A matéria de hoje é sobre um livro super bacana: “TEM CABIMENTO?”, da Editora do Brasil. Escrito por Andrea Viviana Taubman e Marcelo Pellegrino, o livro ensina para as crianças, de forma simples e lúdica, as noções de quantidade, tempo e espaço usadas no dia a dia.

Sabemos que medir não é lá algo muito fácil! Conhecer o significado de um punhado, uma pitada, daqui a pouco requer muita atenção e uma boa dose de criatividade. E foi isso que os autores fizeram! Criaram um livro cheio de poesia, humor e mostraram que a medida certa é encontrada, muitas vezes, escondida em conceitos difíceis de medir!

E não posso deixar de falar das ilustrações fantásticas do Guto Lacaz! Com certeza, tornaram o livro muito mais divertido! Vale a pena conferir!

Para conhecermos um pouquinho mais da história por trás do livro, entrevistei os autores que me contaram tudo sobre o “TEM CABIMENTO?”.

Andrea e Marcelo se conheceram em Teresópolis. Ela é formada em Química e mãe de dois filhos (Gabriel e Thiago) e ele professor de Ciências e Biologia, pai de três filhos (Mariana, Izabela e Filipe). Os dois formam um casal super divertido e apaixonado pelo mundo infantil!

Mas, afinal, como surgiu a ideia deste livro? Marcelo e Andrea contam que foi durante uma brincadeira, na cozinha de casa, em uma manhã de domingo.

Marcelo – Ficamos brincando com o hábito de medir de um, e o de não medir do outro. Andrea é química e, por hábito de formação, mede tudo, quantifica todas as coisas e eu sou biólogo, admiro o caos como elemento formador da vida, na verdade, uma desculpa para fazer tudo de olho e não medir, apenas usando punhado, um pouquinho, um copo quase cheio… Fica difícil recriar as receitas, mas no final dá certo, e ela cozinha muito bem, melhor do que eu.

Andrea – O livro surgiu de uma brincadeira nossa, na cozinha de casa. Marcelo é biólogo de formação acadêmica e professor de ciências e biologia. Eu sou bacharel em química. Na prática, isso significa: eu cozinho com balança e copo medidor, rigorosíssima nas medidas (como fui acostumada a fazer na faculdade!). Ele não mede nada, vai tudo de olho mesmo. Marcelo cozinha muitíssimo bem e eu vivo pedindo as receitas… mas ele só sabe dizer que colocou “um punhadinho”, “um tantinho”; enfim: a química que me habita enlouquece com as medidas inexatas do biólogo! Foi nesse clima que nasceu “Tem cabimento?”, da graça que achamos um do outro na forma de medir o mundo.

O objetivo do livro, segundo Marcelo, é “brincar com as medidas e noções de tamanho e quantidade. Para as crianças, essas noções são abstratas, pois o que escapa da possibilidade de ser comparado com o tamanho do seu corpo fica incompreensível. Tempo é algo misterioso, a vida dela é dividida em conhecimentos empíricos concretos e quando se fala com a criança sobre o amanhã, sobre o ontem, quando identificamos o tempo com nomes e chamamos de horas, dias, meses, ou a distância que ganha um tamanho enorme, isso foge da sua capacidade. Brincar com isso, aproxima a criança desse conhecimento”.

Andrea explica que “o livro busca apresentar as proporções de uma forma lúdica para as crianças brincarem com essas medidas, que para elas são tão difíceis de entender. As crianças ‘confundem’ o tempo (é comum ouvir as crianças dizerem: hoje já é amanhã?; ontem vou na casa da minha avó); o mundo é desproporcional para elas (se pararmos para pensar, quase nada é feito para o tamanho delas – usam cadeirões para alcançar a mesa, banquinho para alcançar a pia e escovar os dentes). É uma forma gentil e divertida de preparar a emoção dos pequenos para a abstração que será necessária depois para as aquisições dos conceitos matemáticos”.

Ter o dom de escrever já é fantástico! Escrever para crianças então! Como é bom poder passar um pouco de conhecimento para aqueles que estão começando em sua caminhada pela vida! Para Marcelo e Andrea, os filhos foram um dos estímulos na hora de escrever para o mundo infantil. “Meus filhos foram o gatilho e a inspiração inicial para eu começar a escrever literatura infantil. Quando escrevi meu primeiro livro, já tinha 22 anos de formada e 25 de trabalho na área técnica”, afirma Andrea. E como destaca Marcelo, “os filhos crescem, os leitores crescem, mas sempre haverá leitores infantis para os quais os livros foram escritos e, com  isso, mantemos uma ponte com as crianças que um dia os filhos foram”.

E não é só isso! Como explica Marcelo, escrever para o universo infantil “é muito divertido e exige responsabilidade sobre o conhecimento e informação que é transmitida para a criança. Você se revê em sua infância e deixa que sua criança ria do que foi escrito. Escrever para o mundo infantil é olhar para dentro, uma viagem de introspecção e diversão”.

Para Andrea, “é um exercício de alegria, de escavação de memórias afetivas, de acolhimento da minha criança. Escrevo as histórias que gostaria de ter lido na infância. Fui uma menina cheia de inquietudes, muito perguntadeira e questionadora”!

Autores de vários livros, Marcelo e Andrea têm verdadeiro amor pelo que fazem. “Tenho outros nove livros publicados de minha autoria exclusiva; mais um em parceria com Marcelo e o caçula Thiago; e uma adaptação do Dom Quixote de Cervantes, em que contribuo com a versão em espanhol e a escritora Telma Guimarães com a versão em português”, conta Andrea.

E será que virão mais livros por aí? Tomara que sim!

Como sabemos, os livros ajudam muito no desenvolvimento das crianças. Ler é fundamental! Como destaca Marcelo, “Além da questão básica do vocabulário, da leitura e da escrita, o livro infantil apresenta um mundo sem muitas barreiras, colorido e divertido, potencializador do uso da imaginação. Uma criança leitora, ou ouvinte da leitura que os pais fazem, percebe melhor a sutileza das intenções e cria um repertório maior para decifrar a vida.  Cada livro contribui para que a criança monte a sua Pedra de Roseta”.

E Andrea diz mais: “a contribuição da literatura na infância é vasta e diversificada. Poderia escrever horas sobre este assunto, falar do quanto as crianças aumentam o vocabulário, desenvolvem a capacidade cognitiva e a imaginação. Mas vou ficar com a parte que mais gosto: a criança tem dificuldade de se entender emocionalmente. Falta experiência, falta léxico. As histórias contadas nos livros ajudam a resgatar as crianças de sua solidão emocional. São tantos mistérios que a vida tem e, quando somos pequenos, achamos que aquela angústia é só nossa, mais ninguém passa por essa dificuldade. De repente encontramos emoções similares nos personagens do livro; nos vemos representados ali. E isso pode mudar toda a nossa história”.

Então, papais e mamães, leiam para os seus filhos! Montem uma pequena biblioteca, comprem e troquem livros, ajudem seus filhos a adquirirem o gosto pela leitura. Isso se aprende em casa e não só na escola! Ler é viajar por mundos desconhecidos e descobrir sentimentos; é encontrar pessoas imaginárias e vê-las refletidas em seus amigos; é querem ir em busca de um novo caminho, querer se encontrar. Enfim, ler é ter a felicidade nas mãos!

 

* Livro enviado pela Editora do Brasil.

 

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