Este é um tema que todos os pais querem saber: quando levar seu filho ao dentista! A criança mal nasce e já existe uma preocupação com a higiene bucal. Para deixar todos os papais e mamães bem tranquilos, conversamos com a odontopediatra Dra. Maria Luiza da Matta Felisberto Fernandes (Mestre e Doutora em Odontopediatria pela UFMG e Harvard University, que atualmente é professora do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva) que nos deu uma aula sobre o assunto. Confiram!!!
PRIMEIRA CONSULTA
Os pais devem ter em mente que consultas, tanto com o pediatra quanto com o odontopediatra, visam monitorar a saúde e a vida da criança. Segundo a Dra. Maria Luiza, “o objetivo do odontopediatra é acompanhar os agravos à saúde, que porventura possam ocorrer, e estabelecer um vínculo de afetividade e confiança com a família e com a criança. Aconselha-se uma visita ao odontopediatra por volta do sexto ao oitavo mês de vida se não houver nenhum quadro de emergência odontológica como traumas e fraturas, excluindo-se também as condições especiais como lábio leporino e fissura palatina, alterações morfológicas como teto labial persistente, anquiloglossias, casos de alterações do desenvolvimento mesmo benignas como cistos de inclusão, tumores benignos, dentes natais ou neonatais”. A odontopediatra lembra ainda que “existem manifestações bucais das doenças da infância, como as viroses. Se os pais se sentirem inseguros com relação às tais manifestações, também é aconselhável procurar o dentista”.
Nesta primeira consulta, como explica a Dra. Maria Luiza, dois aspectos são fundamentais: “a anamnese, para se conhecer as apreensões e dúvidas dos pais e o exame clinico bucal para o diagnóstico das características bucais e de alterações clínicas se houver”. É importante ressaltar que os pais devem conversar com o odontopediatra e esclarecer todas as suas dúvidas, pois, como afirma a doutora, “o odontopediatra não só tira as dúvidas, como também pode educar em saúde e prevenir doenças e alterações bucais relacionadas não só aos dentes da criança. Dúvidas frequentes dos pais relacionam-se à respiração do bebê e fenômenos relacionados ao processo eruptivo dos dentes decíduos, como a salivação, febres baixas, diarreias, irritabilidade, coceira. Assim como a sequência da erupção dentária, a época da erupção dentária, o uso de bicos e mamadeiras, o uso ou não de cremes dentais fluoretados”.
A odontopediatra esclarece que, “nesta primeira consulta, o exame clínico bucal visa fazer o diagnóstico de alterações clínicas bucais como cistos, freio lingual e labial, alterações na língua, respiração, arcos dentários, movimentos mastigatórios irregulares e pouco coordenados, estímulo da função mastigatória, além de acompanhar a erupção dentária, formas dos dentes, mastigação, sucção, fechamento da boca. Avalia-se e orienta-se também sobre a dieta da criança e como introduzir o uso da colher e do copo. Por volta dos seis meses, geralmente, a criança que recebia aleitamento materno exclusivo, começa a necessitar de outros nutrientes. Nesta idade são iniciadas as frutas e papas salgadas no almoço e jantar. São também introduzidas as carnes e muitas vezes uma alimentação escolar. Geram-se muitas dúvidas sobre o uso da colher. Esta deve ser estimulada pois apresenta repercussões benéficas para a linguagem, erupção dentária e padrão de respiração. A instrução e reforço ao uso do copo também é salientado a partir de um ano de vida. Deve-se reduzir o uso de chupetas e mamadeiras. Também são dadas instruções de como se proceder na limpeza da cavidade bucal e dos dentes logo após a erupção dentária. Orienta-se e aconselha-se também sobre os desconfortos advindos da erupção dentária e os recursos para alívio da criança nesta fase. O odontopediatra fica a par da dinâmica de vida daquele paciente e orienta sobre as situações que se fizerem necessárias quanto ao uso ou não de cremes dentais com flúor, e controle de hábitos funcionais deletérios como sucção de chupetas, mamadeiras e dedos. O vínculo afetivo e de confiança são estreitados entre família, paciente e profissional, o que permite muitas vezes uma motivação e intervenções favoráveis para o desenvolvimento da criança”.
Os pais, muitas vezes, ficam em dúvida se perguntam ou não alguma questão ao odontopediatra. Independente de saberem se está ou não relacionada à cavidade bucal, os pais devem se sentir à vontade para perguntar sobre qualquer dúvida que tiverem. Além disso, como destaca a Dra. Maria Luiza, “os pais também devem informar sobre os hábitos nutricionais e de higiene da criança, assim como sobre o período gestacional da criança, período do nascimento (se a termo ou não), além das condições médicas de seus filhos como doenças genéticas, problemas respiratórios, alterações hormonais e de desenvolvimento, história médica do nascimento até a data da consulta. Muitas alterações bucais como atraso na erupção dentária, falta de dentes e defeitos de desenvolvimento dentários ou bucais se relacionam com a história médica natal e pré-natal da criança”. Impressionante, não?!
PERIODICIDADE
Mas, enfim, de quanto em quanto tempo devo levar meu filho ao dentista? A odontopediatra nos explica que a periodicidade das visitas preventivas vai depender muito do “perfil de risco ao desenvolvimento de doenças bucais de cada criança”. Ela afirma que, “na infância, a doença bucal mais prevalente é a cárie e com isso características como a eficiência da limpeza, o índice de consumo de sacarose, a presença de lesões cariosas ativas na consulta inicial, em qualquer superfície e o estágio de irrompimento dos dentes decíduos e permanentes são fatores que devem ser considerados, assim como os fatores sistêmicos. Contudo, existem outras situações odontológicas que também requerem cuidados e acompanhamento como o desenvolvimento da oclusão das crianças, além de qualquer fator relacionado à saúde bucal que possa impactar a qualidade de vida da criança. Como exemplo, manchas nos dentes por defeito de formação, perdas dentárias prematuras, escurecimentos dentários, mal posicionamentos dentários, dentre outros”.
ESCOVAR OS DENTES
Outra dúvida muito comum dos pais é quando iniciar a higiene bucal dos bebês. Dra. Maria Luiza afirma que “a partir do momento que se tem qualquer parte do dente na cavidade bucal, deve-se limpar os dentes. O objetivo da limpeza é a remoção da placa bacteriana, evitando-se a irritação e inflamação gengival e a cárie dentária”. Ela destaca ainda que, “em alguns casos onde exista alteração do estado de saúde geral do paciente, a placa bacteriana pode acarretar doenças gengivais mais sérias, chamadas doenças periodontais”.
Jamais deixem de limpar os dentes dos bebês e crianças!
Mas, como limpá-los? Hoje, como explica a odontopediatra, tem, no mercado, uma grande variedade de escovas dentais e “dedeiras”, que se adaptam ao dedo dos pais para removerem a placa bacteriana da superfície dentária das crianças e bebês. Ela lembra ainda que “a limpeza deve ser feita da maneira mais cômoda pelos pais. Por isso, utilizar gazes embebidas em soro ou até a ponta de fraldas ou babetes, que são paninhos macios, também podem ser usados para esse fim”.
MUITO IMPORTANTE: “a recomendação da Sociedade Brasileira de Odontopediatria, desde 2013 é o uso de um creme dental fluoretado de no mínimo 1.100 ppm de flúor, duas vezes por dia, como coadjuvante da limpeza dos dentes de todas as crianças. Enquanto a criança não tiver condições de se cuidar sozinha, o uso de dentifrício fluoretado é de responsabilidade dos pais ou cuidadores, garantindo assim maior segurança quanto à fluorose dentária. Apenas uma lambuzadela (“grão de arroz cru”) de dentifrício fluoretado deve ser utilizada quando da limpeza dos dentes de crianças menores de 2 anos de idade. Contudo, se a criança for baixo risco de cárie, o odontopediatra vai avaliar e talvez não indicar o uso de cremes dentais fluoretados até os dois anos de idade”, destaca a Dra. Maria Luiza.
LIMPEZA EM CONSULTÓRIO
Para tomar a decisão de fazer ou não uma limpeza dos dentes do seu filho no consultório do dentista, deve-se primeiro ser feito um exame clínico pelo profissional, que vai avaliar a necessidade ou não desta limpeza. Afinal, como afirma a odontopediatra, “fazer uma limpeza profissional não é regra. O exame clínico bucal e a avaliação de índices que mensuram a qualidade do controle da placa bacteriana vão indicar a necessidade de limpezas profissionais ou não. Além do uso suplementar do flúor. Não tem sentido limpar dentes já limpos e com tecidos bucais sadios”!
Como vocês viram, a Dra. Maria Luiza explicou TUDO sobre a consulta com o odontopediatra. Agora, papais e mamães, já podem agendar um horário para os filhos e levá-los o quanto antes! Prevenir é sempre o melhor remédio!
Se ainda tem dúvidas, escreva para nós: carolina.canalinfantil@gmail.com
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