Hoje quero trazer uma dica de livro, da Cepe Editora: “O caminho para as águas”. É uma história que simplesmente me deixou sem palavras! Uma reflexão sobre aceitação e respeito por meio de uma história emocionante e cheia de surpresas!
Escrito pela Carla Dawidman e ilustrado pela Faw Carvalho, o livro narra uma história que se passa na África, no Monte Quênia, com o povo Kanoni. Havia uma antiga profecia que dizia que aquele povo morreria e só renasceria quando um guerreiro tivesse a força de dois.
O rei do povo Kanoni, Waitimu, tinha seis filhos homens, fortes e saudáveis. Sua sétima rainha, Na’zyia, ainda não tinha conseguido lhe dar um filho e sonhava em ter um herdeiro forte e guerreiro. Foi então que ela decidiu ir atrás de um sábio, que vivia no local mais alto e distante do Monte Quênia. A viagem durou três dias e foi muito cansativa, fazendo com que a rainha adormecesse imediatamente ao chegar lá. Logo ao acordar, deparou-se com o sábio que lhe perguntou: “Acredita que possa amar”? A rainha imediatamente respondeu que sim, mas não tinha prestado muita atenção na pergunta. Aí a história começa…
O príncipe Wekesa nasce. A família ficou feliz, mesmo tendo ouvido de sacerdotisas que o menino não seria um guerreiro. Foi então que algo aconteceu: aos quatro anos, Wekesa adoeceu e parou de andar! Ele jamais seria como seus irmãos. Será que sem andar, ele ainda seria aceito pela família? E será que conseguiria realizar grandes feitos?
Para completar, Wekesa fez amizade com um elefante que foi abandonado pela manada, pois também era diferente: nasceu cego! Um pequeno príncipe que não anda, um elefante cego e uma terra prestes a morrer! O que será que vai acontecer? Só lendo o livro para saber! Mas posso dizer que é emocionante, traz lindas ilustrações e nos mostra a importância das diferenças e da aceitação. “Em ‘O caminho para as águas’, o menino Wekesa e o elefante Wamai mostram que todos podem contribuir para a vida em sociedade, embora as pessoas insistam em excluir e duvidar da capacidade daqueles que são diferentes”.
E para conhecer um pouco mais sobre essa linda história, conversei com a autora do livro, Carla Dawidman. Confira e se encante!
CANAL INFANTIL – Como surgiu a ideia de escrever o livro “O caminho para as águas”?
CARLA DAWIDMAN – As histórias vêm à minha mente como um filme. É como se as personagens existissem em algum plano. Se paro de escrever e retomo (por vezes) anos mais tarde, sei exatamente o ponto em que a narrativa parou e a ideia volta inteira. Quando a narrativa chega ao fim, as personagens já me contaram tudo. É verdade, existe muita inspiração, mas também muito esforço para escrever.
CANAL INFANTIL – Qual a faixa etária indicada?
CARLA DAWIDMAN – A princípio, de 8 a 13 anos. No entanto, a boa literatura, isto é, aquela que emociona e amplia o olhar do(a) leitor(a) sobre o mundo, essa não tem limite de idade.
CANAL INFANTIL – Qual a importância de falar para as crianças sobre o respeito às diferenças?
CARLA DAWIDMAN – Se na nossa vida convivemos com a diferença e, muitas vezes, não a percebemos, a arte faz essa ponte. A literatura proporciona a oportunidade de (con)viver, isto é, de viver com os temas que norteiam o mundo e a vida. E isso é libertador.
CANAL INFANTIL – Qual mensagem você quis passar com a história?
CARLA DAWIDMAN – Existe, obviamente, uma mensagem implícita em todas as histórias. A arte imita a vida. Em “O caminho para as águas”, a narrativa pretende levar o leitor, a leitora, a olhar para além das aparências. O ser humano é profundo; existe um mundo inteiro dentro dele. Não subestime o que esse mundo pode realizar.
CANAL INFANTIL – Qual a importância da leitura desde a infância?
CARLA DAWIDMAN – A literatura é uma conquista diária. Todos sabemos que crianças e jovens precisam ter contato com o livro para que apreciem a leitura. O diferencial, contudo, está na maneira como o livro é apresentado ao leitor. Se eu conto um pouco da história para uma criança, sem ler textualmente, e não revelo o final, a curiosidade brotará como água em um oásis. Ela ficará instigada a ler.
Por outro lado, é fundamental não apenas apresentar a literatura para os leitores em formação, mas realizar uma boa curadoria de livros. Escolha narrativas diversificadas, que instiguem a curiosidade e amplie o olhar do leitor; que divirta, mas também emocione.
CANAL INFANTIL – Deixe uma mensagem para os leitores.
CARLA DAWIDMAN – Dizem que os livros escolhem o leitor, por isso ler é tão especial. Quando lemos, tudo em nós está mais vivo: há mais emoção, mais imaginação e mais vida… viva!