Qual criança não sonha em ter um bichinho de estimação? Normalmente, os mais pedidos são os cães. Mas isso pode estar mudando. É que os gatos estão chegando com tudo dentro das famílias! E, diferente do que que ouvimos por aí, eles podem ser muito amigos e carinhosos!

A matéria de hoje é sobre gatos e crianças! Conversei com a Médica Veterinária Izabela Rodarte Falco (Belo Horizonte, MG), que explicou tudo sobre ter um gatinho em casa!

Primeiramente, segundo Izabela, cabe destacar que “em números, os gatos já são mais populares que os cães: são 204 milhões de bichanos no planeta contra 173 milhões de seu lendário arquirrival. Dentre os 10 países com maior população de animais domésticos, o Brasil é um dos poucos em que o cão ainda é o companheiro preferido, mas, nas projeções, isso tende a mudar nos próximos anos. Os Estados Unidos, primeiro do ranking, contabiliza 80 milhões de gatos frente a 66 milhões de cachorros (dados de 2015). As causas são diversas, mas podemos citar a popularização das moradias verticais, habitações menores e novos estilos de vida. No último caso, interferem o crescimento do número de casais sem filhos, o aumento de domicílios habitados por uma só pessoa e, até mesmo, a diminuição do tamanho das residências e espaços para lazer”.

GATOS E CRIANÇAS

Muitas pessoas acreditam que os felinos não são sociáveis e não convivem bem com crianças. Mas não é bem assim! Izabela explica que os gatos podem sim se dar bem com crianças. No entanto, é necessário que a convivência seja monitorada. “O acompanhamento na convivência vale para qualquer espécie. Atenção especial deve ser dada para a fase em que a criança começa a interagir mais e a querer pegar tudo na mão, pois ela pode não ter a noção da força que tem e com isso apertar o animal demasiadamente, causando como resposta uma mordida ou arranhão. Mas o contato deve ser sempre estimulado, para que ambos se familiarizem um com o outro, o que estreita os laços e minimiza a possibilidade de acidentes. Outra coisa importante é manter as unhas do animal sempre cortadas e mantê-lo limpo. Com relação aos banhos, os gatos têm menor necessidade que os cães, por fazerem a sua própria higiene. A escovação diária remove os pelos mortos, sujeiras mais superficiais e evita nós. Mas, se os pais julgarem necessário, indico banhos com a frequência de uma vez ao mês”, ressalta a veterinária.

COMO ESCOLHER UM GATO

Se você quer dar um gato para o seu filho, lembre-se de pesquisar sobre as raças. Izabela destaca que “as raças mais comuns são persa, siamês, ragdoll e maine coon. Outras raças que estão entrando no Brasil são absínio, amarican e british short hair, burmese e azul russo. Independente da raça, o importante é conhecer e pesquisar sobre os criadores e sua idoneidade. A qualidade genética e temperamento dos animais dependem muito desses fatores. Criadores de confiança também vão saber indicar a raça ideal para o estilo de vida da família. Eu, no entanto, sou mais a favor dos animais sem raça definida (todos meus animais são! Tenho três gatos e um cão). Esses também são muito dóceis e sociáveis, em sua grande maioria. Nesse caso, o importante é procurar ONGs e abrigos confiáveis, conhecer seu trabalho e discutir com os responsáveis o que se procura num gato. Eles saberão indicar animais que sejam ideais para as crianças. Filhotes se adaptam muito bem a diferentes rotinas, mas a adoção de gatos adultos não deve ser descartada, pois já têm a personalidade formada e isso facilita a identificação das características desejadas. Em todos os casos, é sempre importante ter em mente que qualquer animal precisa de adaptação ao novo ambiente, às pessoas da casa (sejam crianças ou adultos) e a outros animais, se já existirem”.

Em Belo Horizonte, Izabela destaca o trabalho do GATO UAI, um abrigo confiável e sério. Vale a pena conhecer antes de escolher o seu gatinho de estimação.

DIFERENÇAS ENTRE CÃES E GATOS

Apesar de levarem fama de arredios e indiferentes, os gatos podem ser muito amáveis. Izabela explica que essa fama “se deve à diferença de personalidade em relação aos cães. Evolutiva e biologicamente, o padrão social chama a atenção e atrai distintos perfis de pessoas. Os cães vivem em bandos e buscam um líder no grupo, que nos dias de hoje é o seu dono. Os membros de seu bando ou da família são fundamentais para eles. O cão costuma precisar de um companheiro que lhe dê muita atenção e, normalmente, é submisso às ordens de seu líder. Já os gatos são mais independentes, porém não são solitários. Suas relações são baseadas em comportamento, tratamento, preocupações territoriais e de sobrevivência. Gatos selvagens convivem em bandos se há comida suficiente para caçar, e se eles estão dispostos a aceitar um outro gato em seu território. Por isso, por mais que ele goste do seu dono, isso não significa que ele vá obedecer ou simplesmente agir da maneira que o dono espera. Outro fator determinante para essa diferença no comportamento é a diferença no tempo de domesticação. Cães começaram a conviver com os humanos há pelo menos 20 mil anos, devido a uma necessidade de proteção do território. Já os gatos estão mais próximos há apenas 4 mil anos, quando suas habilidades como caçadores de roedores despertaram o interesse para controle no armazenamento de alimentos”.

RISCOS DE SE TER GATO EM CASA

“O principal risco do convívio entre crianças e gatos é o de acidentes causados por mordidas a arranhaduras. Daí a necessidade de acompanhamento à adaptação. Com relação aos cuidados veterinários, eles são sempre preconizados, mas quando há crianças no convívio devem ser seguidos à risca. Vacinas anuais, vermifugação periódica e acompanhamento constante garantem a segurança de toda a família”, ressalta a veterinária.

GATOS E GRAVIDEZ

Muito se fala também sobre os riscos de conviver com gatos durante a gestação. “Esse temor é devido, principalmente, à toxoplasmose. O gato é considerado o hospedeiro final desse protozoário e o elimina nas fezes. Contudo, ele só se infectará se tiver acesso à rua e ingerir carne de presas contaminadas. O ideal, portanto, é manter os animais sempre dentro de casa, o que evita a sua exposição a essa e a outros tipos de infecção, bem como acidentes diversos. No caso das grávidas, recomendamos ainda evitar ter acesso à caixa de areia, deixando a limpeza para outro membro da família”. (Confiram a matéria sobre Toxoplasmose).

 COMO CUIDAR DO SEU GATO

Para ter um gato saudável e feliz, é preciso investir em alguns cuidados. Vejam as dicas da veterinária:

– Usar rações de qualidade, de preferência indicadas pelo veterinário.

– Sempre estimular a ingestão de água. Os antepassados dos gatos viviam em zonas desérticas; em lugares onde a escassez de água era algo corriqueiro. Por causa da inexistência de água, aproveitavam os líquidos contidos na carcaça dos animais que caçavam. Hoje em dia, no entanto, a dieta consiste principalmente de ração seca, por isso, é importante estimular o consumo de água: espalhar potes pela casa, colocar cubos de gelo ou optar por fontes de água correntes, preferida por muitos felinos. O alimento úmido é uma alternativa para aumentar a ingestão de água e deve ser introduzida na dieta. Além de ser atraente ao paladar dos felinos, possui mais do que o dobro de umidade que os alimentos secos, chegando a ter até 80% de umidade, em comparação a 10% dos alimentos secos.

– Com relação ao ambiente em que os gatos vão viver, além da liteira (caixa de areia), é bom ter arranhadores para que eles possam gastar as unhas. Isso evita que eles danifiquem os móveis da casa. Brinquedos para que eles possam gastar energia são também importantes. Os tipos mais atraentes são os lineares (cordinhas, varinhas), pontos luminosos e brinquedos pequenos que parecem com presas. Eles gostam desses tipos, pois estimulam seus instintos de caça.

– No quesito segurança, é imprescindível telar as janelas da casa para evitar acidentes. Os gatos podem saltar e subir, dando-lhes mais opções quando precisam caçar ou para fugir quando se sentem ameaçados. Além disso, são curiosos e o movimento das folhas nas árvores ou de pássaros pode fazer com que eles tenham vontade de explorar o ambiente externo, sem, contudo, se dar conta de que estão a grandes distâncias do chão. Esse é o motivo de vermos com tanta frequência histórias de acidentes com gatos que caíram de janelas, sofrendo fraturas e mesmo indo a óbito. Essa é inclusive a principal exigência de criadores, ONGs e veterinários na primeira vez que um bichano é adquirido.

– Outro fator no comportamento dos gatos é que são animais facilmente estressáveis e, devido a isso, eles toleram pouco variações na rotina. Por isso, quando for viajar, o ideal, ao invés de levar para hoteizinhos, é contratar o serviço de um Pet Sitter. Esse profissional fica encarregado de ir até a casa do tutor para cuidar das questões básicas como repor comida e água, limpar a caixa de areia e ainda brincar e interagir com gatinhos durante a ausência dos donos, sem que para isso eles precisem sair do aconchego do seu lar. Em Belo Horizonte, tem a Miriene (31-99225-6384), que cuida dos gatos para o dono viajar em paz.

Viram? Ter um gatinho pode ser muito bacana e especial!

E se você tem um animal de estimação, conte-me como é a relação dele com seu filho!

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