Quando nos tornamos pais, inúmeras preocupações permeiam a nossa mente: saúde dos filhos, cuidados, qual escola devo escolher, como alimentar e muitas outras questões. Mas, e com relação ao futuro financeiro desses filhos? Educamos nossos filhos para lidar com dinheiro, guardamos algum dinheiro para eles?

Pois é! Na matéria de hoje vamos falar sobre educação e controle financeiros. Estamos prestes a iniciar um novo ano; dezembro está chegando ao fim… Vamos começar a pensar (de verdade) no futuro dos nossos filhos? Quem sabe colocar esse tema como meta para 2018?

O Canal Infantil, em conversa com a pediatra Dra. Isabela Martins, da Clínica Primeiros Passos (Nova Lima, MG), descobriu que além de cuidar da saúde das crianças, ela também procura orientar os pais para o futuro financeiro dos filhos. Muito legal, não?! A pediatra escreveu um artigo no qual fala sobre a importância de educar os filhos para que eles tenham mais controle financeiro e uma vida adulta mais tranquila.

Pediatra Dra. Isabela Martins

No texto, ela destaca que são poucos os pais que se preocupam com esse assunto e alerta: “quando seus filhos começam a entender que ‘moedinhas’ já podem ser trocadas por outros objetos, é hora de começar a conversar com eles sobre educação financeira”. Além disso, a Dra. Isabela afirma que, “a criança e o adolescente que foram educados terão mais controle financeiro e uma vida adulta mais tranquila. Essa educação começa a partir do EXEMPLO de como os pais lidam com o dinheiro. Não adianta ensinar seus filhos de um jeito e fazer de outro jeito diferente. E isso vale para como lidar com dinheiro, como comer de maneira saudável, como se relacionar com outras pessoas, etc”.

Educar os filhos é muito importante, mas, para isso, é necessário que eles tenham o exemplo dos pais dentro de casa. Lembrem-se: os pais são os maiores exemplos dos filhos, os mais próximos! Pensando nisso, o Canal Infantil entrevistou o economista Rafael Mourão, CFP®, da ONE Investimentos (Nova Lima, MG), que nos deu uma visão sobre o mundo financeiro atual e como os pais podem cuidar da saúde financeira dos filhos.

Economista Rafael Mourão, CFP®

Quando falamos em poupar para os filhos, “o Brasil está atrás de outros países nesse assunto. A meu ver, tudo se resume em cultura. A importância de se guardar dinheiro para os filhos, além de ajudá-los a terem vidas com mais planejamento financeiro é que os fazem entender que, em algum momento, terá que ser feito por eles. Nos EUA, por exemplo, assim que o filho nasce, os pais emitem uma apólice de seguro de vida em nome dele e, naquele momento, comprometem-se a reter parte da renda até que o próprio filho consiga pagar com os próprios rendimentos. A cultura é instalada na família, ou seja, deixa de ser um fato isolado e passa a ser obrigação planejar a próxima geração desde cedo. Com uma educação financeira bem definida, o filho fica menos refém do meio em que convive e passa a rejeitar o consumo excessivo”, destaca Rafael.

O ideal é que, no Brasil, tivéssemos uma disciplina nas escolas para aprendermos sobre economia financeira. Quem sabe um dia! Para quem não sabe, “o exemplo mais clássico de país onde há uma forte cultura de investimento são os Estados Unidos. Lá, a cultura de investimentos é fortemente difundida desde a escola. É uma via de mão dupla, há mais oferta de produtos financeiros e, na mesma medida, há uma maior demanda por estruturas mais especializadas. Até por isso, vemos uma forte tendência de maior diversificação. Creio que isso só fortalece o mercado, mais pessoas informadas, maior quantidade de oferta e serviços cada vez melhores”, destaca o economista.

Para guardar dinheiro para os filhos, o ideal é começar o quanto antes. Rafael explica que “a primeira atitude de um pai é ter a consciência do quanto isso é importante e parte da educação dos filhos. O planejamento começa desde cedo, assim, é possível acumular montantes altos sem muito sacrifício no decorrer da vida”.

Pode, em um primeiro momento, parecer difícil guardar dinheiro; ainda mais que vivemos em uma sociedade consumista. Mas, como explica o economista, “a partir do momento em que for possível poupar renda, pode-se definir um percentual que irá para a aplicação financeira, por exemplo, todos os meses. Tudo é questão de costume e cultura e, definindo um número factível, deve-se respeitar e já considerar a renda mensal da família subtraída desse valor”.

E não pense que só é possível poupar se você tem uma renda muito alta. Rafael destaca que “um percentual de 5 a 10% da renda, por exemplo, é factível tanto para a família com altos rendimentos quanto para a de baixos rendimentos”.

Para os pais que querem fazer uma economia para o futuro dos filhos, Rafael explica quais os tipos de investimentos mais indicados. “A estrutura dessa economia vai depender muito dos perfis de investimento dos pais. A poupança, no caso, é a pior alternativa. De forma geral, qualquer outro investimento em renda fixa trará mais retornos do que a poupança. A bolsa é um ativo de risco, onde, no longo prazo, pode trazer, além dos dividendos, altas valorizações do papel. Porém, vale lembrar da imprevisibilidade que rodeia o Brasil. As aplicações em renda fixa podem ficar menos atrativas e as de renda variável mais atrativas em cenários de valor baixo da nossa taxa básica de juros, a Selic. Tendo como base a média história da Selic, sugiro a aplicação em ativos de renda fixa, como exemplo o Tesouro Direto, ou na própria previdência privada, embora tenha perdido em alguns estados o benefício da isenção do imposto de transmissão, o ITCMD. Uma outra opção seria fazer um seguro de vida para os próprios pais e incluir os filhos como beneficiários da apólice. Tem objetivo semelhante porém, os filhos acessariam o recurso apenas na falta dos pais. A vantagem é que, desde a primeira parcela, os filhos já teriam direito ao benefício total da apólice”.

Uma dica do economista para os pais que desejam investir no futuro dos filhos é a preservação do patrimônio. “Acho importante investir em ativos que proporcionem aos filhos uma capacidade de produção no futuro. A educação é o maior exemplo. Outro ponto importante é despertar o interesse desde cedo, quanto mais nova a criança estiver envolvida no cotidiano financeiro da família, mais fácil será a transição da juventude para a vida adulta”.

Educar os filhos para o futuro é muito importante! Infelizmente, o que vemos hoje, são crianças cada vez mais consumistas e adultos sem qualquer reserva financeira. No momento atual, vivemos uma das piores crises financeiras do País, mas, isso não é desculpa para a nossa falta de preparo e organização das nossas economias. É muito importante que as pessoas tenham em mente que educar os filhos economicamente é um benefício para o que eles serão no futuro!

Ah, mas a sociedade é consumista; a mídia nos leva a gastar cada vez mais! Sim, é verdade! Mas não é desculpa! Rafael afirma que, “o problema do consumismo em criança é o meio em que ela vive. E, para que isso não a afete, ou a afete menos, o ideal é começar a educá-la desde cedo. Menos presentes e mais moedas guardadas! A semanada e a mesada são fundamentais no processo da educação financeira. Não ceder aos desejos de consumo dos filhos é uma etapa muito importante, e que os mostram que a frequência do consumo de bens será definida pelos pais”.

A Dra. Isabela também dá algumas dicas para os pais para ajudar na educação financeira dos filhos:

– “Se a criança não pedir, não dê presentes caros. Para um pequeno, uma bola e um passeio na praça podem trazer mais alegria que um videogame. Se a criança pedir um presente caro, dê algumas tarefas para ela cumprir em troca do presente. Se já possuir mesada, peça para ela guardar uma quantidade do seu dinheiro, mesmo que simbólica, para ajudar na compra do presente.

– Explique que dinheiro não é infinito e de onde ele vem, e evite frases do tipo: “Mãe, você não tem dinheiro, mas tem o cartão de crédito!”.

– A partir do momento em que o filho começa a pedir dinheiro, seja para comprar um lanche ou ir ao cinema, estabeleça uma mesada. Junto com sua criança, faça um cálculo do quanto ela precisa para suprir suas “necessidades” durante o mês. Ela deverá controlar os gastos para que seu dinheiro dure durante todo o período.

– Ao levar os filhos às compras, determine um valor que eles poderão gastar ao escolher os produtos que gostariam de comprar. Assim eles aprenderão a não consumir mais do que permite o seu orçamento.

– Já na adolescência, inclua os filhos nas discussões sobre o orçamento da casa. Eles devem entender como controlar os gastos e quais são as prioridades da família naquele momento. Por exemplo, ao planejar as férias, mostre os valores que serão gastos para viajar para diferentes lugares. Se o adolescente desejar ia a um lugar mais caro, estipule alguns gastos a serem cortados para que o desejo realize”.

Se você quer guardar dinheiro para o futuro dos seus filhos, comece agora! Defina um valor mensal, dentro das suas possibilidades, e guarde. Além disso, eduque o seu filho financeiramente. Lembre-se, comece hoje o que você quer para o futuro!

 

Se você quer saber mais sobre este assunto, escreva para carolina.canalinfantil@gmail.com.

 

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