Quando temos apenas um filho, toda a atenção dos pais e familiares é voltada para ele. Porém, quando chega um novo membro na família (o irmão mais novo), tudo muda! É muito comum os pais ficarem apreensivos com a reação do filho mais velho.
Mas, é possível minimizar o sofrimento? Ajudar o filho mais velho a entender e a receber o novo irmão? O que os pais podem fazer? O Canal Infantil conversou com a psicóloga Pollyanna Abreu que nos deu várias dicas.
Em primeiro lugar, é importante dizer que é normal o irmão mais velho sentir ciúme; o que vai variar, segundo Pollyanna, é a intensidade do sentimento. “O que incomoda o primogênito é a exigência natural de cuidados que um bebê requer. Ele perde atenção, espaço e ainda não tem conexão e ganhos com o irmão. O ciúme aparece quando a criança sente e pensa que estão tomando seu lugar, mesmo antes que o irmão venha ao mundo”, destaca a psicóloga.
Os pais devem sempre estar atentos à reação da criança para poder ajudá-la neste processo. Pollyanna ressalta que “com a chegada dos irmãos, algumas crianças expressam-se de forma mais negativa ou regridem no desenvolvimento (típicos de idades mais precoces) com o intuito de chamar a atenção dos pais e ter dedicação exclusiva. Pode acontecer de sua resposta a essa chegada do irmão mais novo ser tentar fazer com que tudo volte ao que era antes. Voltam a chupar dedo, regridem a linguagem, querem dormir com os pais, querem andar no colo, xixi na cama, comportamentos agressivos, entre outros”.
Um detalhe muito importante é que “ter ciúme e conseguir expressá-lo sem regressão e sem agressão é saudável; mas as crianças não sabem como lidar com o sentimento. Inclusive, muitos adultos também não sabem e tratam o ciúme como algo ruim”, afirma Pollyanna.
Uma dica que a psicóloga dá para os pais que é extremamente válida é: “acolha o ciúme do seu filho! O ciúme é normal, não podemos eliminá-lo; mas é possível ajudar os mais novos a conseguirem controlá-lo, compreendê-lo, fazer com que ele se manifeste em menos ocasiões e enfrentá-lo quando se sentirem “atacados” pelo ciúme”.
Para isso, os pais precisam entender que devem sempre passar segurança para o filho. Jamais o faça se sentir desprestigiado, abandonado, isolado. “Mostre para a criança que o lugar dela está guardado”, ensina Pollyanna.
Um outro fator que deve ser considerado pelos pais, é sempre “nomear os sentimentos da criança, especialmente, quando ela está vivenciando algo mais conflitante.
Nomear não é rotular!
Você não diz: ‘Filho, você é ciumento’. Você pode dizer que isso que ela sente é ciúme. A gente não lida bem com esse sentimento justamente porque nunca nos ensinaram o que fazer com o ciúme, algo que é tão humano, que todo mundo experimenta. Você pode dizer coisas como: ‘Filho, você está se comportando assim porque está sentindo ciúme. Tudo bem, sentir ciúme, todo mundo sente. Mas, o que você precisa agora para se sentir seguro? A mamãe sempre estará aqui com você! Quando você tiver essa certeza, o ciúme vai passar e você vai se sentir bem de novo’. Você pode perguntar: ‘Filho, o que você sente com a chegada da sua irmãzinha?’. Depois deve ouvi-lo, deixar que ele expresse seu sentimento, sem fazer qualquer julgamento. Deixe ele dizer e ouça! Ao invés de repreender, deixe ele se expressar; ele precisava pôr pra fora o sentimento ruim de forma adequada para que o bom possa ter lugar. Escute a criança e, a partir dessa conversa, vocês vão conseguir bolar uma solução e implementar juntas”, explica a psicóloga.
Quanto mais os pais e familiares “ajudarem a criança na busca da segurança e a pedir apoio quando sentir ciúme, as ações motivadas por esse sentimento serão muito diferentes”, afirma Pollyanna.
Pedimos à psicóloga que desse algumas dicas para os pais no intuito de ajudá-los a viver e enfrentar essa situação:
- Nunca faça comparações! Realmente, assuma a responsabilidade de não fazer na frente e não fazer “nas costas”;
- Façam programas sozinhos (os pais, ou um dos pais, e o primogênito). Um tempo de qualidade e conexão para fortalecer o vínculo e a individualidade de cada, ao invés de sempre estarem juntos, sempre compartilharem a atenção, etc. Funciona demais em momentos em que percebemos que a convivência está difícil. Faça coisas que você fazia com o mais velho antes de o caçula nascer. É disso que ele senta falta! Não é interessante dar presentes para apaziguar a crise porque seu filho vai continuar desobediente e pode entender ainda que, para toda crise, vai receber algo em troca. Saber lidar com a frustração e o sofrimento é uma lição para a vida toda;
- Chame seu filho mais velho para ajudar nos cuidados com o irmão. Ele pode pegar a fralda para você trocá-lo, por exemplo; ajudar na hora do banho, lavando o pé do irmão. Ele pode ajudá-lo a fazer compras, escolher brinquedos e até ajudar a selecionar comidas especiais para o bebê. Se você incluir o filho mais velho no processo, é mais provável que ele participe de bom grado. Mas nunca torne um filho responsável pelo outro. O filho mais velho não deve ser obrigado a ajudar nos cuidados com o mais novo. Os pais nunca devem se chatear ou brigar com a criança porque ela não ajudou.
Lembrem-se, não é fácil para muitas crianças lidar com o ciúme, com a frustração (temos uma matéria sobre este tema). Mas, para tudo tem um jeito! A criança aprende rápido e pode surpreender. Como afirma Pollyanna, “não é permanente. Se soubermos ensinar a criança a lidar com o ciúme da melhor forma possível, podemos usar essa crise como oportunidade para aprender também”.
É válido também, sempre que alguém for visitar o bebê, colocar o irmão mais velho para participar. Um exemplo é deixá-lo apresentar o seu irmão mais novo para a visita. Isso o fará se sentir importante. Para quem gosta de comemorar “mêsversário” do bebê; que tal comemorar também cada mês de irmão mais velho? Isso também ajuda a valorizar o primogênito.
Uma dica que dou para os papais que estão nessa situação é o livro “Eu adoro meu irmãozinho!”, da Editora Fundamento. Ele conta a história de uma crocodilo que ganhou um irmãozinho e não está nada satisfeita. O livro é lindo e muito lúdico! Ao ler para o irmão mais velho, vai fazê-lo se sentir importante e entender que cada um dos filhos tem o seu lugar!
Vou falar mais desse livro na próxima segunda-feira, dia 12. Tem vários detalhes que eu achei super importantes! Conto tudo para vocês! Mas, já adianto que é um livro muito especial e de grande ajuda para os papais!
Se você está passando por uma situação difícil com seu filho, escreva para o Canal Infantil: carolina.canalinfantil@gmail.com.
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