa, geralmente, a partir do quarto dia, que é quando surgem muitas dificuldades, principalmente com a amamentação”, destacam as profissionais.
Um outro ponto de destaque é que, como explicam as enfermeiras obstetras, “na consulta pós–parto, temos como objetivo avaliar o bem estar da mãe e do filho. A avaliação materna se dá por meio da verificação dos sinais vitais, avaliação da involução uterina e mamas, observação dos lóquios (perdas de sangue, muco e tecidos do interior do útero durante o período puerperal) e incisão cirúrgica ou sutura. Tudo é feito para que o puerpério, que é um momento delicado, torne-se mais leve e prazeroso”!
Elas ainda explicam que, nessa visita, “as orientações e os assuntos abordados são acolhimento à família; como conseguir amamentação bem sucedida, pega correta, posições para amamentar; técnica de retirada do leite, armazenamento e transporte do leite; solução para mama ingurgitada (com acúmulo de leite) e/ou com fissuras; criação com apego; como inserir rotina para o bebê; banho de sol; higiene e cuidados com o coto umbilical, nariz, boca, orelhas, pele e genitália; técnica do casulo como calmante e forma de evitar o estresse para o bebê; técnica milenar Shantala”.
Como podemos ver, os enfermeiros obstetras têm muito a ensinar para as mamães! Eles fazem um trabalho bem completo que pode ajudar durante todo o período gestacional, parto e pós-parto! Eu acho muito importante, durante a gestação, a mulher estar acompanhada de profissionais qualificados e que lhe passem segurança e confiança. Isso é fundamental! Já falei aqui no blog sobre os cuidados ao escolher o obstetra para acompanhar a gestação (clique aqui), por exemplo.
Mamães, a gestação é um momento único e especial! Mesmo que não seja a primeira, cada gravidez é diferente. Busquem profissionais, leiam muito, façam cursos próprios para gestantes. Enfim, curtam essa fase, pois, apesar de durar nove meses, passa rápido demais e logo vocês sentirão saudade da barriga (eu morro de saudade!).
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