Um assunto muito importante e que temos que tratar de forma séria e responsável é o uso de telas por crianças e adolescentes. A cada dia, o uso dos aparelhos eletrônicos aumenta consideravelmente entre os mais jovens. É preciso cuidado e atenção!

Não é raro vermos crianças, inclusive bebês, com um celular nas mãos. E é sobre o uso de celulares que quero falar hoje com vocês. Conversei com a Fabia Antunes, Diretora Pedagógica da Escola Lourenço Castanho, que ressaltou o uso excessivo de celulares nas escolas e falou sobre a proibição do uso de smartphone em algumas escolas do Rio de Janeiro e também no mundo.

A tecnologia pode ter impacto negativo na educação se for inadequada ou excessiva, aponta Relatório  de Monitoramento Global da Educação da Unesco. O documento revela que um em cada quatro países proíbe o uso de celular nas escolas, entre eles França, Itália, Finlândia, Holanda, Canadá, Espanha e Estados Unidos. Segundo o documento, a proximidade de um aparelho celular foi capaz de distrair os estudantes e causar prejuízos à aprendizagem em 14 países. Ainda conforme a Unesco, 89% dos 163 produtos de tecnologia recomendados durante a pandemia tinham capacidade de coletar dados de crianças.

CANAL INFANTIL – As escolas têm enfrentado problemas devido ao uso de telas em excesso. Algumas, inclusive, já estão proibindo o uso. Como você vê essa questão?

FABIA ANTUNES – Entendemos que a escola é um dos primeiros espaços sociais de convivência em grupo das crianças e, mesmo em um momento em que são adolescentes e jovens, é importante preservar momentos de encontro, conversa e até mesmo incentivar as relações interpessoais.

Até o 5º ano, não é permitido levar o celular para a escola. Do 6º ao 9º ano é permitido levar, mas ele deve ficar na mochila para ser usado em momentos específicos. Principalmente na saída, quando os pais entram em contato para pegar os filhos.

Nos intervalos de aula não é permitido o uso justamente para eles viverem aquele momento, aquele espaço de relação interpessoal.

CANAL INFANTIL – O que é cidadania digital e como trabalhar o assunto nas escolas?

FABIA ANTUNES – A cidadania digital é um dos itens que compõem o nosso currículo de letramento digital e tem uma relação direta com a segurança de entrar nesse ambiente virtual. No momento em que entro no ambiente digital, existe alguém ali por trás. Os jovens, principalmente, muitas vezes não criam essa relação direta porque acham que estão anônimos nas redes. Muito pelo contrário, eles são alguém ali.

CANAL INFANTIL – Acredita que as escolas têm um papel fundamental na conscientização do uso limitado de telas?

FABIA ANTUNES – Isso se relaciona com a questão da cidadania digital e a prioridade que damos às relações pessoais. É importante mostrar para a criança que a cidadania digital consiste, entre outras coisas, em entender que cada pessoa por trás de uma mensagem, do acesso a uma rede social, é um cidadão digital. Isso faz parte do nosso currículo de letramento digital. Sobre as relações pessoais, temos valorizado esse tempo de fala, o momento de elaboração de um discurso, porque a linguagem faz com que o sujeito se estabeleça no mundo. Então é bem importante e está sendo muito importante esse momento.

CANAL INFANTIL – A proibição do uso de celulares nas escolas pode melhorar o desempenho do aluno tanto em sala quanto na vida social e privada?

FABIA ANTUNES – Com certeza, a proibição do celular na escola em momentos de intervalo e entre as aulas melhora as relações interpessoais entre os alunos e dos alunos com os adultos, que são os educadores. Porque dá o tempo de cultivar a relação que acontece no offline. Ter aquela expressão, a conversa, o olhar, o olho no olho é bem importante.

CANAL INFANTIL – Estimular a atividade física, as brincadeiras e outras atividades nas escolas é uma forma de diminuir o uso de telas e mudar o hábito?

FABIA ANTUNES – A escola sempre proporcionou momentos durante o intervalo, ou mesmo em momentos da entrada e da saída, com atividades diversificadas. Com a proibição do uso do celular disponibilizamos outros jogos, até a montagem de um quebra-cabeça coletivo, atividades do tipo super trunfo, cubo mágico. Resgatamos algumas atividades de brincadeiras tradicionais e isso tem estimulado bastante a participação dos alunos.

Também estimulamos atividades diferenciadas na quadra, desde o futebol, que é algo que as crianças super gostam, e outras atividades com e sem bola, jogos estruturados e não estruturados. Fizemos uma revisão de todas as atividades em momentos em que os alunos estão livres para poder fazer escolhas diferenciadas e incluímos oficinas de miçanga e cerâmica, por exemplo. Variamos muito as possibilidades de brincadeiras.

Sobre Fabia Antunes

Diretora Pedagógica da Escola Lourenço Castanho. Doutora e Mestre em Pedagogia do Movimento pela Universidade de São Paulo – USP, com pesquisa voltada para a construção curricular e aprendizagem educacional. Bacharel e Licenciada em Educação Física pela Universidade de São Paulo, especialista pela Harvard University – Bok Teaching Certificate e especialista em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM

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