Vivemos em um mundo onde as relações humanas estão cada vez mais superficiais. As pessoas não se preocupam com o outro, não têm tempo para ouvir, para dar atenção e se tornam cada dia mais distantes. E, o pior, dentro de casa também! Sim, gente! É muito triste quando pensamos em um pai ou mãe que não possui um bom relacionamento com os filhos. Então, o que fazer? Como melhorar a relação com os filhos e torná-los mais felizes?

O Canal Infantil entrevistou a Dani Dias, Coach de Crianças e Adolescentes e Orientadora de Pais e Educadores, para que os pais possam ter consciência de como ajudar os filhos.

É fato que, nos dias atuais, muitos pais vivem sob pressão seja pela correria do dia a dia, seja pelo estresse. Mas isso precisa mudar! Como afirma Dani, “esses fatores (correria, pressão) têm impactado (e muito) nas relações entre pais e filhos. Os pais, por desejarem dar o melhor para os seus filhos, acabam dedicando um tempo maior para o serviço, para o estudo, para algo que os façam caminhar na direção de poder proporcionar aos filhos um melhor estudo, melhores atividades, melhor aconchego. Então, o pai precisa lidar com todas as pressões: dar o melhor para o filho, pressão dos outros (familiares, vizinhos), das mídias e, principalmente, com sua própria pressão que é de fazer o melhor, ser um pai melhor”.

Com tantos afazeres e preocupações, os pais, como ressalta Dani, “quando voltam para casa, já estão muito mais cansados e impacientes, o que acaba gerando conflitos nas mínimas coisas. E, da mesma forma, isso tem acontecido com os filhos. Crianças com seis anos de idade, por exemplo, já têm uma agenda lotada de atividades: escola, inglês, balet, futebol. E, quando chegam em casa, estão cansadas. Então, isso faz com que elas estejam menos pacientes e com menos vontade de fazer uma conexão com os outros. Querem só descansar”!

O pior de tudo isso, é que “os pais passam a conseguir uma condição financeira melhor; as crianças, um conhecimento maior; mas, a relação familiar vai se afastando pouco a pouco”, afirma Dani.

É importante lembrar que, desde cedo, os pais devem colocar limites e condições aos filhos para que todos possam viver em harmonia. Não é fácil, mas é necessário! Sabemos que o mundo hoje nos leva a uma vida agitada e sem tempo, mas cuidar dos filhos é fundamental! Dani destaca que “para os pais, não é fácil chegar em casa e ainda ter que criar um conflito com os filhos. É muito comum, por exemplo, a criança que só quer jantar (ou almoçar) vendo o Ipad, a televisão. Para a mãe ou o pai que já está cansado de um dia inteiro de trabalho, onde acontecem várias frustrações, quando chega à noite, a única coisa que ele quer é que seu filho coma. Então, criar um conflito para ele não comer com o aparelho eletrônico está fora de cogitação. Ou seja, os pais vão deixando as coisas acontecerem por causa do cansaço. Ah, deixa ele comer com o Ipad porque se eu for tirar ou falar alguma coisa, ele vai chorar, gritar e eu estou tão cansado para isso”.

Porém,existe um perigo nestas situações em que os pais “deixam para lá”: virar hábito!

Dani explica que “ao não querer gerar um conflito, muitas situações passam a virar um hábito, uma rotina. Muitas vezes, os pais vão precisar brigar, a criança vai chorar, mas, se o pai fizer isso uma, duas, três vezes, o problema acaba. O que acontece é que os pais costumam olhar só para o presente, isto é, se vou criar um conflito agora, é melhor deixar para lá.

No entanto, o que não percebem, é que esses hábitos que vão sendo instituídos no dia a dia deixam as crianças e os pais reféns da rotina que eles próprios criaram”!

Por isso, é muito importante começar a mudar! Criar alternativas para que nada que não seja bom, torne-se um costume em casa!

Um detalhe fundamental é entender que a família é um sistema! “Cada um tem o seu lugar, ou seja, o pai tem o papel de pai e deve agir conforme o seu papel; a mãe tem o papel de mãe e deve ocupar o seu lugar; assim, também, os filhos, que devem estar no papel de filhos. Porém, em muitas famílias, esses papéis têm se invertido. O filho tem feito mais o papel dos pais do que eles próprios. O filho passa a colocar ordem em casa, ou seja, as coisas acabam sendo do jeito que ele quer e não quer. Infelizmente, muitos pais acabam fazendo isso, principalmente pais de primeira viagem ou que têm agenda muito lotada, que vivem em uma correria, em um ambiente de estresse. Eles acabam deixando isso acontecer para evitar outros conflitos”, ressalta Dani.

Mas é aí que os pais devem entender a importância dos limites! Os filhos não podem mandar em uma casa, mandar nos pais! Como explica a coach em relacionamentos, “para que o sistema funcione, é necessário que os limites estejam presentes! Os pais devem colocar limites dentro de casa, na relação familiar para, justamente, o filho não fazer o papel de pai ou de mãe. É importante que os pais ensinem e passem regras para as crianças. A criança pede o tempo todo limite! Ela não quer estar solta! Ela quer ser sim livre, autônoma, independente, mas, quer e precisa de alguém para criá-la. E nada melhor do que os próprios pais”.

Quando falamos em limites, é fundamental que eles sejam colocados, como afirma Dani, “de forma clara, mas bem leve. Na hora de colocar regras para o filho é importante ser claro, ponderado e, de preferência, fazer um combinado”.

Cabe lembrar aqui, que educar é estabelecer limites!

Além disso, é importante que os pais tenham tempo para os seus filhos (já falei sobre isso aqui no Canal Infantil. Se ainda não leu a matéria, clique aqui)! Dani destaca que é importantíssimo o momento em família! “O pai conta como foi o seu dia, a mãe relata sobre o que fez e a criança também conta o seu dia! Isso é muito valioso! No entanto, infelizmente, esse tempo tem sido deixado de lado. Com a facilidade do acesso à internet, às redes sociais, a família tem se afastado. Muitas vezes, está o pai no celular, a mãe no celular, o filho no celular. Mesmo estando todos no mesmo ambiente, cada um está conectado em outro local, seja conversando, trabalhando, jogando, lendo matéria. Deve-se procurar, quando estiverem juntos, algo para conversar. A tecnologia veio para facilitar a nossa vida, mas tem afastado as famílias”, destaca Dani.

Na minha opinião, como mãe, acredito que tudo na vida tem os dois lados: bom e mal. Para que haja sucesso no uso das tecnologias, é necessário que haja limite! E cabe aos pais colocá-lo! Dani explica que “a quantidade de tempo que o filho vai ter acesso à internet, quais os sites, filmes, desenhos, por exemplo, são de responsabilidade dos pais”. E ressalta, “na hora do almoço, jantar não pode ser levado celular”.

A partir do momento em que são definidos os limites, as regras da casa, a família passa a ter uma maior interação.

“Pode ser que, no início, fique todo mundo assentado à mesa olhando um para a cara do outro. Mas, com o tempo, a interação vai começar e não existe preço que pague essa convivência”, destaca Dani!

O que temos que pensar quando criamos filhos é o que queremos para eles e para nós! Com certeza, queremos um relacionamento feliz, tranquilo e saudável! Mas, para que isso aconteça, precisamos reconhecer os obstáculos e enfrentá-los.

Mesmo com o aumento da correria do dia a dia, do acesso fácil às tecnologias, Dani afirma que é possível lidar com os desafios de forma muito mais tranquila e harmoniosa e ter um relacionamento feliz! “Basta que você consiga se organizar. Pode fazer isso sozinho (por meio de leituras, por exemplo) ou junto a profissionais que te auxiliem nesse processo. O mais importante é os pais conseguirem estimular as crianças a verbalizarem suas emoções, sentimentos, para que acabem os conflitos. Assim, a família consegue conviver melhor e controlar a birra, a ansiedade, o medo. As crianças passam a construir os combinados de forma muito mais leve e eles se tornam bons para ambos os lados, não apenas para os pais ou para os filhos. Então, os pais conseguem, com uma abordagem mais assertiva, gerar nas crianças maior empoderamento, independência, responsabilidade, autoestima; aumentando, assim, o comprometimento com as obrigações (escola, higiene, organização do ambiente)”.

Uma dica da coach em relacionamento para os pais melhorarem a relação com os filhos e fazê-los mais felizes é:

“ter um relacionamento com os filhos; conversar; ter maior convívio! Podem ser 15 minutos por dia; mas minutos efetivos, isto é, sem celular, sem computador, sem televisão ou nenhuma outra coisa externa. No mínimo 15 minutos diários, você e seu filho. Esse tempo é muito precioso! É capaz de gerar no seu filho maior confiança. E não apenas nele; mas em vocês pais também”.

Por isso, papais e mamães, estejam disponíveis para seus filhos! Brinquem, conversem, contem histórias… “Quando os pais têm um maior convívio com os filhos, estes passam a confiar mais neles próprios e, principalmente, nos pais. Então, na hora que surge um desafio seja um bullying na escola, medo; os filhos passam a compartilhar com os pais com mais facilidade. E isto é o mais importante para um pai e uma mãe: ter um elo de confiança e jamais perdê-lo! Os filhos passarão a ver os pais como um porto seguro. O que acontecer, o pai e a mãe estarão prontos para ampará-lo”, conclui Dani.

Pode parecer difícil, mas não é impossível! Queira mudar as atitudes e veja seu relacionamento com os filhos crescendo a cada dia! Jamais desista!

 

Se está passando por um momento difícil no relacionamento com seu filho, escreva para nós: carolina.canalinfantil@gmail.com

 

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