Para terminar a semana, quero falar sobre inclusão! Você já parou para pensar que essa é uma palavra muito usada nos dias atuais? É verdade que a sociedade está mais inclusiva, mas ainda falta muito para que a inclusão seja integral!

E eu não estou falando apenas da inclusão social, da estruturação física para as pessoas com deficiência, do respeito ao outro… Mas também de termos mais materiais voltados para a inclusão!

Há alguns meses, estava na livraria Paulinas, em Belo Horizonte, e conheci um livro que me encantou e emocionou muito: “Quatro patinhas no muro”. Escrito por Elizete Lisboa e ilustrado por Walter Lara, ele não é um simples livro de história, mas uma verdadeira aula de inclusão!

“Quatro patinhas no muro” conta a história de uma cachorrinha perdida que morou por um mês em uma praça, mas logo foi acolhida em um lar amoroso. Recebeu o nome de Lualva (Lua para os mais íntimos) e era muito atrapalhada e brincalhona. Porém, um dia, Lua simplesmente desapareceu! O que teria acontecido?  Por que ela foi embora assim? Será que vai voltar?

Vou parar de contar para não estragar as surpresas da história! Mas é um conto lindo e real, que encanta a todos!

Ah, mas onde está a inclusão que você falou, Carolina? Pois bem, a inclusão está nos detalhes do livro. Elizete, que tem deficiência visual, teve o cuidado de escrever um livro todo em braile, inclusive em várias ilustrações. Ou seja, todas as crianças que enxergam com as mãozinhas poderão ler “Quatro patinhas no muro”. Mas não é só isso! O texto, escrito, também faz parte do livro. Então, toda e qualquer criança pode ter o prazer de lê-lo! Demais, não?!

E é claro que eu não deixaria de entrevistar a Elizete Lisboa! Confiram e se encantem pela autora e pelos seus trabalhos.

CANAL INFANTIL – VOCÊ É ESCRITORA E TEM O CUIDADO DE PUBLICAR SEUS LIVROS EM DUAS ESCRITAS: TEXTO E BRAILE. COMO FUNCIONA?

ELIZETE LISBOA – Livro com duas escritas é assim: em cada página, sempre ao lado do braile, está o texto para ser lido também pela criança que enxerga. Desse modo, o livro se pluraliza, na sua duplicidade: tátil e visual. Em outras palavras: em duas escritas, o livro fica duplo. A leitura vai ser tátil e/ou de forma visual. A intenção é que o livro seja para todas as crianças.

CANAL INFANTIL – COMO SURGIU A IDEIA DE PUBLICAR LIVROS EM DUAS ESCRITAS?

ELIZETE LISBOA – Eu sempre precisei do braile no meu dia a dia; eu era professora de português. Eu sabia que um livro de literatura infantil nas duas escritas ia facilitar a vida de muita gente porque as crianças cegas, na sua maioria, passaram a estudar na escola comum, principalmente a partir da década de 1990. Eu tinha então conhecimento e vivência que me encorajaram a propor às editoras a publicação de livro misturando braile e escrita de quem vê.

CANAL INFANTIL – QUAL A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS EM DUAS ESCRITAS?

ELIZETE LISBOA – Ah, sem dúvida, esses livros têm enorme importância! Eles ajudam a disseminar o ideal de inclusão. Eles facilitam em muito a vida de quem lida e precisa do braile. Além disso, esses livros encantam a criança que enxerga. Na verdade, o braile, quando bem transcrito, embeleza o livro, a página fica mais bonita. A meninada que enxerga adora ver com as mãozinhas, adora se divertir com o alto relevo, inclusive nas ilustrações desse tipo de livro.

CANAL INFANTIL – E JÁ QUE ESTAMOS FALANDO SOBRE LIVROS, QUAL A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA INFÂNCIA?

ELIZETE LISBOA – Os bons hábitos devem sempre ser ensinados desde a infância. Criança aprende a gostar de ler com muita facilidade, se receber corretamente ajuda para que isso aconteça. Ler com prazer na infância. É disso que nossas crianças necessitam, é disso que o nosso país está hoje precisando, e muito.

CANAL INFANTIL – E POR QUE É TÃO IMPORTANTE TRABALHAR A INCLUSÃO DESDE A INFÂNCIA?

ELIZETE LISBOA – Criança não tem preconceito. Aliás, ela vai adquirindo preconceitos porque convive com os adultos. Trazer o tema inclusão para a vida das crianças é então necessário. Prevenir, antes que o mal aconteça. Educar fica mais fácil. Isso pode fazer-se de modo lúdico, através da literatura, por exemplo. A literatura em duas escritas pode ser, e com certeza é, uma das estratégias para se propor o tema inclusão, sem a gente precisar de cansar a criança com recomendações didáticas sobre o assunto. Em uma inversão de papeis, é a criança que, normalmente, em contato com esse tipo de livro, vai buscar o conhecimento, guiada pela curiosidade. E a criança vai fazer isso de forma espontânea e prazerosa.

Elizete Lisboa já publicou diversos livros e vem recebendo prêmios por seus trabalhos diferenciados!

Então, papais e mamães, deem um livro em braile para os seus filhos! É uma forma de ensiná-los sobre as diferenças e de contar uma linda história. Cabe sempre lembrar que todos nós somos diferentes, por isso somos todos especiais!

*Em Belo Horizonte, você encontra este livro na Livraria Paulinas – Avenida Afonso Pena,  2.142, Funcionários).

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