Para começar a semana, trago um assunto muito importante: frustração infantil! No texto de hoje, a Psicóloga e Educadora Parental certificada pela Positive Discipline Association, Lucinda Mendonça, explica, de forma clara e objetiva, por que as crianças têm tanta dificuldade em lidar com as frustrações.

Confiram!

Por Lucinda Mendonça

O mundo atual é extremamente imediatista. Quase tudo que você quer, basta um clique na tela do celular e o objeto de desejo chega a sua casa.

Esse imediatismo é um dos grandes vilões para as crianças não conseguirem lidar com as frustrações. Pensa na sua infância: você tinha o desenho que queria na hora que desejava? Você tinha o bolo de chocolate na esquina da sua casa? Você tinha acesso a tanta informação e a tanto produto para consumir?

Se queríamos ver um desenho tínhamos que esperar a hora que ele passava, além de esperar a propagando para ver o final do episódio. E se era um episódio que haveria continuação, tínhamos que esperar o dia seguinte para continuar a assistir. Se queríamos um bolo, tínhamos que esperar fazer a massa, assar, esperar esfriar para depois comê-lo. Tínhamos acesso a propagandas de brinquedos, mas eram bem menos que as de hoje e ficávamos esperando as datas especiais para ganhar um daqueles que tínhamos gostado.

Hoje as crianças têm tudo em suas minúsculas mãos em um piscar de olhos. Por isso a maioria é impaciente e com uma resistência mínima à frustração.

Como podemos ajudá-las a lidar melhor com as frustrações?

Colocando-as para ajudar na cozinha, ensinando-as a fazer trabalhos manuais (pintura, crochê, costura, plantar horta ou flores), encorajando-os a entender que os erros são oportunidades para aprender e não acelerando ainda mais a vida deles com frases do tipo “veste logo essa roupa” ou “anda rápido”.

Quando a criança começa a ajudar na cozinha, ela começa a entender que tudo tem um tempo para ficar pronto, que não adianta querer comer o arroz sem cozinhá-lo.

O mesmo ocorre com os trabalhos manuais, um quadro recém pintado precisa ficar secando para depois colocar uma moldura; um cachecol para ficar pronto depende de cada ponto realizado; um botão para ser pregado necessita de cada volta e de um bom acabamento. Uma semente plantada hoje, não germinará instantaneamente. Com isso as crianças vão aprendendo que tudo na vida leva um tempo e que a maioria das coisas não há como adiantar o processo para ficarem prontas mais rápidas.

Outro ponto importante para ajudar a criança a entender que as frustrações fazem parte da vida é, nós pais, lidarmos com os erros delas de uma forma mais respeitosa. Muitas crianças não lidam bem com as frustrações porque os seus pais gritam com ela ou a colocam de castigo quando ela erra. Essa postura dos pais faz com que ela tenha pavor de errar e ser castigada e aí, frente a qualquer frustração, a criança sai do prumo, como os seus pais. Afinal, nós pais somos o maior exemplo para elas. Se meus pais podem ficar nervosos quando eu não ajo como eles desejam, por que eu também não posso? A reação negativa dos pais é uma forma clara de saber que os próprios pais também não lidam bem com uma frustração.

E por fim, outro ponto importante, para ajudar as crianças a lidarem melhor com a frustração é respeitar o tempo delas. Quando há respeito é raro haver crises de frustração. Se você sabe que seu filho demora 10 minutos para calçar um sapato, comece arrumar 15 minutos mais cedo. Se você precisa ir ao supermercado, mas sabe que seu filho está cansado, com sono e com fome, avalie se realmente você precisa ir naquele horário, se for possível mude a programação. E se não for possível a mudança combine com seu filho dizendo “filho, eu sei que você está cansado, mas eu preciso fazer essa compra, você topa me ajudar para acabarmos mais rápido? Você me ajuda a colocar as compras no carrinho, na esteira do caixa e nas sacolas?” Quando a criança se sente pertencente ao processo ela tende a agir muito melhor.

Enfim, frustrar é ruim para qualquer pessoa, mas não há ninguém que nunca se frustrou! O importante é desenvolver ferramentas que ajude a enxergar a frustração como uma oportunidade de aprendizagem.

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