Amanhã (28/04) é o Dia da Educação! E não podemos deixar de dizer que educar é cuidar, estabelecer limites, dizer não! Terminei de ler o livro “Desligue isso e vá estudar!”, do renomado psicólogo e mestre em Educação Marcos Meier. Formado também em Matemática, Marcos é pai de três filhos, comentarista sobre educação de filhos em afiliadas da Rede Globo e autor de vários livros e artigos, sendo considerado uma das maiores autoridades na teoria da mediação de Feuerstein. Essa teoria fundamenta a interação professor-aluno ou pai-filho como fator principal no desenvolvimento das crianças.

Lançado pela Editora Fundamento, “Desligue isso e vá estudar!” é um livro essencial para todos os pais! Ao responder perguntas de pais, Marcos aborda os principais temas que mais preocupam as famílias. De forma clara e objetiva, o autor consegue não só responder uma questão, mas também apresentar a teoria que a cerca. Eu realmente fiquei encantada com esse livro! Ele é indispensável! O autor perpassa por inúmeros temas como autoestima, birras, castigos, chegada do irmão mais novo, uso de computadores e internet, quando colocar o filho na escola, formação de hábitos e muito mais! É impressionante como o livro consegue ser tão completo!

Para contar para vocês um pouco mais sobre esse livro fantástico, entrevistei o autor Marcos Meier, que deu uma verdadeira aula sobre educação!

Marcos Meier

A ideia do livro “Desligue isso e vá estudar!” surgiu para ajudar (e muito) os pais. “Tenho recebido muitas perguntas por e-mail de pais preocupados com a educação de seus filhos. A maioria me pede informações sobre o uso do smartphone, pois é muito difícil controlar o uso. Percebi que o número de pais preocupados era muito maior do que imaginávamos, assim, resolvi escrever o livro respondendo a essas questões e incluindo uma série de princípios educativos que, se forem colocados em prática, tornam mais fácil colocar limites e dar uma educação de qualidade”, conta Marcos.

Cabe ressaltar que um dos maiores problemas da atualidade é a falta de limites na hora de educar os filhos! Os pais, por vários motivos, querem dar tudo aos filhos, menos dizer o tão temido NÃO. Marcos explica que “muitos pais acham que precisam ser ‘amigos’ dos filhos. E isso realmente não funciona. É preciso que tenhamos uma relação amistosa, mas somos pais e isso requer hierarquia, exercício da autoridade. Uma criança que sabe que seus pais têm autoridade e vê isso acontecer no dia a dia, é uma criança tranquila, em paz, pois não precisa competir com os pais para ocupar o lugar de ‘chefe’. Se os pais não são firmes, a criança gasta muito tempo e energia numa luta constante para vencer o posto de líder. Ou seja, ela deixa de ser criança para competir. Isso não é saudável para o desenvolvimento emocional”.

Limites são a base para uma educação de qualidade e devem ser trabalhados desde o início da vida da criança! “Um bebê de oito meses já compreende o significado da palavra ‘não’. Claro que não vai entender limites e regras, mas já reage corretamente com os nãos. Mas há um segredo. O ‘não’ precisa ter uma consequência imediata. Por exemplo, se o bebê vai aproximando sua mão a uma bolsa, não basta dizer não, é preciso agir. Diga ‘não’ e retire o bebê imediatamente. Assim ele vai incorporando a palavra e compreendendo que é algo sério, pois sempre que ouve o não, há uma consequência. Logo ele vai reagir sozinho quando dissermos o ‘não’. Mais tarde, ele agirá de forma antecipada, ou seja, nem vai mais aproximar a mãozinha da bolsa. Crianças maiores que ouvem nãos aprendem a resistir à frustração e passam a ter maior maturidade emocional que aquelas que não ouvem ‘nãos’”, ressalta Marcos.

É muito comum os pais dizerem que fazer birra é normal, é da idade. Sim, é normal! Porém, não significa que é bom! Marcos explica que “é sinal de inteligência fazer birra. Mas a birra é um sinal de que a criança já aprendeu três coisas muito ruins: manipular os adultos para conseguir o que quer, fazer chantagens emocionais e usar as pessoas para que façam o que ela, criança, deveria fazer. Ou seja, é um sinal de inteligência, mas um péssimo sinal quanto à maturidade emocional. Birra só pode acontecer uma vez. Quando a criança percebe que todo seu esforço não teve absolutamente nenhum resultado, ela muda de estratégia ou aprende de vez quem é que tem autoridade. Se durante uma birra os pais gritam, perdem o controle, se alteram emocionalmente ou, pior ainda, atendem aos pedidos birrentos, a criança aprende que é assim que o mundo funciona: manipulando para ganhar”.

Além disso, é preciso que os pais tenham regras em casa e as cumpram! Não é fácil, eu sei, mas é fundamental para que o seu filho cresça saudável emocionalmente. Um alerta feito pelo Marcos é que “os filhos que aprendem a obedecer aos pais, aprendem a conviver socialmente, pois também há regras que a sociedade precisa criar para que os cidadãos possam conviver pacífica e ordenadamente. É meio clichê, mas é verdade aquela frase que diz: ‘Só aprende a mandar quem aprendeu a obedecer’, pois no fundo é uma questão de aprender hierarquia e liderança, fatores necessários para a socialização. E os professores sabem que os alunos que os respeitam, também respeitam seus pais. Dificilmente um adolescente que aprende a respeitar e obedecer aos pais será desrespeitoso com os professores. E esse aprendizado servirá para a vida adulta”.

Jamais seja permissivo demais com o seu filho! Marcos explica que “a permissividade não traz para a criança o equilíbrio necessário entre afeto e autoridade. Quando os pais interagem melhor, exercendo a autoridade da mesma forma que criam fortes laços afetivos, permitem à criança crescer de forma mais saudável, já que saberão criticar, elogiar, oferecer desafios e incentivá-la a vencer seus pequenos obstáculos. Isso se chama autonomia! A criança que desenvolve autonomia crescerá como um adulto saudável. E a autonomia não se desenvolve sem a presença ativa dos pais”.

Um ponto que muito vem preocupando os pais é o uso indiscriminado dos celulares e internet. A tecnologia trouxe muitos avanços, mas também muitos problemas! Sabemos que a internet tem de tudo e é impossível controlar tudo o que seu filho vê. Quando você dá o celular para o seu filho e pensa: “que bom, ele não está na rua, está quietinho em casa”; na verdade você está colocando-o no mundo! Essa é uma das principais reclamações dos pais quando procuram um psicólogo.

“Pessoalmente, não atendo mais em consultório, mas acompanho colegas e os relatos mais frequentes são a respeito do uso de smartphones que, em muitos casos, chega a ser quase uma dependência, e as questões de sempre a respeito de falta de responsabilidade em relação à lição de casa ou tarefas domésticas. Um de meus livros de maior sucesso é justamente o ‘Desligue isso e vá estudar!’ que é, atualmente, uma das frases que os pais mais utilizam no dia a dia e a relatam nos consultórios como uma fraqueza: não conseguem ter sucesso com seus filhos em relação aos limites necessários para o uso saudável da tecnologia. Há um teste no livro que permite aos pais saberem se o filho já está desenvolvendo algum tipo de dependência quanto ao uso de tecnologias”, destaca Marcos.

Nos dias atuais, é quase impossível vermos crianças que não usam os equipamentos eletrônicos (celulares, tablets, televisão). Mas, Marcos faz um alerta: “o ideal é adiar o uso o máximo possível. Crianças precisam desenvolver a coordenação viso motora fina, todas as formas de expressão corporal e desenvolver os cinco sentidos. Isso amplia a capacidade da criança de perceber o mundo à sua volta e a percepção é a base da aprendizagem. E já sabemos que as crianças que aprendem bem desenvolvem o cérebro. Ao contrário, se passam muitas horas nos eletrônicos ou na TV acabam não se desenvolvendo adequadamente. A França sempre avisa aos pais antes de programas infantis: ‘Assistir TV pode frear o desenvolvimento de seu filho…etc..’. Concluindo, só dê um celular ao seu filho quando for muito necessário e evite os smartphones. Sei que não é fácil, mas estamos falando do desenvolvimento do cérebro das crianças”.

Outro ponto que muito chama a atenção é a criação de hábitos! Devemos construí-los o quanto antes! E isso vale para todas as áreas de nossa vida. Como já falei algumas vezes aqui no blog Canal Infantil, os hábitos construídos na infância têm maior probabilidade de permanecerem por toda a nossa vida.

Um dos exemplos mais comuns sobre criação de hábitos na vida dos filhos é o dormir na cama dos pais. Eu confesso aqui que o Matheus já dormiu muito na minha cama, mas tenho que concordar (e muito) com o Marcos. “Dormir na cama dos pais é muito mais uma carência afetiva da mãe ou do pai do que da criança em si. A criança tenta buscar o conforto, o calor, o carinho e o aconchego, mas se tudo isso for dado na cama dela, ela aprende a ficar lá mesmo. Mas os pais que são mais afetivos na própria cama, a criança aprende a dizer ‘tenho medo’, ‘não gosto de dormir sozinha’, ‘tem um monstro lá’, ‘tô com saudades’, ‘quero ficar pertinho da mamãe’… Se os pais dão vazão a esse tipo de argumento, acabam reforçando o fato de que a cama dos pais é realmente melhor. Pais mais participativos compreendem que o melhor lugar para a criança (e para os pais) é dormir na própria cama. Paz para todos”.

Para essa questão sobre os monstros no quarto, muito questionada sobre as crianças, Marcos ressalta “a ideia é jamais ‘tornar real’ o monstro. Muitos pais se abaixam, olham debaixo da cama e dizem: ‘Viu? Não tem nada lá. Pode dormir sossegado’. Eu não dormiria se meus pais fossem conferir, pois isso significaria que era possível que o monstro estivesse lá! O ideal é os pais falarem com voz tranquila e amorosa: ‘Filho, monstros não existem, isso é só imaginação ou fantasia dos livros, mas eles não existem’. E com tranquilidade mudar o assunto para outra coisa, de preferência que não exercite a imaginação nessa hora. Pergunte ‘foi gostoso brincar hoje?’ A criança para responder foca no passado, não precisa construir fantasias. Mas se perguntar sobre amanhã ‘o que você vai fazer amanhã? Vai brincar do que?’. Isso exercita a imaginação e o ‘monstro’ pode vir de novo. Parece bobinha, mas a dica funciona”.

Confesso que ficaria por horas escrevendo essa matéria! Aprendi tanto com o Marcos Meier. Agora é hora de colocar tudo em prática! E, para terminar, deixo aqui algumas dicas do psicólogo e mestre em Educação: “a chave para uma educação sábia, que fará os filhos serem pessoas realizadas e felizes é equilibrar afeto com autoridade. Pais sem afeto e muita autoridade são duros demais e acabam tirando das crianças a alegria de viver. Elas passam a ter medo de tudo, pois não querem errar, já que os pais exigem muito. Por outro lado, pais afetivos ‘demais’ e sem autoridade, mimam a criança que pensa ser o centro do universo.

Crianças desse tipo têm dificuldades com a frustração e são muito dependentes das decisões dos pais, do professor, de outro adulto. Não desenvolvem a autonomia necessária para o desenvolvimento integral, principalmente da inteligência. Isso mesmo, pais super protetores atrasam o cérebro da criança.

O pior de todos os perfis paternos é o permissivo, que nem exerce a autoridade nem constrói vinculo. O ideal é equilibrar afeto com autoridade, que é a base do perfil participativo. Esse perfil é o ideal para o desenvolvimento de crianças realizadas, felizes e de bem com a vida”, conclui Marcos.

É isso, papais e mamães! Vamos educar nossos filhos para uma vida emocionalmente saudável! É o melhor para todos! Corram para ler o livro “Desligue isso e vá estudar!”, da Editora Fundamento. Tenho certeza que vai virar um livro de cabeceira!

 

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