Durante a fase escolar, é muito comum ouvir as crianças dizerem que as aulas são chatas, que não gostam de estudar, que querem brincar e não fazer dever de casa… Para mudar isso, tornar as aulas mais divertidas pode ser o grande diferencial para os professores que querem alunos atentos e felizes em sala de aula (e fora dela também)! A professora Sandra Fonseca é um exemplo disso! Apaixonada pela sua profissão, (ela já deu aula no colégio Pitágoras, no Iraque e há 35 anos dá aula no Instituto da Criança, em Belo Horizonte, MG), Sandra cria vários jogos para entreter e ensinar seus alunos. E, diga-se de passagem, não tem criança que não se encante por suas aulas!
Como se sabe, estar em uma sala de aula e encarar uma turma nova, não é nada fácil! Atualmente dando aula para alunos do segundo ano, a professora destaca que “todo ano, receber um grupo novo de alunos é um desafio que enfrentamos e precisamos estar abertos para conhecer as crianças sem rótulos e conhecimento prévio. Procuro não ler nada sobre o aluno antes de conhecê-lo. Depois, sim, leio o histórico que ele tem e começo a fazer as minhas observações”. Jamais se deve rotular um aluno pelo que ele apresenta em seu histórico. Todos nós mudamos, evoluímos e amadurecemos a cada dia! É importante que o professor esteja atento e pronto para receber seus alunos de forma individualizada. Cada criança é única e especial, com suas qualidades, suas vontades, suas convicções. É preciso saber respeitar e lidar com as diferenças.
Mas, existem momentos em sala de aula que todos precisam estar atentos ao professor. E, como afirma Sandra, “fazer o aluno prestar atenção é uma das tarefas também, muito desafiadora no mundo moderno, pois as crianças estão antenadas, plugadas e aceleradas. Prender a atenção do aluno exige do professor diversificar ao máximo as atividades e os recursos disponíveis, que pode ser desde uma história contada de forma diferente e interessante até os recursos da tecnologia. Para isso, o professor deve estudar, atualizar-se e, principalmente, conhecer as preferências individuais e coletivas do grupo com quem trabalha”.
E como ensinar o conteúdo e ser interessante ao mesmo tempo? Sandra tem a resposta! “Comecei a trabalhar no Instituto da Criança nos anos de 1980 e, desde essa época, a escola já trabalhava com jogos, grupos, enfim, na linha construtivista. Fiquei encantada e percebi, logo de início, que os jogos eram uma boa estratégia para alcançar objetivos pedagógicos, aproximar as crianças, possibilitar a socialização diversificando parcerias, oferecer escolhas, dar oportunidade de decisões, sem esquecer, é claro, da diversão”.
Pensando nisso, Sandra começou a criar seus próprios jogos para dar aula. Demais, não?! E olha que não é tão simples! “Alguns critérios básicos para criar um jogo é que ele seja interessante, desafiador, permita que a criança faça a própria avaliação e garanta a participação ativa de todos os jogadores envolvidos. Lembro-me bem dos primeiros jogos que criei. Eram feitos à mão (ainda não tinha computador, muito menos internet) em um corta, recorta e cola sem fim. Desenhados e coloridos com lápis de cor ou pintados com tinta. Hoje faço tudo no computador. Os jogos que crio vão desde os pedagógicos, que contemplam os conteúdos formais em Português, Matemática etc; os que abordam um assunto que está sendo desenvolvido no projeto de estudo como, por exemplo, África, Planetas, Olimpíadas e os que falam de sentimentos, nos quais as crianças são levadas a pensar, refletir e discutir valores e situações sociais que vivenciam”. Tem que ter muita criatividade e amor pela profissão! Para Sandra, criar os jogos já é natural! “A criação vem sem muito critério, brota igual água na fonte. Tenho um bloquinho que vai comigo para onde eu vou, inclusive, fica na minha cabeceira durante a noite, pois as ideias surgem e eu as anoto. Depois as desenvolvo no meu ateliê”.
No mundo atual, onde a distração é muito comum, fazer a criança prestar atenção nas aulas é, por vezes, um desafio. E o brincar pode ser o grande diferencial!
Como afirma Sandra “a brincadeira faz parte do universo infantil e, se a escola não oferecer este espaço, a criança terá pouca oportunidade de vivenciar algo que trará ganhos enormes ao seu desenvolvimento. A aula precisa ter os momentos de concentração, de silêncio, de grupos diversificados, de criação e de brincadeira. Dentro da grade semanal, o professor deve contemplar todos esses recursos e mais alguns, para atender a todos os alunos. Quanto mais diversidade de recursos, maior a possibilidade de agradar e atingir um maior número de alunos”.
Mas não pensem que os jogos, sozinhos, substituem a aula. “Os jogos são apenas uma das ferramentas que o professor tem para trabalhar. Nada acontecerá se oferecermos e acreditarmos que somente eles irão atender a essa necessidade. O bom do jogo é que ele nos dá a possibilidade de observar o que o aluno sabe dentro do assunto sugerido no jogo, como ele interage e, também, permite trabalhar com grupos de níveis próximos de desenvolvimento, onde a intervenção do professor é fundamental para que haja evolução”, destaca Sandra.
Um detalhe muito legal é que a professora também desenvolve os jogos por encomenda. Muitos pais ficam sem saber como estimular os filhos em casa, como estudar, o que ensinar. Pode-se então comprar um jogo para “brincar” com a criança. Pois é durante a brincadeira que mais se aprende! E não estou falando aqui somente de aprender as matérias escolares, mas, como bem explica Sandra, “o jogo em família permite que as crianças aprendam regras importantes de convívio, disciplina, organização, vendo os pais e irmãos reagindo, por exemplo, quando perdem ou ganham. Também é uma forma de a família acompanhar o que os filhos já sabem e como eles se comportam socialmente em um jogo. Além disso, é um momento ímpar de aproximação, de carinho e de atenção dedicados à criança, que se sentirá pertencente, acolhida e amada”.
Uma dica da professora para ajudar os pais a estimularem os estudos dos filhos em casa:
“é nas primeiras séries que se forma a rotina, a disciplina, que se cria o hábito de estudo e responsabilidade sobre suas tarefas e deveres de estudante. A família, pais e mães, precisam acompanhar estimulando, ensinando e conversando com os filhos, dando retorno de como eles estão indo nesse papel. Ler com eles, importar-se com o que eles fazem dentro e fora de casa, ir à escola para entrevistas e reuniões com professores e coordenadores para saber do filho, ouvir o que eles têm para dizer é tão importante quanto levar ao médico, alimentar e vestir. E dar o exemplo, sempre, de como cada um realiza suas tarefas de casa e do trabalho. Não é tão difícil, não é mesmo”?!
E jamais se esqueçam: brincar pode ser a melhor forma de aprender, mas é também a melhor forma de se divertir com o seu filho!
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