Esta é uma questão bem delicada! Muitas mães já querem o seu filho mais independente e tomando tudo no copinho, outras acham mais fácil dar a mamadeira. Mas, existe um certo ou errado nessa escolha? Conversamos com a fonoaudióloga, Renata Lerman, uma das fundadoras da Clínica Sentidos (Belo Horizonte, MG), que nos apresenta alguns pontos importantes na hora de decidirmos!

“A maioria dos profissionais e dos fonoaudiólogos é contra a mamadeira! Eu não defendo a mamadeira, mas não sou contra o seu uso. O ideal é que a criança passe do aleitamento para o copo, inclusive, existem pesquisas científicas que comprovam que a mamadeira pode causar problema ortodôntico. Mas, na minha opinião, deve ser avaliado e respeitado cada caso. Tem crianças que têm maior necessidade de sucção, então, neste caso, a mamadeira ou a chupeta é um caminho importante. Tem criança que basta a chupeta para saciar sua necessidade de sucção, então ela já pode usar o copo”, afirma Renata. Ela ressalta que a mamadeira pode ser usada por um tempo, como forma de transição, e que o copo deve ser sempre o objetivo final!

Mas, existe um copo ideal? Renata gosta muito do copo de canudo, “pois é um estímulo de sucção mais avançado (não é tão primário quanto à mamadeira e à chupeta) e, ainda, pode ser posicionado de forma a fortalecer a musculatura oral”. Vale lembrar que, geralmente, é a partir dos oito meses que a criança consegue usar esse tipo de copo.

Os papais devem procurar e avaliar os copos e mamadeiras com calma pois no mercado existem inúmeros tipos e a escolha deve ser feita de acordo com cada criança, pois elas são diferentes e possuem características de desenvolvimento distintas. Mas, a fonoaudióloga faz um alerta: “a escolha depende de cada criança; umas têm mais facilidade do que outras, gostam de um modelo específico; mas, o único copo que eu não gosto de trabalhar e não recomendo é o de bico rígido, com três furinhos, pois a criança não faz praticamente nenhum tipo de força muscular, apenas vira o copo, o líquido escorre e ela engole. Então, se for para escolher e a criança já tiver condições de sugar no canudo, eu prefiro o copo de canudo. No entanto, se a criança ainda não consegue, deve-se avaliar um copo de transição, como os de bicos de silicone ou até a mamadeira mesmo”.

Um detalhe importante: não se deve oferecer vários tipos de copos diferentes (canudo, bico de silicone, bico rígido, mamadeira etc). Para Renata, se a criança já começou a usar um copo, os pais devem insistir naquele modelo, pois ela aprende por repetição. “Se os pais oferecem um copo uma vez, a criança chora e os pais já oferecem outro, acaba que ela não vai adquirir o estímulo funcional”. No entanto, se verificarem uma grande dificuldade, deve-se buscar um outro modelo. “É sempre importante ouvir opinião dos profissionais que acompanham a criança seja o pediatra, fonoaudiólogo. Caso os pais observem uma real dificuldade, deve-se buscar uma avaliação com o fonoaudiólogo para trocar uma ideia”, afirma Renata.

Não podemos nos esquecer que a fala da criança envolve a força muscular, questões motoras… Por isso, Renata alerta para o cuidado com o uso prolongado ou dependência da mamadeira! “Não só prejudica a articulação, a parte muscular, por ser um padrão primitivo de sucção, como causa a infantilização da fala, pois é um comportamento de bebê. Se pensarmos que, a partir de oito meses, a criança já tem condições de sugar no canudo, mas ainda está difícil para ela fazer a troca, a mamadeira deve ser usada por mais um tempinho e os pais devem estimular o canudo. Assim que a criança conseguir usar o canudo, esquece-se a mamadeira”. Já para crianças um pouco maiores, que já possuam uma boa coordenação motora, os pais devem iniciar o uso dos copos tradicionais.

Para finalizar: o uso dos copos deve sim ser estimulado para todos os líquidos tomados pelos bebês e crianças. Mas, não podemos esquecer que a mamadeira de leite, que a maioria toma, tem um fator emocional envolvido. “A criança que é um pouquinho maior tem um apego à mamadeira de leite, pois  ela tem um valor sentimental, de acolhimento”, ressalta Renata. Para ela, deve ser feito um combinado com a criança para fazer a troca, explicar que mamadeira é de bebê e levá-la para comprar o copo que irá substituir. “Isso motiva, pois a criança vai escolher o copo que ela quer, com o personagem que ela gosta”, conclui.

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