Se tem algo que incomoda muito e deixa os pais de cabelo em pé é um filho com sinusite! Infelizmente, quase todas as crianças terão alguma doença alérgica ou respiratória alguma vez na vida (ou várias vezes). Mas, o que muitos pais não sabem, é que existe tratamento e, o melhor, sem aquele monte de medicamentos!

O Canal Infantil entrevistou a Dra. Valéria França Costa (Crefito 23414-F), doutora em educação, mestre em clínica médica, fisioterapeuta e especialista em fisioterapia respiratória (Belo Horizonte, MG), para entender mais sobre como pode ser feito o tratamento da rinossinusite.

Dra. Valéria França Costa

O QUE É

Segundo a Dra. Valéria, “a rinossinusite é caracterizada pela inflamação da mucosa do nariz. É chamada de RINOSSINUSITE devido a quase impossibilidade do acometimento dos seios paranasais sem que haja a inflamação também na mucosa nasal”.

CAUSAS

“A rinossinusite é consequência de processos infecciosos virais, bacterianos, fúngicos e pode estar associada à alergia, polipose nasossinusal (processo inflamatório crônico da mucosa nasal) e disfunção vasomotora da mucosa; pode ser desencadeada por exposição a agentes químicos ou alimentares nos indivíduos alérgicos”, destaca a Dra. Valéria.

SINTOMAS

A rinossinusite pode apresentar inúmeros sintomas (muito) desagradáveis ou até não apresentar nenhum! Na maioria dos casos, como explica a Dra. Valéria, é possível notar “obstrução nasal, rinorreia anterior ou posterior (secreção nasal), dor ou pressão facial, redução ou perda do olfato; secreção mucopurulenta drenando do ouvido, edema obstrutivo da mucosa no ouvido. Em crianças pequenas pode ocorrer drenagem de secreção ocular, perda do apetite e irritabilidade. Porém ela poderá ser assintomática também”.

Faço aqui um alerta aos papais: caso a criança tenha qualquer dos sintomas citados pela Dra. Valéria, é muito importante buscar ajuda médica. Jamais dê qualquer medicamento sem orientação de um profissional. No entanto, sempre que possível, procure primeiro entrar em contato com o pediatra que já atende o seu filho, pois é ele quem conhece todo o histórico da criança (clique aqui e leia a nossa matéria sobre como escolher o pediatra do seu filho). Levar em Pronto Atendimento é importante em casos de urgência e quando o pediatra não está disponível. Mas, cada vez que você leva o seu filho, ele é atendido por um médico e, por serem consultas breves, a chance de receitarem antibióticos é grande, pois existe o risco de piora do quadro apresentado. Porém, em alguns casos, é possível um tratamento sem antibiótico!

A Dra. Valéria ressalta que “atualmente, existe uma vasta oferta de antibióticos separados por grupos e para cada medicamento existem riscos tais como: ototoxicidade, que pode levar à surdez; nefrotoxicidade (afetar os rins); hepatotoxicidade (afetar o fígado); dentre outros riscos à saúde. Existe também o risco de seleção dos micro-organismos, que estão cada vez mais resistentes aos antibióticos, o que diminui a escolha de um nos casos de real necessidade. Além dos antibióticos, observamos em consultório, o uso excessivo de corticosteroides, que têm vários efeitos colaterais entre eles a redução do crescimento, outro risco que nos preocupa. Lembramos que nem todos os episódios são por infecção bacteriana e que os antibióticos são indicados nos casos deste tipo de infecção, assim, um outro malefício que devemos considerar é o custo desnecessário na compra destes fármacos”.

A Dra. Valéria ainda alerta: “acho pertinente ressaltar que a procura pelos pronto atendimentos, nestes casos, é a principal causa de prescrições equivocadas, seja pelo pouco tempo para avaliar a criança, pela escassez de recursos diagnósticos ou por não ter especialistas nesses locais”.

Mas, para quem procura uma alternativa aos medicamentos, existe sim um tratamento e, como afirma a Dra. Valéria, muito eficaz! Especialista em fisioterapia respiratória, ela explica que “essa é uma especialidade da fisioterapia que avalia, diagnostica e reabilita os portadores de afecções respiratórias e atua no âmbito ambulatorial e hospitalar. A fisioterapia respiratória é útil em todos os casos de afecções do trato respiratório tais como: bronquiolites, bronquites, pneumonias, sinusites na infância, refluxo gastroesofágico e outras afecções respiratórias”.

E tem mais, para ser um fisioterapeuta respiratório, “são necessários cinco anos de faculdade e dois anos de especialização, que pode ser tanto 100% teórica ou na modalidade de residência (40% teórica e 60% prática), com o mínimo de 360 horas na modalidade teórica e 60 horas semanais na modalidade residência, o que somam cerca de 4.000 horas”, destaca a Dra. Valéria.

Um método muito utilizado pela Dra. Valéria em seus pacientes é o Guy Poustiaux Techinique. “O Dr. Guy, nascido e naturalizado na Bélgica, demonstrou, em sua técnica, que as secreções brônquicas são mobilizadas contra a gravidade e não graças à gravidade, como tem sido admitido e que invalida a noção de drenagem postural. Essa é a grande diferença para a fisioterapia convencional. Eu tive o privilégio de conhecê-lo e capacitar-me para a utilização do método que recebe o seu nome. São utilizadas manobras de descompressão torácica que, por diferença pressórica, faz a drenagem retrógrada dos seios da face e também dos pulmões, caso seja o caso. O tratamento é guiado pela ausculta pulmonar”, explica a Dra. Valéria.

Mas, quais são os benefícios para as crianças que realizam esse tratamento? Segundo a Dra. Valéria, “a fisioterapia respiratória é um tratamento por meio de recursos físicos, assim, acredito que o maior benefício é reestabelecer a função sem o uso indiscriminado de medicações. Por fortalecer a musculatura responsável pela respiração, ela também evita o gasto energético exacerbado e também grandes perdas ponderais nas crianças. Podemos ainda considerá-la útil na prevenção de complicações secundárias às doenças pulmonares, como, por exemplo, infecções nos pacientes portadores de doenças broncopulmonares obstrutivas crônicas”.

Além de tratar a rinossinusite, infecção da qual estamos falando, a fisioterapia respiratória “trata todas as doenças pulmonares passíveis de tratamento e alivia os sintomas daquelas que são crônicas ou irreversíveis, a exemplo da fibrose cística (doença de fator genético)”, relata Dra. Valéria.

Em suma, pode-se perceber que “a fisioterapia respiratória pode ser considerada como a tríade: prevenção – tratamento – reabilitação”, conclui a fisioterapeuta.

PISCINA PODE CAUSAR IRRITAÇÕES NAS VIAS AÉREAS DAS CRIANÇAS?

Essa é uma pergunta que muito preocupa os pais, ainda mais agora no verão. A Dra. Valéria explica que “o cloro é um grande alérgeno que, além de desencadear as crises nos portadores de asma, pode promover uma inflamação na mucosa nasal, favorecendo as infecções. No caso de água salinizada e/ou tratada com ozônio, esse risco é desconhecido na literatura e, até então, eu não tenho conhecimento de que seja um risco às inflamações. Dos três tratamentos (cloro, sal e ozônio), eu sempre recomendo o tratamento com ozônio ou a água salinizada. A água clorada deixamos para as crianças maiores sem agravos de saúde”.

DICAS

Se o seu filho sofre com a danada da rinossinusite ou outra “ite” qualquer, calma! Segundo a Dra. Valéria, “apesar de os pais ficarem ansiosos e procurarem atendimento de urgência precocemente, nenhuma dessas situações é considerada uma urgência médica. Então, eu os aconselho a primeiro terem calma, reduzirem a febre com banhos, compressas e procurarem por atendimento especializado”.

Ela ainda destaca que:

– “deve-se evitar o uso de sprays e lavagem caseira dos narizinhos, pois pode agravar o quadro ou até mesmo infectar o trato respiratório caso o frasco esteja contaminado e

– o mais coerente é que as crianças tenham um só médico que os atendam e que somente utilizem antibióticos e corticosteroides sob rigorosa avaliação, o que nem sempre é feito em pronto atendimentos”.

Segundo a Dra. Valéria, “no Brasil, ainda não se tem o conhecimento necessário do trabalho e das técnicas da fisioterapia respiratória, assim, eu recomendo uma avaliação com esse profissional, que é totalmente autônomo e que poderá auxiliar, e muito, os pais e as crianças em vários casos”.

 

O Canal Infantil já falou sobre OTITE e ALERGIAS RESPIRATÓRIAS. Confiram também!

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