Na matéria de hoje, vamos falar um pouco sobre o desenvolvimento infantil. As mamães, de um modo geral, ficam super ansiosas para ver seus filhos andando, falando, brincando… Sabemos que cada criança é única e o tempo pode ser diferente de uma para outra. Ninguém é igual! É importante que isso fique claro para as mamães e os papais.

No entanto, existem alguns marcos de desenvolvimento que são considerados “padrão”!

Conversamos com a Letícia Guimarães, Terapeuta Ocupacional, com especialização em Saúde da Criança e mestranda em Ciências da Reabilitação na área de Desenvolvimento Infantil (Belo Horizonte, MG), que nos explicou sobre esse tema tão importante.

Segundo Letícia, “o bebê inicia a interação com o outro e o ambiente desde o nascimento. A voz, o rosto e o cheiro da mãe são os estímulos que trazem maior conforto ao bebê por já serem familiares desde a gestação. Mas, os ruídos, a luminosidade e outros eventos no ambiente podem provocar mudanças comportamentais no bebê como irritação, fadiga, e choro”.

Quando falamos em desenvolvimento, os principais marcos, como explica a terapeuta ocupacional, são:

2 MESES

  • quando o bebê é capaz de sorrir espontaneamente, gritar;
  • Interessa-se pela própria mão;
  • fixa o olhar em objetos com contraste de cor;
  • inicia o controle da cabeça quando carregado de pé ou quando colocado de barriga para baixo.

4 MESES 

  • quando é capaz de acompanhar um estimulo visual por 180º;
  • chama a atenção para si vocalizando ou movimentando-se vigorosamente;
  • leva as mãos a linha média mantendo-as juntas;
  • é capaz de girar o corpo para ambos os lados quando deitado;
  • quando posicionado de barriga para baixo, é capaz de suportar o peso nos antebraços e controlar a cabeça.

6 MESES 

  • o bebê está ainda mais atento às expressões faciais e sons emitidos pelo adulto e é capaz de imitar sons (ex.: carrinho);
  • volta-se para a direção de um som e ao chamado do seu nome;
  • as habilidades manuais estão se aprimorando e o bebê já é capaz de transferir um objeto pequeno de uma mão para outra;
  • já rola de barriga para cima virando de barriga para baixo e vice-versa;
  • o controle do tronco quando sentado está em ascensão.

9 MESES

  • o bebê interage com o outro dando tchau, indicando seu desejo, batendo palmas e tagarelando;
  • emite sons com combinação de sílabas;
  • são capazes de dizer ‘mama’ e ‘papa’;
  • puxa-se para ficar de pé a partir da posição sentada;
  • gira o corpo e segura objetos quando sentados;
  • engatinham.

12 MESES

  • a criança brinca com o outro compartilhando brinquedos, joga a bola e espera para recebê-la novamente;
  • já é capaz de dizer palavras simples que são comuns à sua rotina (água, nome do irmão etc);
  • tem interesse em rabiscar, explorar brinquedos de diferentes formas (batendo, levando a boca, jogando no chão);
  • quando de pé, dá passos laterais se apoiado e, algumas crianças, iniciam o andar independente.

O primeiro ano de vida do bebê é determinante para sua saúde física, emocional e mental. A partir dessa idade, torna-se cada vez mais independente e aprimora suas capacidades motoras, cognitivas e expressivas”.

No entanto, Letícia ressalta que “o desenvolvimento não é linear; é influenciado pelo ambiente e pelas oportunidades, que vão além das condições biológicas”.

Para ajudar no desenvolvimento infantil, muitos pais procuram terapeutas ocupacionais. Mas, como eles podem, efetivamente, trabalhar com o bebê ou a criança? Letícia afirma que, “a Terapia Ocupacional (TO) tem como eixo de intervenção a habilitação, reabilitação e promoção da saúde e do bem-estar em clientes com necessidades relacionadas ou não a incapacidade (AOTA, 2014). No caso do bebê, a TO atenta-se para suas ocupações que passam pelo brincar; pelas atividades de vida diária como banho, alimentação; pelo lazer; pelo sono e descanso com o propósito de melhorar ou possibilitar a participação em papéis, hábitos e rotinas em diversos ambientes como casa, escola”.

Cabe ressaltar que, antes de tudo, a criança deverá ser avaliada por um profissional para que se verifique a real necessidade de acompanhamento para a mesma. Letícia explica que “a partir de uma avaliação das capacidades da criança e da sua participação nas atividades que são esperadas ou necessárias para sua idade, elabora-se um projeto terapêutico. E, então, a TO intervém por meio de atividades que façam sentido para a criança em seu contexto e, quando necessário, propõe modificações ambientais e/ou da rotina a fim de auxiliar no desempenho dessas atividades. No contexto infantil, a TO atua em diferentes ambientes como em hospitais, clínicas, domicílio e escola/creches, e existe uma infinidade de intervenções que podem ser feitas a partir da avaliação terapêutica ocupacional. Vale lembrar que quando se trata de crianças, é fundamental o papel e envolvimento de familiares ou cuidadores, pois são eles que permanecem a maior parte do tempo com elas e são conhecedores das suas capacidades e necessidades”.

Os pais e/ou cuidadores têm papel fundamental no sucesso de uma terapia, seja ela qual for. Normalmente, as sessões variam entre 30 a 60 minutos e são feitas duas vezes por semana. Então, tudo o que é aprendido e trabalhado com a criança pelos profissionais, deve ser repetido nos demais ambientes como casa, escola, passeios. A criança faz parte de um todo! Os pais devem estar atentos para que os filhos sejam estimulados a todo momento e não só nas terapias.

Para que tenhamos uma ideia do que é feito nas sessões de terapia ocupacional, Letícia dá alguns exemplos de intervenção:

“1) adaptações de materiais escolares para crianças com alguma dificuldade de engajamento nas atividades dentro e fora da escola. Cabe ressaltar que não é necessário que a criança tenha uma deficiência física ou cognitiva para se beneficiar de adaptações, como engrossador de lápis que diminui a força necessária para preensão durante a escrita e, consequentemente, diminui a fadiga muscular e possibilita a melhora da qualidade da letra, da velocidade de escrita ou desenho, dentre outras.

2) Bebês que têm o inicio da sua vida marcado por um longo período de internação, por fatores diversos (dificuldades cardiorrespiratórias; síndromes; prematuridade; etc), são privados de um ambiente favorecedor do desenvolvimento que possibilite interação com o ambiente, com o outro; incluindo até a qualidade do sono. Bebês em internação hospitalar estão sujeitos a um ambiente ruidoso, com excesso de luminosidade e procedimentos dolorosos. Além disso, é nesse ambiente que ele também necessita aprender a se alimentar, por exemplo, pela amamentação, que demanda além das habilidades de sugar, deglutir e respirar ao mesmo tempo, que ele consiga se auto-organizar neste ambiente. A TO, nesse contexto, vai auxiliar os bebês no engajamento das atividades que são necessárias e esperadas para sua idade, como a interação social; a alimentação; o brincar por meio da oferta de posicionamento adequado que favoreça o alinhamento postural e aconchego e, consequentemente, a auto-organização; oferta de interação com o outro (mãe e/ou familiar, quando presente) e com o ambiente; oferta de brinquedos adequados para a idade. Tudo isso no intuito de aproximar, ao máximo, as oportunidades que teriam no ambiente familiar com vistas ao desenvolvimento saudável”.

É importante que os pais saibam que, desde o útero materno os bebês recebem estímulos e será assim por toda a vida!

Segundo Letícia, “esses estímulos devem acontecer de forma natural no ambiente familiar. Porém, para aquelas crianças que já foram identificadas dificuldades em algum aspecto do seu desenvolvimento, a intervenção terapêutica ocupacional inicia-se a partir da estabilidade clínica do bebê e de outros critérios estabelecidos nas instituições, em casos de internação hospitalar; para os demais, a intervenção pode ser feita tanto no domicílio quanto em clínicas especializadas desde o nascimento”.

Como sempre falo aqui no Canal Infantil, cada criança é única!

Sendo assim, quando o terapeuta ocupacional vai trabalhar com uma criança, ele irá desenvolver um trabalho em cima do que esta apresentar para ele. Não existe uma terapia única para todos! Letícia explica que “é difícil dizer especificamente o que a TO trabalha com a criança, visto que cada uma traz consigo um universo de capacidades e oportunidades diferentes. Mas, no geral, a TO tem por objetivo o sucesso da criança, independente da idade, nas suas atividades! Para isso, podem ser trabalhados aspectos do seu desenvolvimento motor, psíquico, cognitivo, social, neurológico e emocional”.

Trabalhar o desenvolvimento da criança é fundamental! Brinquem com seus filhos, estimulem, inventem atividades!

Mas, se tiverem qualquer dúvida em relação ao que esperar da criança ou se ela não estiver se desenvolvendo adequadamente, conversem com o pediatra e procurem um profissional para uma avaliação. Quanto antes procurarem ajuda, melhor será o sucesso da terapia, caso haja necessidade!

 

Se você tem dúvida sobre o desenvolvimento infantil, escreva para nós: carolina.canalinfantil@gmail.com.

 

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