Que tal começar a semana com dica de livro e uma entrevista muito especial? A Editora Companhia das Letrinhas acaba de lançar o sexto volume da série de sucesso: O Homem-Cão!

É um livro muito divertido para todas as crianças (e adultos também)! Escrito por Dav Pilkey, “O Homem-Cão: O confronto selvagem”,  conta sobre quando o herói metade canino metade humano é condenado injustamente, vítima de uma armação, e na prisão luta para encontrar o seu lugar entre cachorros e pessoas, se sentindo cada vez mais desajustado. Ainda bem que ele tem bons amigos que vão fazer de tudo para tirá-lo de lá. E que no final ele vai descobrir que todos nós seremos desajustados em algum momento da vida, e que isso não significa algo necessariamente negativo.

Passando por temas como identidade, alteridade e amizade, o livro é uma fábula sobre pertencimento e uma ode àqueles que vivem à margem da normalidade.

E é claro que eu entrevistei o tradutor da obra, André Czarnobai, para conhecer um pouquinho mais sobre o livro e sobre essa profissão tão legal que é a de tradutor!

CANAL INFANTIL – Como é traduzir livros?
ANDRÉ CZARNOBAI – Pra mim, é a melhor coisa do mundo. Me sinto pago para aprender, por livro, um mínimo de três disciplinas: 1) a língua portuguesa; 2) a língua estrangeira de onde estou traduzindo (normalmente o inglês, mas às vezes o espanhol ou francês); 3) o tema do livro que, na maioria das vezes, eu desconheço, ou conheço muito superficialmente, então preciso pesquisar e estudar para oferecer o melhor texto final possível ao meu leitor. E quando são livros infantis ou infanto-juvenis acho ainda melhor, porque me sinto fazendo parte dos tremendos esforços para formar novos leitores – que é o que há de mais fundamental em termos de leitura. Fora isso gosto muito de poder trabalhar em casa, fazendo os meus horários, tendo a liberdade de, por exemplo, parar numa terça-feira às duas da tarde para tomar um café com um amigo que não vejo há muito tempo, ou poder passar uma semana visitando a minha mãe. Funciono muito melhor tendo uma tarefa delimitada e um prazo para entregá-la concluída do que ter de trabalhar todos os dias, oito horas por dia. Claro que isso significa que muitas vezes não tenho fins de semana ou feriados, mas isso realmente não me incomoda. A liberdade atrelada ao ofício é um luxo, e mesmo que a remuneração não seja espetacular (não considero terrível também, mas poderia ser melhor, sem dúvida), já é mais que suficiente para o meu padrão de vida, então é só alegria.
CANAL INFANTIL – Conte um pouquinho sobre o livro.
ANDRÉ CZARNOBAI – Não posso (risos). Traduzi tantos livros do Homem-Cão que não lembro exatamente desse, especialmente porque traduzi, em intervalos muito curtos, três volumes da coleção, de modo que tudo se confundiu um pouco na minha cabeça.
CANAL INFANTIL – Esse volume da série mantém o humor dos outros; é uma continuação?
ANDRÉ CZARNOBAI – Sim, o senso de humor é o ponto central da série. Todos os livros são engraçadíssimos, e acho que é isso que faz com que tenha tantos fãs. Uma coisa que eu gosto muito da série Homem-Cão é que, apesar dos livros seguirem uma linha cronológica e estarem ligados entre si, é totalmente possível lê-los fora de ordem, ou mesmo isoladamente, como se fossem uma única obra fechada.
CANAL INFANTIL – Do que você mais gostou no livro?
ANDRÉ CZARNOBAI –  O que eu sempre gosto nos livros da série: Pepê. Embora ele seja o vilão e esteja sempre tentando algum plano mirabolante e maldoso, desde que ele produziu um clone (o Pepezinho), seu coração foi amolecendo e ele está cada vez mais bonzinho. É bem bonita essa transformação que o autor vai fazendo na personagem antagonista – em vários momentos ele quase muda de lado. Acho isso muito legal. Não apenas para mostrar que sempre há esperança, mas também para passar uma mensagem de que ninguém é totalmente mau ou bom, e que o poder do amor pode ser muito transformador.
CANAL INFANTIL: Como o livro pode ajudar os pais a trabalharem com os filhos assuntos como bem e mal?
ANDRÉ CZARNOBAI – Um dos grandes méritos que vejo nas personagens da série Homem-Cão é que nenhuma delas é totalmente má ou boa. Embora o Homem-Cão represente o bem e os seus inimigos representem o mal, em quase todas as histórias há uma reversão de expectativa ao final: os maus se arrependem, se modificam, repensam. Da mesma forma, mesmo sendo o Homem-Cão a representação do bem, ele também tem suas falhas: comete erros, faz bagunça, desobedece ordens… Acho importante que uma criança cresça ciente de que, embora se deva sempre procurar fazer o bem, o mal também existe. Ninguém é totalmente bom ou totalmente mal. Uma pessoa muito boa pode cometer atos reprováveis, bem como uma pessoa muito má pode vir a se recuperar. Acredito que o Homem-Cão passa essa mensagem de uma maneira lúdica, leve e divertida, plantando uma sementinha de criatividade e decência na cabecinha de todos os seus leitores (independente da sua idade).
E se você também quer conhecer os livros da série O Homem-Cão é só acessar o site da Companhia das Letrinhas.