Um assunto que tem preocupado, e muito, as famílias é o bullying! A cada dia, mais crianças e adolescentes são vítimas dessa violência e as consequências são inúmeras, inclusive na vida acadêmica. Pensando nisso, a Vanish, juntamente com a Abrace – Programas Preventivos, lançou, este ano, uma ação de volta às aulas impactando cerca de quatro mil crianças!
O bullying é uma forma de violência que pode afetar o desempenho e a expectativa de aprendizado dos alunos. Ao se sentirem vulneráveis e desprotegidos, eles podem acabar tendo a autoestima comprometida, gerando fobia escolar, sinais de tristeza e depressão, queda no rendimento escolar, transtornos psicológicos, alimentares e até evasão escolar – gerando efeitos devastadores, principalmente na adolescência, que podem se estender até a fase adulta.
Tudo isso atrapalha o foco em sala de aula, até porque a escola acaba se tornando um ambiente desconfortável e amedrontador onde o aluno se sente em constante estado de alerta e de tensão, prejudicando suas habilidades sociais e intelectuais, além da concentração. Pensando em minimizar e reverter esses efeitos, Vanish lançou um e-book em parceria com a Abrace – Programas Preventivos para comunicar-se com pais e educadores sobre os principais sinais de bullying que as crianças podem apresentar e como devemos agir ao perceber que algo errado está acontecendo.
A Abrace é pioneira na prevenção ao bullying no Brasil, com mais de 12 anos de atuação na área e reconhecimento da UNESCO como referência no tema. A instituição é fundadora do programa Escola Sem Bullying, que atende escolas e instituições de ensino de todo o país e, neste ano, conta com o apoio de Vanish para a criação de materiais didáticos e de conscientização sobre o tema, incluindo planos de aula para educadores abordarem em sala de aula.
Para falar mais sobre essas consequências do bullying para o aprendizado e como identificar e combater o problema, conversei com o Benjamim Horta, Especialista em prevenção ao Bullying e Diretor-Fundador da Abrace – Programas Preventivos e do Programa Escola Sem Bullying.
Confira a entrevista!
CANAL INFANTIL – O que é o Bullying?
BENJAMIM HORTA – Segundo Dan Olweus, pioneiro em estudos sobre bullying no mundo, o comportamento é como um conjunto de ações negativas, que acontecem de forma repetitiva e durante um tempo, onde o aluno apresenta dificuldades de se defender.
CANAL INFANTIL – Como a criança ou o adolescente costuma sinalizar que está sofrendo bullying?
BENJAMIM HORTA – Escolas que possuem um programa com sistema preventivo eficaz tendem a ter mais abertura para relatos de bullying que as demais. Muitas crianças não falam a respeito do que estão sofrendo por medo de represálias e de piorarem ainda mais o problema (o que acontece, caso a escola não realize intervenções da maneira correta).
É fundamental que estudantes aprendam a relatar atos de bullying. Para isso, é necessário que superem o medo da retaliação e que encontrem em casa um local seguro para levar estes relatos. A partir disso, permita que eles mesmos sejam parte da solução do problema, propondo ações relevantes para cada contexto relacionado a situações de bullying, e busquem colocar estas propostas em ação junto aos demais agentes na escola.
CANAL INFANTIL – Quando e como procurar ajuda profissional?
BENJAMIM HORTA – Segundo uma pesquisa realizada pela Dra. Mine Fekkes (Fekkes et. al. 2004), 28% dos estudantes que sofrem bullying apresentam ansiedade, enquanto apenas 10% dos que não sofrem apresentam o mesmo sintoma. Ainda, dos que sofrem bullying, 20% apresentam tensão, comparados a 9% dos que não sofrem. Estes são alguns dos sintomas advindos do bullying e que, uma vez observados pelos pais, além da intervenção feita junto à escola, recomenda-se buscar a ajuda de um profissional da área de saúde mental.
CANAL INFANTIL – Sabemos que a escola é um dos ambientes em que mais acontece o bullying. Quais as consequências desse tipo de violência para o aprendizado?
BENJAMIM HORTA – Estudos demonstram que nas escolas onde é alto o índice de bullying, os estudantes tendem a se sentir ansiosos e preocupados, mesmo os que não estão envolvidos diretamente com alvos. O bullying na fase da adolescência, por exemplo, está diretamente ligado a problemas de saúde na fase adulta, podendo perpetuar sintomas como dores de cabeça, tonturas, dores nas costas, dores abdominais, insônia e baixa autoestima. Problemas em diversas áreas da vida como acadêmica, trabalho, satisfação nos relacionamento e sucesso econômico também podem ter algum tipo de correlação com o comportamento.
CANAL INFANTIL – Como detectar o bullying no ambiente escolar?
BENJAMIM HORTA – Agir de forma preventiva em relação ao bullying é sempre melhor do que remediar casos e situações. Em casos de alvos de bullying, eles costumam apresentar mudanças
comportamentais perceptíveis tanto para pais quanto para educadores. Estas mudanças envolvem isolamento social, comportamento triste ou depressivo, comentários autodepreciativos, resistência para ir à escola ou para atividades com colegas, hematomas, ferimentos, roupas rasgadas sem explicação, queda no rendimento escolar, insônia ou sono em excesso e alterações no apetite.
Outras medidas podem auxiliar as escolas, como obter processos anônimos para relatar o comportamento, falar a respeito do assunto de forma sistemática e consistente, abrir o diálogo para os estudantes, estimulando que peçam ajuda, além de preparar a equipe para obter um olhar atento a todos os alunos. Trabalhar em todas as esferas da escola é, sem dúvida, a melhor maneira de identificar quando algo errado está acontecendo.
CANAL INFANTIL – Como a escola pode combater o bullying?
BENJAMIM HORTA – Em 2015, foi criada a Lei 13.185/2015 (Lei de Combate à Intimidação Sistemática – bullying), exigindo que escolas trabalhem o bullying de forma preventiva, abrindo caminhos a partir de diversas ações, como: capacitação de docentes e equipes pedagógicas para agir ativamente e na solução de problemas; Implementar campanhas educativas e de conscientização; Inserir práticas com orientação às famílias; dar assistência para quem sofre e quem pratica, promover ações com o objetivo de identificar casos e lidar com o problema de maneira preventiva. Todas essas e demais ações devem contribuir conjuntamente para a criação e desenvolvimento de metodologias contínuas sobre o tema inseridas em todo o contexto escolar, propiciando um sistema preventivo eficaz. Neste ano, por exemplo, Vanish está trabalhando ao lado da Abrace para levar iniciativas a escolas de Curitiba. Essas instituições receberam acesso a livros paradidáticos exclusivos sobre a temática para crianças de 4 a 10 anos, planos de aulas para inserção do tópico em sala e o curso online “Fundamentos para uma Escola Sem Bullying”;, que capacita educadores, promovendo um alinhamento do conhecimento preventivo, instrumentalizando equipes a prevenir e combater o bullying de forma assertiva e eficaz.
CANAL INFANTIL – Como os pais podem combater o bullying?
BENJAMIM HORTA – Uma medida preventiva e eficaz é se manter informado a respeito da vida escolar de seu filho, não se limitando somente ao rendimento escolar, mas aos aspectos sociais que envolvem sua rotina, como por exemplo: quais são seus melhores amigos, onde costuma passar o intervalo, o quanto ele se sente bem naquela escola, o que mais gosta na escola, o que menos gosta, etc. Outra medida fundamental é manter o tema em pauta em suas
conversas em casa, mostrando-se sempre aberto para falar sobre o assunto com frequência.
CANAL INFANTIL – O que é a Abrace e como ela atua na prevenção do bullying?
BENJAMIM HORTA – Gerar impacto social ao prevenir e combater o bullying e a violência escolar: são esses os objetivos que movem a Abrace – Programas Preventivos®. Para isso, atuamos lado a lado com escolas, redes de ensino e demais instituições oferecendo a pais, professores e alunos as ferramentas necessárias para agir de maneira efetiva para a prevenção e
combate do problema.
Com bases teórico-metodológicas sólidas e pesquisas atuais sobre o cenário do bullying no Brasil e no mundo, a Abrace – Programas Preventivos trabalha para transformar positivamente ambientes e relações interpessoais. Desde que foi oficialmente fundada, em 2012, a Abrace – Programas Preventivos® tem firmado parcerias com diversas instituições, sendo premiada em 2019 pelo Pacto Global da ONU – Organização das Nações Unidas, também citada pela UNESCO em 2017 como Programa de referência nacional, além de ter na equipe o primeiro palestrante do Brasil no Fórum Mundial Antibullying 2019, em Dublin, na Irlanda.
A instituição criou o Programa Escola Sem Bullying®, desenvolvido a partir de pesquisas, de ação interdisciplinar, que fornece subsídios teóricos e metodológicos de combate e prevenção ao bullying no ambiente escolar. Seu conteúdo está alinhado à Lei Federal nº13.185/2015, de Combate à Intimidação Sistemática, e sua metodologia e eficácia comprovada por meio de pesquisas realizadas durante anos em escolas que já aderiram e implementaram o Programa.
A Abrace – Programas Preventivos®, responsável pelo Escola Sem Bullying®, é a editora e desenvolvedora dos livros paradidáticos e todos os demais materiais do Programa em português e inglês. Com uma grade que inclui cursos de capacitação para educadores, palestras para as famílias, livros paradidáticos exclusivos para cada idade, planos de aula, políticas pedagógicas de prevenção, aplicativo para combater o bullying e cyberbullying e apoio na intervenção e mediação de casos de bullying, o programa oferece suporte completo às escolas e redes de ensino, contribuindo para que a situação de violência deixe de ser rotina na vida de estudantes, pais e professores.
CANAL INFANTIL – Deixe uma mensagem para as famílias.
BENJAMIM HORTA – A família é o principal elo de segurança de uma criança e pode ajudar a prevenir e combater o comportamento com diversas atitudes.
Certifique-se que a escola onde a criança estuda proporciona um clima escolar positivo e seguro, trabalha de forma sistemática a prevenção ao bullying e está preparada para agir de forma assertiva. Trabalhe a autoestima para reduzir a vulnerabilidade, fortalecendo a construção da percepção e aceitação de si mesmos. Reforce e valorize as habilidades da criança, sejam elas relacionadas aos mais diversos hobbies: esportes, games, música, literatura etc., deixando claro a sua aprovação, reconhecendo suas aptidões, bem como seus desafios naquilo que talvez ainda não esteja em seu campo de habilidades, mas que ainda pode ser explorados.
Explicite o seu apoio nas atividades que o seu filho realize, evite comparações, utilize os erros como forma de aprendizado e, principalmente, respeite sua individualidade livrando-se das sobrecargas advindas de projeções pessoais. Uma autoestima positiva é sempre equilibrada e realista, e resulta em autoconfiança, levando a criança ou adolescente a confiar em suas capacidades, mesmo mediante a situações de bullying que possa vir a enfrentar, sejam elas como alvos ou espectadores.
Deixe claro para o seu filho que ele(a) sempre contará com você para que resolvam a situação. O diálogo sempre é o melhor caminho.