O modelo de mundo em que vivemos, torna-nos, cada dia mais, individualistas e preocupados somente com os nossos problemas. Porém, é fundamental que saibamos olhar para o lado e dar amor àqueles que são importantes em nossas vidas! Precisamos dar amor para recebermos amor! Vale lembrar que tudo o que fazemos tem consequências. Se somos pessoas ausentes, não podemos cobrar que sejam presentes em nossas vidas! Isso vale para qualquer situação. Colhe-se o que se planta!

E quando falamos em família não é diferente! Os parentes são muito importantes na nossa vida e na vida de nossos filhos! Conversei com a pedagoga Christianne Mukai, especialista em Educação Especial, que fez uma reflexão sobre como a criança reage diante da ausência de familiares. Segundo Christianne, “a família é o alicerce na vida da criança. É a primeira referência de amor, respeito e valores. É através dela que a criança descobre o mundo, cria suas referências (exemplos como espelhos) e encontra apoio para iniciar suas vivências”.

Christianne Mukai, pedagoga

No entanto, muitas vezes, alguns familiares não dão a mínima para a criança. É muito comum observarmos parentes e amigos que só aparecem na vida de nossos filhos durante um aniversário ou algum evento social. No restante do ano, essa pessoa é completamente ausente, ou seja, não visita a criança, não dá um telefonema sequer. E aí, quando a encontra quer que ela a abrace, converse… Mas não podemos obrigar uma criança a gostar de quem não é presente em sua vida! Christianne explica que, “apesar de ser parte da nossa cultura, não devem, os pais, forçar a criança a ter essa atitude. É positivo que tal gesto seja uma iniciativa da criança. E, se possível, conversar com a criança antes e falar que é educado fazer isso”.

Mas, um alerta: “a vontade da criança deve prevalecer! Os pais devem respeitar e depois tentar entender o motivo. A criança é uma pessoa, independentemente da idade, e pode não ficar à vontade com tal situação. Pode ou não existir afinidade com as pessoas para ‘ter’ que abraçá-las, afinal, se a criança gostar e se sentir bem, gestos de carinho serão automáticos”, destaca Christianne.

Todos nós gostamos de quem gosta da gente! Isso é fato! Ficamos mais ligados a pessoas que convivemos no dia a dia. Existem familiares próximos e outros muito distantes; alguns são meros conhecidos na nossa vida, visto que não os encontramos e quase não temos contato. “Não se deve obrigar a criança a receber pessoas ‘desconhecidas’ com festa. É preciso entender que, qualquer pessoa, ainda que parente, que não tenha intimidade com a criança, será tratada com menos proximidade. Obrigar aproximação, jamais! Carinho se conquista”, alerta Christianne.

É preciso entender que o amor não se compra! Não basta encontrar em um aniversário, levar presentes, mas não dar o que a criança mais busca: afeto e carinho! Isso que faz com que ela goste ou não de uma pessoa. Se seu filho não tem contato com certos parentes, mesmo que bem próximos, não o obrigue a cumprimentá-los, a conversar, a ser sociável. Christianne afirma que “de forma alguma devemos obrigar uma criança a amar alguém só por ser da família! Não devemos ensinar/obrigar a criança a gostar de alguém. Ela mesma será capaz de desenvolver esse sentimento por pessoas com as quais se sinta bem e isso é conquistado através de atenção, carinho, cuidado, empatia. Laços de sangue não são suficientes para criar amor entre as pessoas. A relação com a criança deve ser construída, regada. É preciso investir tempo”.

Sabemos que, muitas vezes, a família reclama com os pais que o filho não tem educação, não cumprimenta. Porém, na verdade, são os parentes que não dão atenção à criança. Nesses casos, “os pais devem ilustrar a situação, explicando que se a criança não tem contato, não há como ter vínculo. Os pais devem deixar claro que a criança é um ser humano e não uma marionete, com a qual podem fazer o que quiserem. A vontade da criança deve ser respeitada. O amor é um sentimento construído por uma vida e não por uma única data”, ressalta Christianne.

Se você quer que a criança se aproxime de você, invista na relação. Não basta dar presentes, seja presente! “Os melhores presentes que a criança precisa receber são “carinho, atenção e amor. Além disso, deve-se dispensar um tempo com qualidade para ela. A melhor forma de construir uma relação com a criança é através de dedicação, da proximidade; dando amor, carinho e atenção. Se a distância prevalecer, um telefonema ou uma preocupação genuína é ideal! Por isso, acredito que o laço de sangue não é a base para desmontar o sentimento para uma pessoa; o que diria para uma criança que está na fase da construção da sua personalidade”, alerta Christianne.

Os pais devem sempre incentivar o convívio social da criança com outras pessoas, sejam elas familiares ou não. Mas sempre tendo em mente que as relações são conquistadas e não obrigatórias!

Para terminar, uma dica muito importante da pedagoga: “minha dica seria conversar e refletir sobre a importância da criança nessas relações familiares. A recíproca deve ser verdadeira. A criança não sente falta do que não tem; logo, se esses parentes não fazem parte do convívio da criança, ela não sentirá falta. Os pais não devem se preocupar com pessoas ausentes e não devem forçar que a criança crie vínculos com ausentes. Fazer que a criança entenda que nem sempre é possível ter todos por perto, que ela não é obrigada a amar quem não está presente e não precisa se culpar por isso”!

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