Já falei inúmeras vezes aqui no blog Canal Infantil sobre a importância das diferenças. Cada pessoa é única e, por isso, muito especial! Ser normal é ser diferente, com suas qualidades, limitações, características… Todos somos diferentes!

Mas como ensinar isso para os filhos? O primeiro passo é dar exemplo! Além disso, como boa leitora que sou, gosto sempre de um livro para ler com as crianças. E a minha dica de hoje é o “Analua”, da autora Marília Pirillo. Escritora e ilustradora, Marília já tem mais de 60 livros publicados, só de literatura infantil e juvenil, sem contar os didáticos e paradidáticos. Como escritora, já são 12 publicados.

Sua paixão pelos livros e desenhos começou cedo. “Fui uma criança tímida, quieta e cresci rodeada de adultos. Ficava muito tempo em casa, sem companhia para brincar. Adorava desenhar e ver desenhos na tevê. Tinha poucos livros em casa, mas muitas revistas ‘Recreio’, de atividades e brincadeiras para crianças. Na escola, descobri a biblioteca e me tornei frequentadora assídua! Olhava as ilustrações dos livros e sonhava de no futuro conseguir desenhar igual. Depois que aprendi a ler, o amor pelos livros só cresceu. Li muito durante toda a infância e mais ainda durante a adolescência quando descobri os sebos de livros”, relembra Marília.

Livros são verdadeiros caminhos para o conhecimento! Como destaca Marília, “um livro não muda o mundo. Mas leituras podem mudar pessoas e pessoas podem, a partir de suas ações, relações e posturas, mudar o mundo ao seu redor”.

Quando temos filhos, não há nada mais gostoso do que ficar agarradinho e ler um bom livro. Crianças adoram contar e ouvir histórias. O estímulo à leitura pode começar desde cedo. Marília ressalta que “quanto maior a capacidade leitora de uma pessoa, e não falo só da leitura de letras, mas de imagens, melhor seu entendimento de mundo. E, mais fácil, sobreviver, aprender e resolver questões. Já a importância da leitura literária (que é a leitura de ficção) está ligada ao desenvolvimento da capacidade criativa, da vivência de experiências de forma empática, do sonhar, filosofar, projetar-se. Além de ser meio de elaboração de questões emocionais e rica fonte de conhecimento (de mundo e de si mesmo)”.

Segundo a autora e ilustradora, “não há melhor estímulo do que o exemplo. Pais leitores criarão, naturalmente, filhos leitores. É preciso demonstrar interesse pela leitura. Por que conversamos sobre filmes e séries e não conversamos sobre livros? É preciso ofertar livros assim como se oferta brinquedos, e, se possível, levar as crianças com frequência para espaços de leitura como livrarias e bibliotecas. Ler para as crianças e com as crianças é um ato de carinho. É dar para elas (crianças e leitura) uma parte do seu tempo, do seu interesse e da sua atenção”.

Em seu livro “Analua”, Marília conta a história de Aninha, “uma menina única, como cada um de nós. Com algumas particularidades e muitas manias. Aninha gosta de coisas que parecem esquisitas. Ao invés de brincar na rua, prefere ver sempre os mesmos desenhos na televisão. Vive no mundo da lua e é cheia de imaginação. De tanto ouvir que é aluada, Aninha começa a desconfiar que veio mesmo de outro planeta e é por isso que ela se sente tão ‘desencaixada’ neste mundo. Não importa para a história qual o diagnóstico de Aninha, se ela tem alguma síndrome ou transtorno – que bem poderia ser o do espectro autista ou TDAH – o que importa é como ela, Aninha, se sente e se vê: desencaixada no mundo que a cerca.  Eu dedico este livro a todas as crianças consideradas ‘fora do padrão’. Se somos todos diferentes, então somos todos iguais, não? Igualmente diversos! E viva a diferença”!

O livro “Analua” é simplesmente lindo! Aborda temas como amor, aceitação, diferenças e como devemos viver uns com os outros. Todos nós precisamos de afeto, amor, dedicação! Um diagnóstico não é destino e não torna alguém pior do que o outro, apenas diferente! Jamais podemos rotular uma criança! Já falei sobre o perigo dos rótulos. Como destaca Marília, “geralmente, nós, adultos, acreditamos que classificando e colocando um rótulo nestas diferenças, saberemos como lidar melhor com elas, mas, a verdade é que, o próprio diagnóstico clínico destas crianças é, muitas vezes, difícil e inconclusivo pois cada um de nós é cercado de sutilezas e incertezas. Não existe fórmula mágica, mas certo é que o amor e a aceitação sempre trazem ótimos resultados. Assim, o que Aninha e todas as crianças realmente precisam é de carinho, atenção, acolhimento e da nossa empatia”.

Marília ainda faz uma excelente reflexão: “não sei porque os seres humanos têm esse medo enorme de tudo o que é diferente e foge do padrão. Nós precisamos das diferenças para crescer e evoluir. É tão bom que as diferenças existam e que sejamos todos igualmente diferentes ou diferentemente iguais! Se não fosse assim, nosso mundo seria uma chatice! São, justamente, as pessoas que fogem ao padrão, as que causam estranhamento, aquelas que são vistas como esquisitas ou excêntricas, as que têm um olhar diferenciado, as que enxergam as coisas de maneiras diversas, as que trazem ideias novas e arejadas para o nosso mundo. Por isso é preciso desencaixar-se, ‘sair da caixinha’ para ser criativo, ousado, diferente. No fim, somos mais parecidos do que diferentes, temos muito mais em comum do que características diversas. Afinal, só para concluir, vivemos todos no mesmo planeta, precisamos respirar, nos alimentar e, claro, nos sentir amados para sermos felizes”.

Acho que é isso, né?! Vamos respeitar uns aos outros e viver a beleza das diferenças!

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