Hoje quero falar sobre a importância da leitura na infância! Acabei de ler um livro sensacional, lançado pela Editora Cepe e vencedor do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil (2022): “Dez Baleias na Estação Esperando pelo Trem”.

Escrito por Cesar Cardoso e ilustrado por Bruna Lubambo, o livro encanta crianças e adultos! Cheio de rimas e de cores, ele nos permite entrar em uma história de sonhos, de brincadeiras, de imaginação, de reflexão e de muita emoção! Já pensou um surfista pegar onda em marcha à ré ou uma mula sem cabeça usar boné? Ou quem sabe uma girafa tricotando um cachecol e uma ostra sendo craque de futebol?

É com essa alegria, que “Dez Baleias na Estação Esperando o Trem” nos faz refletir sobre a vida, sobre o brincar na infância, sobre os nossos sonhos e muito mais… É um livro para ser lido com calma e com alma; um livro que vai muito além das palavras…

E para contar um pouquinho mais dessa história e falar sobre a importância da leitura para as crianças, conversei com o autor Cesar Cardoso, que é escritor, poeta, contista, cronista, humorista e roteirista. Confira e se encante!

CANAL INFANTIL – Qual a importância da leitura na infância?

CESAR CARDOSO – Há muitos dados concretos, já comprovados, sobre a importância da leitura, nos aspectos racional e emocional. Por exemplo, ela amplia o vocabulário, ajuda no desenvolvimento do cérebro e do senso crítico, na comunicação da criança com o mundo, na capacidade de interpretar desde textos e a sociedade onde vive até conceitos de cidadania. E quando os familiares – mãe, pai, irmãos ou avós – leem para ela, os laços familiares, as relações afetivas se ampliam.

CANAL INFANTIL – Como surgiu a ideia de escrever o livro “Dez Baleias na Estação Esperando pelo Trem”?

CESAR CARDOSO – Eu tenho dois netos que moravam bem perto de mim e a gente se encontrava a toda hora. O Jorge (agora com 18 anos) e sua irmã Valentina (com 15). Um dia os pais se mudaram com eles para Teresópolis e nossos encontros ficaram bem mais raros. Foi aí que eu tive a ideia de escrever cartas e mandar pra eles pelo correio. E como a minha sobrinha Gi, que tem agora 17 anos e mora bem em frente a mim, também é muito amiga deles, eu decidi incluí-la no envio das cartas.

Certa vez a Gi me perguntou: tio, por que você me manda essas cartas pelo correio? Pra você vir na minha casa é só atravessar a rua. E eu respondi: porque só assim você vai receber cartas. Hoje em dia só os adultos recebem cartas. E mesmo assim a maioria costuma ser conta pra pagar e publicidade.

As cartas que eu mandava tinham sempre alguma coisa engraçada, porque eu sempre fiz muitas brincadeiras com eles. E além disso, entre outras coisas, eu sou humorista. Depois eu reuni todo esse material que havia escrito e vi que dali podia surgir um livro. Fui trabalhando, trabalhando e cheguei às Dez Baleias.

CANAL INFANTIL – O que esse livro representa para você?

CESAR CARDOSO – Cada livro que eu publico representa mais um passo, mais uma construção no meu caminho como escritor e me dá uma alegria e uma felicidade muito grandes. Esse de agora vai traçar um caminho feito por mim, pela ilustradora Bruna Lubambo, com quem aliás você também pode conversar, pela CEPE Editora e todos e todas profissionais que trabalham lá, por jornalistas como você, que está fazendo essa entrevista comigo e até pelo acaso. E eu vou tentando fazer o máximo para esse caminho se ampliar.

Tenho muitos livros publicados, mais de vinte, de poesia, de contos, de literatura infanto-juvenil… Mas nenhum deles é um preferido. O que acontece sempre é que meu livro preferido é sempre o mais recente que lancei. Talvez por ser o que está mais perto de mim no momento.

CANAL INFANTIL – O título do livro seria outro, certo? O que te fez escolher “Dez Baleias na Estação Esperando pelo Trem”?

CESAR CARDOSO – O primeiro título que eu pensei foi Coisas Que Eu Vi, porque isso é quase um bordão do livro. Ele não conta uma história, ou a história que ele conta é o fato da gente poder ver de tudo nesse mundo, até coisas que não existem ou ao contrário. As coisas no mundo podem ser de mil formas e serem vistas de outras mil formas. Mas esse título é fraquinho, não chama atenção. E já havia um livro chamado assim. Pelo menos um, talvez mais. Então eu fiz uma lista com algumas ideias e conversei com uma amiga. Não lembro mais se algum de nós escolheu esse verso ou se nós dois concordamos que era o melhor. Mas eu acabei ficando com esse: Dez Baleias na Estação Esperando Pelo Trem. E acho que ficou um belo título, que já dá a ideia do que as pessoas vão encontrar por lá.

CANAL INFANTIL – Você já escreveu para jornais e programas de TV. Qual a diferença de escrever para o público infantil?

CESAR CARDOSO – Escrever para meios de comunicação diferentes e para públicos diferentes têm muitas semelhanças e muitas diferenças. Uma diferença fundamental é escrever sozinho ou em grupo. Quando o texto é para jornais e para livros (seja poesia, conto ou livros infantis), escrevo sozinho. Quando é para programas de tv, 90 por cento das vezes escrevo em grupo. Essas duas formas de escrever são ricas, não tenho preferência por nenhuma. Quando escrevo só tenho mais chance de desenvolver meu estilo, minha escrita. Já em grupo, exercito mais a convivência com as outras pessoas nas discussões sobre os textos. Também vejo diferentes formas de escrever e isso, no fim, também é uma forma de exercitar minha escrita. Todas as vezes que escrevi para jornais e tv foram textos de humor. Em jornais escrevi para o Pasquim, o Planeta Diário, as revistas Casseta & Planeta e Caros Amigos. Na tv Globo, escrevi Tv Pirata, Sai de Baixo, A Grande Família, Casseta & Planeta, Toma Lá Dá Cá, Zorra e outros. Ao escrever livros, os editores e as editoras sempre acabam trocando ideias sobre o livro, antes da publicação. Já aconteceu comigo da minha saudosa editora Eny Maia me fazer uma encomenda de uma história policial para crianças. Eu fiz, foi um grande prazer e resultou num livro que eu acho bem bacana.

Agora, uma coisa eu sempre digo: o principal instrumento do escritor não é o computador nem a caneta e o papel. Nosso principal instrumento de trabalho é a lata de lixo. Nunca ter medo de jogar fora o que não ficou bom. Reescrever tudo quantas vezes for preciso. E muitas vezes abandonar uma ideia que a gente achou que ia dar certo, mas não deu. Você pode até retomá-la daqui a uns anos e achar outra saída.

CANAL INFANTIL – Qual a mensagem você procura transmitir com os livros que escreve e quantos já tem publicados?

CESAR CARDOSO – Bem, publicados eu tenho dois de contos, dois de poesia, cinco de humor e quinze de literatura infanto-juvenil. Se não esqueci nenhum, dá 24. E participei de mais de quinze antologias de contos, poesia e humor.

Quanto à mensagem, na minha infância eu tive um avô que me contava histórias e um pai que era um verdadeiro humorista. Eles me marcaram muito. E conforme fui lendo e lendo e descobrindo e conhecendo mundos e mundos, chegou uma hora que eu quis criar meus próprios mundos. Então, o que desejo com meus livros é trazer novos mundos, invenções e uma forma de escrever que leve as pessoas a sonhar, imaginar e aproximar seus sonhos e sua imaginação da vida real. E, quem sabe, até transformar tudo isso em novas histórias, novos livros.

CANL INFANTIL – Deixe uma mensagem para os pais e para as crianças.

CESAR CARDOSO – Leiam e sonhem juntos. As histórias podem nos ajudar a descobrir nossos desejos, o que viemos fazer aqui. E esse será um encontro e tanto.

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