Maria Carolina ScarantiReceber um diagnóstico de um câncer ou viver a doença de um familiar não é nada fácil! Existe o choro, o medo, a insegurança, mas também a esperança, a fé, a confiança. Muitas vezes a cura acontece! Porém, nem sempre ela vem! As perdas são dolorosas e deixam marcas. No entanto, é preciso ajudar o outro a enfrentar a doença e lutar por um final feliz. Se a cura não for possível, é muito importante que a família e os médicos tenham amor e carinho por esse paciente e o ajude a passar pelo tratamento da melhor forma possível! Seja criança ou adulto, o importante é estar junto e apoiar.
Conversei com a Dra. Ana Maria Guimarães M. de Castro Andrade (CRM SP 139-883), Médica Oncologista da Oncocamp e da PUC-Campinas e Professora de Oncologia da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas. Ela é um exemplo de amor pela profissão e por seus pacientes! O médico precisa ser alguém que se doa pelo outro. O apoio em um momento difícil é um dos melhores presentes ao paciente!
Quando este recebe o diagnóstico de um câncer, “o apoio do médico e de todos os outros profissionais envolvidos no tratamento, já que o câncer é uma doença ‘multiprofissional’, é essencial! É um momento de fragilidade emocional, com inseguranças e incertezas, além da possibilidade de sofrimento físico. O paciente deve contar com o nosso apoio incondicional para conseguir superar mais facilmente esta adversidade”, afirma a Dra. Ana Maria.
Além da confiança, é muito importante que o paciente se sinta seguro com o profissional que o atende. Como explica a Dra. Ana Maria, “não existe uma relação ideal, pois cada paciente é diferente do outro. Uns preferem uma conversa mais séria, outros preferem encarar com ‘leveza’. Apesar disso, o relacionamento médico-paciente deve ter sempre respeito às individualidades de cada um e ética”. O médico precisa entender o lado do paciente e o ajudar da melhor maneira possível.
E não basta o apoio profissional, a família é a grande base para que o enfermo receba amor e segurança! É necessário estar junto, apoiar, segurar na mão e caminhar ao lado. O amor é um dos maiores remédios do mundo! A Dra. Ana Maria ressalta que, “independentemente da idade do enfermo, a família é sempre a principal responsável pelo suporte, pois, geralmente, é quem o paciente mais confia! Com o apoio daqueles que convivem mais de perto com o paciente, o tratamento certamente fica mais fácil”.
Um ponto a ser destacado é o aumento de casos de câncer na infância! Até alguns anos, não se ouvia falar em câncer em crianças, era muito raro. Segundo a médica, “grande parte deste aumento é por estarmos realizando o diagnóstico melhor e mais precocemente, porém existem também as influencias externas e ambientais (infecções, substâncias contaminantes, hábitos de vida)”.
Mas há esperança: “a maioria dos casos de câncer infantil tem cura, principalmente se diagnosticados precocemente”, destaca a Dra. Ana Maria. Fica aqui um alerta para tentarmos levar uma vida mais saudável! Não é possível evitarmos tudo, é claro, mas devemos procurar hábitos melhores, alimentos mais saudáveis.
A Dra. Ana Maria explica que “o câncer é uma doença multifatorial. A maioria dos casos é esporádico, ou seja, não-hereditário, portanto, hábitos saudáveis devem fazer parte do nosso dia a dia, como alimentação balanceada, prática de atividade física regular e evitar tabagismo (no caso dos adultos)”.
Infelizmente, muitos casos não há como curar! Neste momento, é preciso dar muito apoio à família do paciente e ajudá-la a passar pela dor. O luto precisa e deve ser vivido! E o luto não é só da família, mas também da equipe médica. “Muitas vezes, infelizmente, não conseguimos curar e ter de lidar com a perda iminente de alguém que amamos é frustrante, triste… Quando o paciente e a família confiam que tentaremos ao máximo a qualidade de vida e controle do sofrimento psíquico e físico, há um certo alento, independentemente se existe possibilidade de cura ou não”, emociona-se a Dra. Ana Maria.
Como profissional, a médica faz um alerta para as famílias que vivem um momento difícil: “procurem tratar com uma equipe multiprofissional em que você confia. Esteja sempre disponível para quem você ama e está enfrentando este processo tão difícil. Muitas vezes o apoio necessário é simples, porém eficaz: basta estar presente”. O melhor carinho que o seu familiar precisa é ter você ao lado dele! Dê a mão, caminhe junto, converse, faça uma oração, diga que o ama! A vida passa muito rápido!