Na matéria de hoje, quero fazer um alerta aos pais da importância do brincar na infância! Nos dias atuais, só dizemos que não temos tempo para nada! E a falta de tempo não é só dos adultos, as crianças também têm tido rotinas cada dia com mais compromissos. E a hora da brincadeira? Tem ficado cada vez menor! Precisamos ter tempo para tudo! E a brincadeira tem que fazer parte da rotina diária!

Entrevistamos a pedagoga, Paula M. V. Mendes, coordenadora de Ação Educativa do Museu dos Brinquedos (Belo Horizonte, MG), que explica que “brincar é coisa séria”!

Paula Mendes – pedagoga e coordenadora de Ação Educativa do Museu dos Brinquedos

“A brincadeira pode ser algo mais complexo do que se imagina! Ela possui um impacto importante para o desenvolvimento da criança. Podemos pontuar o ‘Brincar Livre’ e o ‘Brincar Dirigido’, ambos estimulam e contribuem para o progresso de habilidades cognitivas, físicas e sócio-afetivas. Quando a criança brinca, muitas habilidades estão sendo exploradas: imaginação, relacionamento, autonomia, memória, imitação etc. Viver a infância propriamente dita e estimular os filhos no processo de criação e imaginário é uma função importantíssima da família. O brincar e os jogos infantis também podem ser instrumentos que auxiliam o processo de ensino-aprendizagem das crianças, pois elas aprendem diversas regras sociais e, a partir daí, a noção de comportamento”, afirma Paula.

Os pais têm um papel fundamental! Eles são os exemplos mais próximos para os filhos. Por isso, é muito importante que eles estejam presentes na vida das crianças e estimulem as brincadeiras, rolem no chão com os filhos, deixem-se sujar… Como ressalta Paula, “a família tem uma função essencial na infância das crianças! Muitas vezes, por medo, os adultos tendem a limitar o espaço de brincar da criança e solucionar esse problema de maneira mais prática: oferecendo a tecnologia (videogames, celulares, computadores e vídeos na TV) e esquecendo-se assim, que a criança necessita da convivência com outras crianças; e isso vai além da sala de aula, na escola. As crianças precisam explorar o meio em que vivem e nada melhor do que levá-las ao parque, pisar na grama, fazer piquenique, cabaninha em casa, jogar bola, brincar de aventura. Tudo isso sem ter que levar a criança aos shoppings (a meninada em desenvolvimento não precisa de espaços de adultos). Papais de plantão precisam promover esses momentos junto com os filhos”.

Já falei aqui no blog da importância de ter tempo para os filhos. (Confiram a matéria clicando aqui). Os pais precisam estar disponíveis alguma hora do dia! “O problema da sociedade contemporânea é a falta de tempo, os dias corridos e as famílias cada vez menores. Ter tempo para a brincadeira dos filhos não é algo tão difícil; minutos podem ser essenciais para que a criança se sinta bem e estímulos sejam sentidos de forma involuntária, além de promover a relação pais e filhos que está cada dia mais difícil”, explica a pedagoga.

Mas não basta só brincar! É preciso estimular e deixar a criança usar a imaginação. O mundo de hoje nos leva ao consumo excessivo! É claro que é legal (e até necessário) comprar brinquedos para as crianças, mas também devemos ensiná-las a fazer seu próprio brinquedo. Paula destaca que é muito importante “valorizar as pequenas ações da criança e consagrá-las como grandes acontecimentos. Assim é quando estimulamos o processo de criação da criança e damos valor à construção do próprio brinquedo, da mesma forma que acontecia antigamente: as crianças criavam seus brinquedos utilizando materiais como sementes, pedra, palha, madeira, ferro. E, hoje em dia, podemos utilizar os recicláveis, que garantem muito aprendizado e estímulos dos sentidos (táteis, visuais etc), da coordenação motora, da corporalidade, do movimento, do equilíbrio, da propriocepção e da imagem corporal”.

É triste quando observamos que as crianças de hoje não brincam tanto quanto nós (papais e mamães) brincamos. Como destaca Paula, “muitos fatores contribuem para isso: a falta de tempo das famílias, a violência das ruas, a necessidade da didática e do aprendizado conteudista das escolas. Só estamos nos esquecendo de que, o primeiro setênio (os primeiros sete anos de vida) das crianças são os decisivos e os mais importantes”.

A Teoria dos Setênios, como explica Paula, ajuda a compreender a condição cíclica da vida, em que a cada ciclo somam-se os conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio. “Dos 0 aos 7 anos, também chamado de ninho, temos a interação entre o individual (adormecido) e o hereditário. A primeira infância é uma fase de individuação, de construção do nosso corpo, já separado do da nossa mãe, da nossa mente e da nossa personalidade. Nesse ciclo, nossos órgãos físicos estão sendo formados para que sejamos indivíduos únicos. O crescimento está ligado à nossa cabeça, ao ponto mais alto, o superior, o pensar. Cabe dizer que, durante o primeiro setênio, os pais devem oportunizar o movimento livre, a corrida, as brincadeiras. Devem permitir que a criança teste e conheça seu corpo, seus limites e suas percepções de mundo. Por isso o espaço físico é muito importante, assim como o tempo dos pais e os estímulos brincantes”, afirma.

Papais e mamães, fiquem atentos aos seus filhos! Brinquem muito com eles! Tenham tempo para se divertirem. Muitas vezes, ao brincarmos com as crianças, somos nós que aproveitamos cada segundo! E fica a dica da pedagoga de algumas brincadeiras super legais para que vocês e seus pequenos curtam muito: pular corda; brincar de faz de conta; ter contato físico com terra, areia, grama; musicalização e, principalmente, o resgate de brincadeiras antigas”.

 

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