Hoje trago um texto muito especial, escrito pela Psicóloga Jéssica Suzana. Ela faz uma reflexão sobre os pais que convivem diariamente com limitações dos filhos e são exemplos de superação.

Confiram!

Por Jéssica Suzana da Costa Paradela

“Planejei ter minha filha, escolhi o momento para engravidar, organizei minha vida profissional, decorei o quarto(…). Vi tudo o que eu havia planejado ir por água abaixo. Um silêncio angustiante tomou conta de mim, tudo ao meu redor desapareceu…” (Relato de uma mãe).

Recentemente, tivemos o dia da conscientização da Síndrome de Down, do Autismo e teremos da Síndrome Wolf-Hirschhorn e dentre tantas outras doenças que existem e têm seus dias para serem lembradas (apesar de que precisamos nos conscientizar todos os dias). Mas, ao pensar sobre isso, imagino que os pais que recebem um diagnóstico como esses e outros, sentem desconforto, ansiedade, angústia, medo, revolta, insegurança e tantas outras emoções e comportamentos que surgem em cada um deles. E a pergunta principal que se fazem é: “O que há de errado com meu filho?”; “Será que vai ter uma vida normal?”; “Vai andar e falar?”; “Vai conseguir brincar?”

Durante minha experiência prática na pediatria de um hospital, ouvi cada relato e questionamento como esses. Cada qual a sua maneira, com sua intensidade e com suas emoções afloradas. Logo após os diagnósticos ou antes de tê-los, eram inúmeros exames, medicações, internações, tratamentos e cirurgias, todos os dias.

De um modo geral, não conseguimos ter a tamanha empatia para que se entenda e compreenda os sentimentos desse pai e dessa mãe. Ao sentir na pele essa experiência na pediatria, ouvi relatos diversos, do quanto esses pais precisaram abrir mão de tantos sonhos, desejos e conquistas, para viver em prol do cuidado de seu filho(a). Que escolheram acolher a situação que enfrentavam, mas, que também precisavam apenas de um pouco de amor, de escuta, de atenção e acolhida dos próprios familiares e amigos. E se não bastasse, tinham outros filhos, e se culpavam por ter que diminuir a atenção para com eles em prol daquele que necessitava de mais.

Estes pais vivem na expectativa da chegada de um bebê e percebem que a realidade é bem diferente. A expectativa de um bebê idealizado foi por água abaixo quando se encontrou com o bebê real. O que nos acompanhamentos psicoterápicos, o psicólogo se atenta a acolher e auxiliar esses pais a compreender essa realidade e situação frustrante. Para que, durante todo o processo terapêutico, essas angústias ganhem um novo significado.

Contudo, consigo ver o quanto eles são “EXTRAORDINÁRIOS”. E deixo alguns aprendizados que adquiri através da conexão com estes pais:

·                    Mesmo com a rotina nova e assustadora, as pequenas conquistas tornam-se grandes vitórias;

·                     Diante da falta de atenção e acolhida, eles se apoiavam em outros pais que vivenciavam situações semelhantes e formavam uma linha de força conjunta sem igual;

·                    Eles viviam na angústia ou no alívio de ter que esperar um dia de cada vez;

·                    Quando recebiam apoio de amigos e familiares, o fardo era um pouco mais leve e os laços eram estreitados;

·                    Eles se permitiam da melhor maneira, reconhecer que eram plenamente humanos e que precisavam de ajuda.

Então, se você é pai e mãe “EXTRAORDINÁRIO”, deixo meu afeto e respeito. Vocês são inspiradores! Se você conhece pais assim, o carinho e o cuidado para com eles, farão toda diferença.

Sendo assim, após essa leitura extraia o seu aprendizado e aquilo que fez sentido para você. Pegue isso e transforme o meio em que vive!

Assim, finalizo com este relato de uma mãe:

“Temos muitas razões nessa vida para desistir e se revoltar contra tudo e todos, mas também temos muitas razões para ser feliz e fazer da vida algo que realmente valha a pena. A decisão é só nossa! Eu escolhi ser feliz, optei por não sofrer pelo sonho que não deu certo, mas viver intensamente a oportunidade que Deus me deu. É isso que qualquer filho espera de uma mãe e é assim que vai ser”.

 

Jéssica Suzana / CRP 04/47222

Psicóloga;

Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa – BH;

Atendimento Clínico Presencial (Individual e grupal);

Atendimentos com ênfase na abordagem Cognitivo Comportamental;

Palestrante;

Fundadora do DEU LIGA!

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