Você já parou para pensar no quanto é especial ser pai? Quando um homem se torna pai, tudo muda em sua vida! O simples fato de ter um serzinho tão pequeno e completamente dependente aos seus cuidados, por si só, já faz do ato de ser pai uma das maiores emoções da vida! Mas ser pai pode ser ainda mais especial!

Hoje trago uma história emocionante; uma verdadeira lição de vida para todos nós. Vou contar um pouquinho da história do Sérgio Nardini, esposo da Elis e pai da Lavínia! Ser pai para o Sérgio é, com certeza, uma das maiores alegrias da sua vida!

Filho do Seu Antônio e da Dona Maria, Sérgio nasceu com Amiotrofia Espinhal Progressiva (AME, tipo 2), uma doença degenerativa rara que, ao evoluir, deixou-o tetraplégico. Mas, contrariando todas as expectativas, Sérgio deu a volta por cima e hoje é um exemplo para muitas pessoas! Artista plástico reconhecido, militante das causas relacionadas à inclusão, apresentador de programa de rádio, graduado em “Gestão em Marketing”; foi vereador, é casado e pai de uma linda menina, a Lavínia; tudo isso faz de Sérgio um homem especial!

Mesmo com tantas dificuldades, momentos de desânimo, Sérgio não se deixou abater e sempre lutou pelo que acredita. Um homem cheio de sonhos e querido por todos que acompanham a sua história! No dia de sua colação de grau, recebeu dos colegas e amigos um presente inesperado: o dinheiro para a compra da cadeira de rodas motorizada que tanto queria, afinal ele teria mais liberdade e autonomia em sua vida. Esse é só um exemplo do carinho que Sérgio recebe todos os dias.

Criador do Instagram @paiderodinhas, Sérgio acabou de lançar o livro: “Pai de Rodinhas – Sua vida seria trágica se ele não fosse cômico” (Mogiana Produções Culturais). É impossível não se emocionar com a história que, como o próprio título do livro diz, poderia ser trágica.

Sérgio conta, de forma simples e bem real, um pouco sobre a sua vida, sua rotina nada fácil; como foi perder a sua mãe, que por tantos anos cuidou dele com o maior amor do mundo (ela faleceu dias após Lavínia completar um ano); fala sobre diferenças, inclusão, acolhimento; sobre dias de luta e renascimento; e, claro, sobre a sua família tão amada: sua esposa Elis e sua filha Lavínia.

É um livro para rir, chorar e acreditar que dias melhores sempre virão!  Um livro para todas as pessoas lerem e refletirem sobre o que realmente importa em nossa vida! Onde focamos nossas preocupações? O que nos faz perder o sono? Quais os momentos aproveitamos verdadeiramente, por inteiro? Como é nossa relação com nossos filhos, esposas, maridos?

O que mais me emocionou no livro é ver que, mesmo em uma sociedade que, apesar de se dizer inclusiva, ainda exclui muito as pessoas com deficiência, existe esperança nas crianças que estamos deixando no mundo! A relação da Lavínia com o Sérgio é linda! As crianças são puras e não veem as diferenças, mas enxergam além; enxergam o amor por trás de tudo! Isso é inclusão, é respeito!

E para vocês sentirem um pouquinho desse amor entre pai e filha, confiram a entrevista que fiz com o Sérgio.

CANAL INFANTIL: O QUE É SER PAI PARA VOCÊ?

SÉRGIO NARDINI: Para mim, ser pai é dar e receber amor, o tempo todo! É cuidar e ser cuidado!

Ser pai é estar totalmente imerso num admirável e apaixonante mundo infantil. É morar em um reino de fantasia e num mundo de faz de conta, repleto de alegria, diversão, bagunça e gritaria. É rir à toa inocentemente e brincar muito, até com coisa séria.

Há 8 anos eu ouço mais Patati Patatá do que Pink Floyd e sei tudo sobre a vida de Peppa Pig. Hoje, os impasses familiares são resolvidos de forma democrática, ingênua e divertida, na base do “jokenpô”, ou “pedra, papel, tesoura”.

Decidir pela maternidade e paternidade significa também que, por alguns anos, você não terá mais uma casa organizada, com horários regrados e passeios programados. É ter que se acostumar com os quartos bagunçados, é achar um “parquinho” dentro do banheiro e esbarrar em uma cadeirinha que serve para alcançar a pia. É ver os farelos de pão do café da manhã espalhados pelo chão, sofá, cama e mais brinquedos espalhados por todo canto.

Ser pai é encontrar o inesperado, como o controle da TV na geladeira ou uma escova de dente no forno do fogão. Ou ainda achar o travesseiro do papai na garagem e a bolsa da mamãe revirada no meio da cama. É ver as paredes recém-pintadas cheias de desenhos e rabiscos, ou aquela peça decorativa, valiosa e intocável até então, totalmente despedaçada no meio da sala, porque você esqueceu que seu bebê está crescendo e já fica em pé.

Agora, eu quero falar sobre SER PAI DE MENINA:

Hoje eu entendo a diferença entre vestir um menino e vestir uma menina, inclusive financeiramente falando. Vestir um “moleque” é muito mais fácil e mais barato, principalmente no verão. É só colocar uma camiseta, bermuda e chinelo e ele já está pronto para quase qualquer tipo de evento. O número de acessórios, penduricalhos e afins que compõem o visual de uma mulher é infinitamente superior, comparado aos homens. As gavetas de casa, por exemplo, estão entupidas de lacinhos e presilhas, sem falar dos brincos e da coleção de arquinhos de cabelo. Tem de unicórnio, de gatinho, da Minnie, de flores, de pérolas (falsas, claro), de tecido, de plástico, dourado, prateado, preto, rosa e mais muitos etc.

Ah! Ser pai é sentir a vida e o amor pulsando, todos os dias! E ser pai de menina é sensacional, porque eu adoro este universo feminino em miniatura!

CANAL INFANTIL – COMO É SUA RELAÇÃO COM A LAVÍNIA?

SÉRGIO NARDINI – Nossa relação é pautada, sobretudo, no amor, no respeito e na naturalidade! O “Filho de Rodinhas” do seu Antônio e da dona Maria se transformou no “Marido de Rodinhas” da Elis e agora é o “Pai de Rodinhas” da Lavínia. Para minha filha, a cadeira de rodas é só um acessório que compõe meu estilo de vida. Eu sou simplesmente seu papai, que possui sim características e necessidades específicas, com as quais ela convive naturalmente, apenas se adaptando conforme exige nossa rotina. Nós brincamos (do nosso jeito), nós discutimos e às vezes até brigamos. Ela está aprendendo muita coisa comigo… e eu aprendo muito mais com ela! Eu procuro, todos os dias, participar ativamente da sua vida, do meu jeito e com todas as adaptações necessárias, porque eu optei em ser pai na prática, e não só na teoria.

CANAL INFANTIL – COMO SURGIU A IDEIA DE ESCREVER UM LIVRO?

SÉRGIO NARDINI – Sou artista plástico autodidata. Sempre afirmei que tudo o que sou devo à minha família e tudo o que tenho atribuo às minhas pinturas. Com o avanço da Amiotrofia Espinhal – AME tipo 2 (doença neuromuscular progressiva) fui ficando gradativamente tetraplégico e, portanto, parei de pintar. Comecei, então, a escrever textos e histórias relacionadas à vivência da paternidade, utilizando os recursos do computador.

Escrevi o livro “Pai de Rodinhas” em homenagem à minha família (incluindo meus antepassados), à minha esposa Elis e especialmente à minha filha Lavínia. Através das histórias e informações compartilhadas, espero também poder ajudar muitas pessoas, provocar reflexões e reações, derrubar paradigmas, quebrar estereótipos, enfim… mudar o olhar em relação às diversidades que compõem nossa sociedade, principalmente às pessoas com deficiência.

CANAL INFANTIL – O QUE O LIVRO REPRESENTA PARA VOCÊ?

SÉRGIO NARDINI – Representa a realização de um grande sonho, além de um legado e uma herança que deixarei para minha filha, para quando ela estiver longe de mim e quiser me “ouvir” e recordar das histórias vividas em sua infância. Para ela saber sobre suas origens e raízes. Enfim, escrevi este livro sobretudo para lembrá-la, sempre, que a vida é maravilhosa!

Ela também encontrará nele detalhes sobre coisas e acontecimentos que certamente ocorrem com qualquer outra criança e que, geralmente, ficam para trás e perdem a importância no decorrer dos anos. Eu quero que minha filha não só conheça, como também relembre, de vez em quando, como foram, por exemplo, as nossas aventuras e viagens realizadas para “encontrá-la”; a preparação para sua chegada; o dia do seu nascimento; como era a primeira escolinha que ela frequentou; que roupa usava no seu primeiro dia de aula no ensino fundamental; sobre nossos passeios de fim de semana e como eram nossas diversões e brincadeiras quando a gente ficava em casa… e tantas outras experiências, algumas até “bobinhas”, mas todas sensacionais!

Este livro permitirá que eu continue contando à minha filha, mesmo depois de minha partida, a história de nossas vidas. Minha intenção é reviver, por meio dele, o melhor e mais importante período de minha jornada terrestre. É como se eu tivesse o poder de eternizar a magia da sua infância! Entendeu?

E PARA OS PAIS QUE ACHAM QUE TUDO NA VIDA É DIFÍCIL, SÉRGIO, O PAI DE RODINHAS, DEIXA UMA MENSAGEM MUITO ESPECIAL:

A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela”, já dizia Charles Chaplin. Dificuldades, obstáculos, problemas e desafios fazem parte de nossas rotinas. Eu costumo dizer que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Penso também que devemos transformar simples experiências em momentos inesquecíveis, bem como extrair das dificuldades grandes aprendizados. Afinal, nossa vida têm as cores que nós pintamos!

A decisão em ser pai e ser mãe deve ser muito pensada e refletida entre o casal. É uma aventura fantástica, que não pode ser vivida com irresponsabilidade e egoísmo. A paternidade e a maternidade é um processo transformador… e eu posso garantir que, no nosso caso, ser pai e ser mãe da Lavínia nos transforma a cada dia em pessoas melhores.

Não deixem de ler o livro “Pai de Rodinhas”! É uma verdadeira lição de vida e uma forma de lutar pela inclusão! Parabéns, Sérgio, Elis e Lavínia, pela família maravilhosa que vocês formaram!

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