Este é um tema que muito preocupa! Meu filho não come! Meu filho come mal! Meu filho não é saudável! As queixas são muitas e muito comuns entre as famílias. Mas isso pode mudar! Para tudo tem uma solução.

Fizemos uma entrevista super legal com a nutricionista materno infantil, Letícia Oliveira (Nutriniños, Belo Horizonte, MG) que vai nos ajudar muito! Confiram!

 

Hoje, muitas mães procuram nutricionistas na fase de introdução alimentar (aos seis meses) para começar, de forma correta e saudável, a alimentação dos filhos. “O ideal é que as mães se preocupem, realmente, desde o início. Fazendo a educação alimentar, você não precisa fazer a reeducação alimentar”, explica Letícia. Mas, sabemos que nem sempre é assim. Como podemos fazer então?

Para começar, como destaca Letícia, “trazer uma relação afetiva desde o primeiro contato com o alimento, na sua forma in natura, a partir dos seis meses, que é quando inicia-se a alimentação complementar, é importante”. O bebê precisa “gostar” do alimento. Além disso, o tempo entre as refeições não deve ser motivo de desespero. Nós, adultos, temos o hábito de comer a cada três horas. Mas, para as crianças, esse intervalo de alimentação é relativo. Letícia explica que “no início da vida, quem define os intervalos é a própria criança, de acordo com o apetite dela. Muitos pais acham que a criança tem que almoçar às 11 horas e jantar às 18 horas. Mas não! Tem criança que tem apetite para almoço às 13 horas, por exemplo. Cria-se uma rotina de acordo com a criança. O ideal é que não ultrapasse três horas sem comer, podendo comer até a cada uma hora e meia”.

As principais refeições do dia são o almoço e o jantar, por isso, é importante que os nutrientes necessários estejam presentes nessas refeições. “Vale lembrar que não precisa ser no formato de um almoço brasileiro (arroz, feijão, carne, salada), pode ser de acordo com o hábito da família, inclusive um lanche, desde que tenham todos os nutrientes importantes. Já tive no consultório famílias japonesas, francesas, que os hábitos são diferentes, mas suas refeições contém tudo que precisa”, afirma Letícia.

Outra preocupação muito comum entre os pais é com relação a novos alimentos.

Muitas crianças não aceitam experimentar nada! Isso causa pânico nos pais. Como ressalta Letícia, o mais importante é descobrir o motivo da não aceitação. Ela explica que “muitas crianças não têm exemplo dos pais ou possuem uma alimentação muito monótona de cores, o que faz com que ela não aceite cores novas. É preciso avaliar cada caso, pois existe uma questão comportamental”. Uma dica muito bacana da nutricionista, para ajudar os pais a estimularem os hábitos saudáveis na criança é “levar a criança para a cozinha, fazer com que ela participe do processo de produção e de higienização até arrumar a mesa e levar os alimentos para servir (dependendo da idade da criança, claro). Além disso, levar à criança ao supermercado para ajudar a escolher os alimentos e pedir que ela participe da escolha do cardápio da refeição do dia (você prefere cenoura ou beterraba, por exemplo), também é muito eficiente, pois estimula que criança tenha autonomia para escolhas saudáveis e faça a experimentação”. Só um detalhe: nunca diga a seu filho que ele está experimentando. Não use essa palavra, pois ele cria resistência! Faça tudo ser divertido! Letícia conta que, durante as aulas de culinária com crianças, ela pergunta se está faltando sal na comida, por exemplo. “Com essa brincadeira, a criança experimenta sem perceber”, afirma.

É muito importante educar os filhos para a alimentação saudável! Muitos pais costumam substituir refeições. Se o filho não almoça, dá um outro alimento; se não janta, dá mamadeira; e por aí vai! Cada caso deve ser avaliado individualmente. Porém, Letícia explica que “a partir do momento que se definiu que aquele é o horário da criança comer salada, arroz, feijão e carne, por exemplo, deve-se insistir naquela refeição e não substituí-la por um biscoito ou por uma fruta. Isso é uma questão organização. Pois, até para ela entender a sensação de saciedade e fome, ela precisa de rotina. Se ela tem uma vida completamente desregrada, cada dia ela almoça em um horário, hoje come biscoito, amanhã o almoço; nada vai funcionar na vida dessa criança, seja na alimentação, na escola, na escovação de dentes. Ela ficará completamente perdida”.

O que os pais devem fazer então é, se o filho não almoçou, tudo bem; mas ele vai aguardar a próxima refeição, que é o lanche da tarde. “Claro que, nesses casos, os pais devem adiantar um pouco o lanche, mas dar os alimentos conforme a próxima refeição. Os pais são os educadores”, destaca Letícia.

O que muitos não sabem é que estimular a criança a fazer as refeições à mesa pode ajudar, e muito, para que ela coma melhor!

Como mãe, sei que tem horas que é muito mais fácil dar comida para o filho em frente à televisão ou correndo atrás da criança. Apesar de parecer que a criança come melhor assim, não é o certo a fazer. Letícia faz um alerta: “essa forma de alimentar seu filho pode ser boa a curto prazo, mas a criança vai sempre testar os limites dos pais e chega uma hora que ela precisa ser educada para ir para a mesa. É essencial que o momento da refeição e o ambiente sejam agradáveis, com conversas entre a família; que a criança tenha autonomia para comer sozinha, escolher o que vai servir no prato”. Pelo menos em uma refeição do dia e aos finais de semana, separe um tempo para comer com seu filho, conversar, sentir o prazer da alimentação. Lembre-se sempre: a correria do dia a dia não combina com alimentação infantil!

Como falamos muito na matéria, a autonomia da criança é algo muito importante! Para isso, é necessário que os pais deem liberdade e estimulem para que ela coma sozinha. Letícia afirma que “apesar de variar muito do perfil de cada família, o ideal é estimular desde os seis meses para que, no processo de introdução alimentar (que demora de seis meses a dois anos) os pais consigam que, aos dois anos a criança esteja comendo sozinha com tranquilidade; às vezes até antes”.

Abordamos sobre as refeições em casa. Mas, e o período em que a criança está na escola? Será que ela se alimenta bem?

É importante dizer que, atualmente, as escolas (pelo menos uma grande maioria) estão sim preocupadas com a alimentação saudável. Isso é ótimo! Letícia diz ainda que, “muitas vezes, a criança se alimenta super bem na escola, mas chega no final de semana ou nas férias e os pais liberam tudo. Não é assim! O cuidado deve estar em todos os ambientes. Além disso, é importante os pais e a escola, como instituição de educação, estarem atentos e acompanharem o que acontece dentro do ambiente escolar, pois, muitas vezes, uma criança leva um lanche saudável, mas o coleguinha não e eles acabam dividindo tudo”.

Uma dica legal para as escolas é criar momentos durante as aulas para se falar sobre alimentação; explicar o que é verdura, legume; quais são as cores, as texturas; realizar uma aula de culinária com as crianças! Já para os maiores, Letícia sugere que ensinar a pirâmide alimentar, pode ser bem legal!

Na infância, tentamos ter todo o cuidado do mundo com nossos filhos. Para isso, a nutricionista ressalta que os alimentos industrializados devem ser evitados (não só para os filhos, mas para toda a família)! “Pães e bolos de saquinhos, biscoitos recheados têm muitos componentes químicos que camuflam o paladar. Por isso é comum vermos crianças que gostam do suco de uva, mas não gostam da uva, pois o paladar não é o mesmo. Corantes, emulsificantes, conservantes trazem um paladar lapidado para eles e são até viciantes, como o açúcar, os xaropes. Tudo é feito para que se consuma cada dia mais! A indústria alimentícia é muito cruel, nesse sentido. Se as famílias conseguirem comer tudo que for mais caseiro (e aqui entra até o bolo fresquinho feito na padaria), é muito melhor”, destaca Letícia. Ela diz ainda que “cabe aos pais aprenderem a ler rótulos (no Brasil, os rótulos ainda são muito confusos e complicado) dos produtos. Um suco de uva integral pode ser super legal para se consumir, precisa apenas verificar o rótulo para ver o que tem dentro dele”.

Para finalizar, Letícia lembra que os pais devem sempre dar frutas aos filhos (de três a cinco por dia), legumes e vegetais (três cores, duas vezes ao dia), proteínas* (inclusive, peixe), lácteos*, carboidratos (podendo variar entre farinha branca e integral) e que o verdadeiro prazer das refeições não está no açúcar, no doce; mas sim em comer com a família, em um ambiente agradável, sentindo o cheiro dos alimentos.

*Lembrando que em famílias vegetarianas e veganas esses alimentos não são consumidos, devendo os pais procurar substitutos. O Canal Infantil promete escrever uma matéria sobre alimentação saudável vegana e vegetariana!

 

Dica da nutricionista materno infantil Letícia Oliveira de um cardápio saudável (lembramos aqui que é só uma sugestão, pois cada criança tem uma necessidade diferente):

 

CAFÉ DA MANHÃ: pão, queijo e uma fruta

INTERVALO MANHÃ: fruta com castanha

ALMOÇO: arroz, feijão, peixe, dois tipos de legumes (um cru e um cozido) e uma folha

Após o almoço, pode ser dada uma fruta, de preferência com vitamina C, para melhorar a absorção de ferro

INTERVALO TARDE: bolo, fruta e iogurte

JANTAR: pode ser o mesmo do almoço ou

um omelete com legumes, batata e salada ou

um sanduíche com frango e salada ou

macarrão com legumes

ANTES DE DORMIR: vitamina de leite com aveia e uma fruta ou

Iogurte com fruta e semente de girassol ou linhaça