Finados: Psicopedagoga fala sobre o luto na infância e dá dicas para familiares acolherem os pequenos em momentos de perda

“A criança precisa sentir que não está só, que sua dor é compreendida”, explica Ivone Ferreira
Santos

Perder quem se ama é sempre doloroso e difícil. Lidar com a ausência, as emoções e com a
saudade abala todo e qualquer ser humano, inclusive as crianças. Nos últimos dois anos,
muitas famílias tiveram que lidar com a perda precoce de seus entes, muitos filhos tiveram
que dizer adeus a seus pais e avós e lidar com o luto. A situação que já não é simples para nós,
adultos, precisa de um olhar ainda mais tento quando falamos desses pequenos seres em
formação. Entender como e o que falar para eles é essencial. Conversamos com Ivone Ferreira
dos Santos, Psicopedagoga do Colégio Novo Tempo, localizando em Santos, litoral de São
Paulo, para entender melhor o luto infantil.

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“De fato, muitas crianças chegaram na escola relatando perdas familiares. Foi um período de
muita dor, especialmente porque algumas famílias estavam isoladas e sequer puderam
compartilhar a dor e receber o amparo de amigos e familiares, e o conforto necessário para
abrandar o sofrimento natural nesse período de luto”, relata Ivone que uma das maiores
dúvidas dos pais e familiares que a abordaram na escola foi sobre como e o que falar para a
criança na hora de um falecimento.

“A minha opinião é que a verdade deve prevalecer, sempre levando em conta a maturidade da
criança, usando uma linguagem apropriada relatando os fatos de forma menos impactante
possível, ressaltando a importância das lembranças e das experiências compartilhadas”, diz a
profissional que explica que a mentira pode causar perda de confiança, principalmente nos
adolescentes: “Já conversei com alguns jovens que demonstraram conflitos existenciais e relataram que sentiram-se enganados por omissão de informações em relação à morte de pessoas importantes. Muitas vezes, no intuito de evitar o sofrimento da perda, camufla-se a verdade o que pode suscitar outros danos futuros irreparáveis como perda de confiança, insegurança, fobias, ansiedade”.

O que fazer se o meu filho me ver chorando? 

“É importante falar de suas emoções de forma verdadeira e clara. Seu filho compreenderá que
adultos ficam tristes, choram, sentem saudade e podem expressar esses sentimentos através
do choro que tem a função de represar toda a dor e trazer um alívio para o sofrimento emocional”, relata Ivone que expõe a importância da criança entender os sentimentos dos
mais velhos e que assim, ela não se sentirá mal quando também sentir dor: “De alguma forma,
seu filho assimilará que também pode chorar e se sentirá muito melhor quando necessitar
extravasar sua dor”.

O luto está muito ligado a fé e a religião de cada um. Cada família tem suas crenças e seu
entendimento da morte, mas a criança, muitas vezes, ainda não atingiu a maturidade
necessária para lidar com o luto, por isso o acolhimento é essencial, assim como ter pessoas de
confiança na hora da notícia.

“É importante que a notícia seja dada por alguém que seja próximo da criança, que tenha bom
vínculo e afinidade, para que se sinta à vontade para expressar suas emoções e receba o
acolhimento necessário para esse momento”, avalia a psicopedagoga que declara que os
adultos têm muito mais dificuldade em lidar com o luto da criança do que com o dele, afinal,
ele também está em sofrimento. Nessa hora é importante o máximo de contato e acolhimento
mútuo.

“O luto é necessário, precisa ser acolhido, um abraço funciona bem. A criança precisa sentir
que não está só, que sua dor é compreendida, que receberá o cuidado necessário, que terá o
amparo e a presença de outras pessoas, que é amada, que essa dor será transformada em
saudade e que com o tempo amenizará”, detalha Ivone que dá algumas dicas para familiares
lidarem com o luto dos pequenos:

 A notícia deve ser dada por alguém próximo e de confiança da criança;
 Acolher o choro, sem tentativa de interromper. É necessário extravasar a tristeza da
perda;
 Respeitar a vontade da criança de acompanhar o velório para última despedida. Ela
deve decidir se consegue participar ou não;
 Oferecer escuta e mantê-la na companhia de pessoas queridas;
 Alertar a escola sobre o luto e solicitar acolhimento;
 Caso o luto se estenda por muito tempo e seja difícil de superar, buscar apoio
psicológico.

Sobre a profissional
Ivone Ferreira Santos: Psicóloga, Pedagoga, Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e
Institucional, com especialização em Psicodrama, atua na Educação há 22 anos, Psicóloga do
Colégio Novo Tempo a partir de 2018 e, atualmente, acompanha os alunos e familiares da
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.

Assessoria de Comunicação: Agência A+

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