Muitas mamães me perguntam sobre a alimentação vegetariana ou vegana na gestação. Hoje é bastante comum termos mulheres que optam por uma alimentação sem produtos de origem animal. Mas, será que faltam nutrientes para elas (e seus bebês) quando estão grávidas? Conversei com a nutricionista Camila Pavam, que me enviou um texto sobre esse assunto. Confiram!
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) define o vegetarianismo como um regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. Já o veganismo ou vegetarianismo estrito é a não utilização de nenhum produto de origem animal na sua alimentação.
Porém, o veganismo vai além das questão alimentares. É considerado um estilo de vida que presa pelo não consumo de qualquer produto que gere exploração/sofrimento animal ou desequilíbrio ambiental.
Existem inúmeras razões que motivam as pessoas a se tornarem vegs: saúde, ética, respeito pelo meio ambiente… São princípios que vão além da dieta, dos nutrientes e que têm inúmeros benefícios à saúde, quando feitos de maneira adequada e orientada por profissionais atualizados conscientes.
Durante a gestação, mais especificamente, as necessidades nutricionais são aumentadas e, geralmente, faz-se necessária a suplementação nutricional tanto para mulheres onívaras quanto para as vegetarianas. A diferença da suplementação das gestantes vegetarianas, muitas vezes, está mais na origem do nutriente (vegetal/alga) e tipo de produto (algas/vegetais), pois as necessidades tendem a ser parecidas com a das onívaras, ressalvando apenas as individualidades de cada organismo.
O cuidado com o suporte nutricional na gestação deveria ter o mesmo peso para todas as gestantes. Mas existe uma atenção maior entre o público veg muito devido a crença social da deficiência de vitaminas nos vegetarianos. Um dado curioso que exemplifica bem isso é a hipovitanose de B12. Cerca de 60% dos vegetarianos têm deficiência de B12 e, aproximadamente, 50% dos onívoros também. Ou seja, ambos os grupos precisam de tratamento nutricional. Percebe como não se justifica uma recomendação exclusivista ou terrorismo nutricional sobre os veganos?!
De modo geral, o ideal seria que, antes de engravidar, todas as mulheres fizessem um acompanhamento nutricional para atingir níveis bioquímicos ótimos, para potencializar suas reservas nutricionais para esse período (sublime) de demandas aumentadas. Assim, estaremos transmitindo saúde para as gerações futuras.
Por vezes, no consultório, as gestantes relatam uma aversão à carne, especialmente a vermelha. E, eventualmente, acaba sendo um possível gatilho para o início do vegetarianismo. Não é um relato incomum e também não deve ser motivo de preocupação. O importante é aprender a fazer substituições. Uma dieta vegetariana não deve ser apenas uma alimentação sem carne. É preciso incluir, enriquecer e, algumas vezes, suplementar.
Para mim, em um cardápio vegetariano a palavra de ordem é densidade nutricional. Se saiu do prato um pedaço de carne, vamos precisar, ao longo do dia, incluir um volume nutritivo maior, gorduras boas e croque-croque proteico. Ou seja, cada refeição deve ser aproveita como oportunidade para incluir nutrientes por meio de alimentos nutritivos como semente (descascadas) de abóbora ou de girassol, abacate ou azeite e muitas hortaliças (frutas, legumes e verduras), especialmente, folhas verdes escuras.
Uma alimentação saudável é aquela que nutri corpo e alma. Que nos permite aliar sabor e saúde, proporcionando bem-estar físico e mental a partir de uma boa nutrição.
E a Camila vai dar uma palestra sobre esse assunto no próximo dia 16, em Juiz de Fora. Quem puder ir, vale a pena!