Que toda criança adora água, não é novidade! Mas, você já parou para pensar que uma simples brincadeira na água pode se tornar um pesadelo? O risco de afogamento na infância é muito grande! É essencial que tenha sempre um adulto por perto, prestando atenção no que a criança está fazendo. Sim, papais e mamães, não dá para ficar apenas ao lado da piscina olhando o celular ou lendo um livro enquanto o seu filho nada. Sua atenção deve estar voltada para a criança. Além de vigiar, é um momento que você possa aproveitar com o seu filho!

E os perigos não estão apenas nas piscinas, rios, praias… Mas em qualquer água de fácil acesso como vasos sanitários, banheiras e até baldes. Você sabia que apenas três dedos de água são suficientes para um afogamento? Não podemos descuidar nem um segundo!

Conversei com a Pediatra Dra. Luiza Novis. Ela é médica, pós-graduada em Emergência Pediátrica pelo Hospital Albert Einstein (São Paulo), Consultora do Sono Infantil e Instrutora de Shantala pelo IAM (Instituto Assessoria Mamãe) e residente de pediatria do Hospital Central da Polícia Militar. Confiram o texto da Dra. Luiza, no qual ela explica todos os riscos da água na infância, quais tipos de boia usar, o que fazer em casos de afogamento e muito mais!

 

Por Dra. Luiza Novis

Quando falamos de praia e piscina e há crianças pequenas na família, logo vem uma preocupação com a água.
Alguns cuidados são de extrema importância para evitar acidentes, pois com água não se brinca!

1- Boia 
Se a criança ainda não sabe nadar, é indicado o uso de boias até ter a garantia que a criança já está 100% apta para nadar sozinha.

2) Responsáveis
Todas as crianças pequenas devem entrar na piscina acompanhadas de um responsável. E, nada melhor que os próprios pais, pois ninguém melhor que os pais para terem o maior cuidado com seu filho. Sendo assim, indico evitar de deixar com irmãos ou primos mais velhos.
Eles podem ter a supervisão de fora, mas sempre com muito cuidado (não ficar de costas para a criança, distraído com o telefone ou em conversas com outras pessoas fora da piscina ou do mar).

3) Bordas da piscina
Brincadeiras nas bordas das piscinas são um grande risco para escorregar, podendo bater a cabeça ou até mesmo cair dentro da piscina uma criança que ainda não sabe nadar sem equipamento de proteção.

4) Baldes e bacias
Brincadeiras com baldes e bacias podem parecer inocentes mas fazem parte da lista de afogamentos em criança. Cuidado!!!

5) Filtros e sistema de drenagem
As tampas e ralos são simples de serem encontrados e podem causar acidentes graves. Ao chegar, os pais devem checar a sucção dos ralos, se eles estão devidamente tampados e se os equipamentos de limpeza estão fora do alcance das crianças. É comum?
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, em 2015, 1.496 crianças de até 14 anos morreram vítimas de afogamentos, sendo esta a segunda causa de morte e a oitava de hospitalização por acidentes na faixa etária de 1 a 14 anos.

É importante lembrar que os perigos estão em ambientes familiares, piscinas, baldes, banheiras, poços, mares, represas, piscinas e rios. 
Para uma criança que está começando a andar, três dedos de água já são o suficiente para o afogamento. 

Água e os riscos: 
⁃ Veja a qualidade da água
⁃ Veja se há excesso de cloro
⁃ Veja a forma de manutenção
⁃ Doenças podem ser transmitidas pela água, por isso a vacinação deve estar em dia.

Tipos e modelos de boias: 
⁃ Boias de pescoço são as menos indicadas, pois a criança pode escorregar por baixo.
⁃ Boias de braço podem ser usadas por crianças de 2 a 10 anos. Ponto positivo é que força a mudar a posição do corpo. A criança pode ficar de pé, sendo uma boa opção para os pais que não querem ficar com a criança no colo o tempo todo, porém limita os movimentos dos braços.
⁃ Boias de sentar em cima podem ser usadas em qualquer idade, desde que haja um adulto junto, segurando o material o tempo todo. As maiores, com mais de um metro são mais indicadas para crianças um pouco mais velhas. Lado negativo: atenção!!! São perigosas pois não oferecem equilíbrio.
⁃ Coletes kids podem ser usados quando a criança já sustenta o tronco. Recomendado até 7 anos. Peso de até 25kg.
⁃ Boias com buracos na perna podem ser usadas por pequenos de 1 a 4 anos, mas também está na lista de menos indicadas, pois quando a criança é colocada na boia, fica com a perna presa. Como ela não está equilibrada, joga o corpo para frente ou para trás, podendo virar uma cambalhota.

Cuidados dentro de casa:
⁃ Mantenha portas de acesso a banheiros e lavanderias fechadas.
⁃ Guarde baldes e bacias virados para baixo. Se precisar que algo fique de molho, não deixe ao alcance da criança.
⁃ Tampa do vaso sanitário deve estar sempre fechada, quando não com trava de segurança.
⁃ Quando o banho do bebê acabar, esvazie a banheira e sempre supervisione as brincadeiras com água (piscina, banheiras, mangueira, bacias ou mar) mesmo que a criança saiba nadar.
⁃ Adquira o hábito de manter uma mão sobre o bebê enquanto estiver na banheira. Se ele afogar, em 2 minutos perde a consciência e em 4 minutos causa lesão cerebral irreversível.
⁃ Utilize bases antiderrapantes na banheira.
⁃ Mantenha cisternas e caixa d’água fechadas. Nunca utilizar para banho ou brincadeira.
⁃ Piscinas devem ter cercas e portões de no mínimo 1,5 metros de altura.
⁃ Capas e alarmes de piscinas não são suficientes para evitar afogamento.

O que fazer: 
No caso de afogamento, a primeira coisa é resgatar a criança enquanto outra pessoa solicita o socorro médico.
Veja se a criança está respirando. Se estiver, coloque-a de lado para expelir a água que bebeu.
Se não estiver respirando, aplique a respiração boca a boca e massageie o tórax.
Procure deixar a cabeça da criança em uma posição mais baixa que o peito para evitar que se afogue com o próprio vômito e aqueça a criança com cobertores.

Lembrando que isso é quando a ajuda médica vai demorar para chegar. Pois deve ser solicitado ajuda médica de imediato.

Ao chegar ao hospital é muito importante relatar todo o acontecimento detalhadamente.

Caso dos meninos da Tailândia
Em relação aos meninos na Tailândia, que ficaram presos na caverna, é importante salientar que não é preciso se preocupar com o mesmo acontecimento no Brasil… pois aqui não acontecem terremotos, nem tsunamis. Parques famosos e estruturados como o PETAR em São Paulo, e outros no Brasil, recebem visitantes há décadas sem nenhum problema. A Tailândia é um país com desastres naturais frequentes. E, portanto, é melhor tomar cuidado ao se aventurar por lá. Mas caso não vá para tão longe, as cavernas são oportunidades seguras de ensinar aos pequenos sobre a geografia e formação do local. Sempre acompanhados de um profissional responsável e acostumado com a situação, para evitar imprevistos!

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