Existe alguém aí que não está preocupado com a alimentação dos filhos? Esse é um tema que deixa qualquer pai ou mãe de cabelo em pé, não é mesmo?!

Eu sei que nem sempre é fácil criar hábitos saudáveis na rotina de alimentação das crianças. Mas saiba que é possível e necessário!

Uma alimentação balanceada e adequada desde a infância transforma a vida dos nossos filhos (e a nossa também).

No texto de hoje, a Dra. Patrícia Silva Lima Ocelli, Pediatra e graduada em Nutrição, explica tudo que é importante os pais saberem para que os filhos tenham uma vida mais saudável.

Confiram!

Por Dra. Patrícia Silva Lima Ocelli

A alimentação saudável na infância é primordial para o crescimento e o desenvolvimento, protege contra infecções e garante o fornecimento de nutrientes indispensáveis à formação do sistema nervoso. Desde o início da gestação, a oferta de nutrientes deve ser diversificada e equilibrada.

O estilo de vida contemporâneo, com a participação ativa da mulher no mercado de trabalho, determinou uma transição epidemiológica e nutricional, que repercute diretamente no estado nutricional das crianças e adolescentes e, consequentemente, na vida do adulto. A busca por rapidez e praticidade nas refeições e o amplo acesso às facilidades tecnológicas, provocou alterações nos hábitos de vida e no comportamento alimentar de todos, tornando as crianças mais suscetíveis a problemas como a obesidade, o diabetes e a hipertensão arterial.

Estudos científicos já demonstram que a alimentação nos primeiros mil dias de vida da criança, que compreendem os 270 dias de gestação mais 730 dias dos primeiros dois anos de vida, desempenham importante papel na susceptibilidade a doenças na vida adulta. Sabe-se que a nutrição materna e nos primeiros dois anos de vida da criança pode determinar modificações na expressão de genes,  que determinarão a manifestação (ou não) de doenças crônicas na vida adulta. Há um corpo de evidências científicas experimentais que mostram o papel da epigenética na predisposição a doenças, durante períodos críticos do desenvolvimento, que incluem o período pré-concepcional, a gestação e início da vida pós-natal.  É o que se chama de “programação metabólica”, que ilustra a ideia de que os estímulos ambientais recebidos durante esse período de formação podem gerar mudanças permanentes na estrutura e função dos genes do organismo, afetando o equilíbrio orgânico na vida adulta.

Além disso, quando falamos em alimentação na infância, devemos ter em mente que a cultura gastronômica da criança é determinada pelo exemplo, e que o estilo de vida dos pais tem um papel crucial na formação dos hábitos que a criança carregará ao longo de toda a vida. A criança aprende pela imitação e pelo exemplo. Deste modo, o hábito das pessoas com as quais a criança convive na fase em que está conhecendo os alimentos, será determinante na formação dos hábitos alimentares que carregará pelo resto da vida.

Desde o início da alimentação complementar, com as primeiras papinhas, deve-se ter em mente que o bebê não está somente nutrindo o corpo, mas também descobrindo novos sabores, aromas, texturas. Nesse contexto, é importante que os pais, avós, irmãos estejam sempre em busca de melhorar seus hábitos alimentares, como forma de preservar a própria saúde e ser exemplos para as gerações em formação.

A alimentação deve ser o mais natural possível, evitando-se os alimentos industrializados. Deve-se resgatar o hábito da comida feita em casa, com ingredientes naturais, sem conservantes, aromatizantes. Comida de verdade, simples e de qualidade, como nossos avós comiam, é sempre a melhor opção. Buscar orientação de um profissional pode ajudar muito, pois saberão orientar como tornar a alimentação diária mais saudável, com a praticidade necessária ao cotidiano corrido da vida moderna.

Outro ponto que merece atenção é sobre a regulação da fome/saciedade e substituição de alimentos. Crianças precisam desenvolver os sentidos de fome e saciedade, que são instintivos e devem ser respeitados.

É comum que os pais não entendam a falta de apetite e a recusa alimentar das crianças, e tenham a tendência de substituir a comida por leite, biscoitos, pães para que elas não fiquem com fome. Quando a criança fala que não quer mais comer porque está satisfeita, e os pais obrigam a comer até “raspar o prato”, a criança entende que a sua sensação de saciedade não é relevante para a quantidade de comida que ela precisa consumir. Esses são hábitos inadequados que provocam uma série de consequências negativas, como a má nutrição, obesidade e seletividade alimentar. A saciedade da criança precisa ser respeitada e não se deve punir ou obrigar a criança a comer determinado alimento. A atitude diante da recusa a certos alimentos deve ser sempre positiva, estimulando a experimentar novos sabores, variando a forma de preparo ou incluindo o alimento recusado em preparações já bem aceitas pela criança. Não se deve desistir com uma primeira reação negativa ao alimento. Ofereça-o de outra forma: se o problema é com a beterraba em uma salada, experimente fazer um suco de beterraba com laranja, por exemplo.

A alimentação da criança deve ser vista como um investimento em saúde. Hábitos alimentares formados na infância terão consequências na saúde por toda a vida.

Foto: Cristiano Assis

 

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