Estudantes de colégios montam campanhas e dão verdadeira aula de solidariedade e empatia.

Uma geração engajada, empática, preocupada com o meio ambiente e causas sociais. Esse é o retrato de crianças e adolescentes que marcam um movimento diferenciado nas escolas. Estudantes de diversos colégios de São Paulo e do Rio de Janeiro se unem para ajudar o próximo em campanhas e ações que levam esperança para quem precisa e aquece o coração de pais, professores e toda a nação.

Maria Inês Medeiros, Coordenadora pedagógica do Colégio Novo Tempo, localizado em Santos, litoral paulista, acredita muito nessa parceria entre colégio e aluno em campanhas de solidariedade. Na escola, eles promovem o Projeto Benefício de Mão Dupla que englobam diversas campanhas durante o ano e, claro, uma das mais esperadas é a de Natal. “As famílias e alunos são convidados a fazer uma doação de brinquedos, alimentos não perecíveis ou outro item, dependendo da demanda das instituições que são contempladas com as arrecadações”, explica a coordenadora que lista alguns ensinamentos que são passados para os alunos: “Exercitando a solidariedade, nossos estudantes aprendem valores humanos necessários para a construção do senso de cidadania e de responsabilidade social, da empatia, do respeito e da fraternidade, contribuindo para a formação plena de alunos éticos e conscientes do seu papel na sociedade”, diz Maria Inês ressaltando a importância desse tipo de estímulo: “Esse estímulo é importante para o desenvolvimento socioemocional de nossos alunos tanto na infância como na adolescência”.

Outro exemplo desse movimento acontece no Colégio Anglo Leonardo da Vinci, em São Paulo. Eles abriram as portas da escola para debates sobre o tema e arrecadação. “Recebemos a Mariana, representante da ONG Amamos, para uma roda de conversa sobre o trabalho que realizam com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Os alunos decidiram doar o ‘Kit Feliz’ com o intuito de fazer uma criança sorrir a partir de um gesto solidário”, explica Verônica, professora da escola.

Solidariedade atemporal: Ajudando e se engajando durante todo o ano.

No Anglo Leonardo da Vinci, os projetos são diversos e duram o ano todo, inclusive no aulão do ENEM que fizeram, arrecadaram 136 kg de alimentos não-perecíveis que entregaram na mesma ONG.

Em Ribeirão Preto, alunos do Colégio Itamarati lançaram o ‘Joining Hands – Dar as mãos’, um projeto solidário que une os alunos do Ensino Fundamental Anos Iniciais. Os jovens recolhem lacres de magnésio com o objetivo de arrecadar fundos para comprar cadeiras de roda, que são doadas a entidades que fazem chegar até as pessoas que necessitam. Com esse projeto, os estudantes aprendem não só a importância de manter o meio ambiente limpo, os valores da sustentabilidade, como também têm a oportunidade de experimentar a satisfação de ajudar o próximo, descobrindo a responsabilidade social. Os alunos da escola também fazem campanhas de agasalhos e alimentos para os mais necessitados.

Na Canadian School of Niterói, do Rio de Janeiro, algumas ações são realizadas durante o ano, como arrecadação de latas de leite em pó e doação de livros para instituições. Além disso, em prol da luta contra o câncer, unidos ao evento mundial em homenagem ao herói canadense Terry Fox, os alunos do 6º ano da escola participaram de uma simbólica “Caminhada da Esperança”, com o objetivo de compartilhar a mensagem de solidariedade, numa campanha de arrecadação de leite para o Hemorio.

Brinquedos, roupas, mantimentos, atenção: Ajuda e aprendizado.

Chegando em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, o Colégio Centro de Estudos têm alguns projetos, como por exemplo a Operação Criança Feliz, onde os alunos do 2° ano fazem arrecadação de brinquedos novos e seminovos para doação ao projeto social Campos contra a Fome, numa ação de Natal promovida pela ONG. Na campanha, realizada pelos próprios alunos, eles engajam e estimulam as outras turmas na conscientização do desapego do brinquedo que não é mais utilizado.

Outra ideia para ensinar os pequenos sobre solidariedade e minimalismo, é a prática do desapego, com troca de brinquedos, doação de brinquedos antigos para a chegada de novos. As crianças aprendem e ainda ajudam a quem precisa. Ivone Ferreira dos Santos, psicóloga educacional do Colégio Novo Tempo fala sobre esse tipo de ação que pode acontecer dentro de casa.

“As crianças aprendem por observação e incentivo. Os pais podem convidar os filhos para organizarem roupas que não lhe servem mais e alguns brinquedos usados e levarem para doação em uma instituição como incentivo ao desapego”, diz a profissional que ressalta a importância de inserir crianças e adolescentes nessas campanhas: “Quando nossos estudantes se envolvem em ações solidárias e experimentam a sensação de colocar-se no lugar dos mais necessitados, ganham a oportunidade de enxergar valor em si mesmo e na sua própria história de vida, além de desenvolver habilidades socioemocionais como empatia, respeito à diversidade, cooperação, senso de responsabilidade social e cidadania, valores inclusive explícitos na BNCC, com o objetivo de oportunizar a formação integral dos mesmos”.

Ivone ressalta que datas comemorativas, como o Natal, são ótimas oportunidades para famílias abordarem o tema e promover algumas ações em casa. “Essas inspiram ações solidárias e a família pode ser a principal incentivadora através do exemplo. As famílias que habitualmente participam de campanhas e têm o costume de efetivamente se envolverem em ações sociais e entregarem suas doações, naturalmente incentivam as crianças a terem essa atitude como princípio. Os filhos podem convidar familiares, vizinhos e colegas a contribuírem com as campanhas da escola, geralmente, as crianças, quando estimuladas, são as mais eficientes multiplicadoras de boas práticas”. A profissional aproveita e dá algumas dicas para os pais estimularem esse sentimento nos pequenos:

– Converse com os seus filhos sobre consumo consciente, refletindo sobre a necessidade de comprar itens solicitados;
– Negocie com a criança que ganhará um brinquedo novo quando doar um dos seus;
– Incentive o empréstimo entre amigos e primos.

Com certeza, as ações solidárias trazem grandes benefícios tanto para quem recebe acolhimento, atenção e doações, como para quem acolhe, cuida e doa. É fato que o ambiente escolar é extremamente importante para crianças e adolescentes, mas esses movimentos que engajam e ensinam muito mais que matemática e português. Eles acendem uma luz de esperança em toda a população, formando uma nova geração de jovens muito mais empáticos e conscientes. O futuro do Brasil será muito mais positivo, se esse sentimento “de fazer o bem sem olhar a quem” for enraizado nas crianças e adolescentes. Afinal, eles são agentes da transformação, e juntos são capazes de fazer a diferença todos os dias.

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