Na semana passada, publiquei um texto da Psicóloga Jéssica Suzana sobre como falar sobre a morte com as crianças. Um tema bastante difícil, mas necessário. Para complementar o assunto, vamos falar sobre o luto infantil!

Confiram!

 

Por Jéssica Suzana

A criança, da mesma forma que o adulto, vai passar por processos de luto, e este processo tem uma duração subjetiva, mais extensa. Torres (1999) afirma que a criança é capaz de enlutar-se tanto quanto o adulto, identificando três etapas principais no processo natural do luto infantil:

1 – Protesto: a criança não acredita que a pessoa esteja morta e luta para recuperá-la, chora, agita-se e busca qualquer imagem ou outra coisa que torne real a pessoa ausente;

2 – Desespero e desorganização da personalidade: mesmo que o anseio pelo retorno da pessoa morta não diminua, há um pouco de aceitação da morte. Não grita mais, torna-se apática e retraída. O que não significa que tenha esquecido da pessoa que morreu;

3 – Esperança: a criança começa a buscar novas relações e a organizar a vida sem a presença da pessoa.

(Se caso a criança passar ou não por estes processos de forma natural, procure o profissional de psicologia para auxiliá-la melhor em seu enfrentamento).

As reações da criança diante da perda e separação vão depender de vários fatores: a relação que a mesma tinha com a pessoa que morreu, a causa e as circunstâncias da situação de perda (repentina ou não; se foi violenta); o que é contado para a criança e as oportunidades que são oferecidas para ela falar e perguntar; relações familiares após a perda (permanência com pai/mãe sobrevivente) e padrões de relacionamento da família anteriores à perda.

Quando as crianças enfrentam situações de perda, evidentemente experimentam medo, ansiedade e muitas outras reações de pesar, dor e desgosto. Os pais e outros adultos significativos desempenham um papel importante nesse momento da vida da criança, e a forma como eles a acolhem em seu sofrimento, influencia diretamente o modo como a criança enfrenta a experiência da perda.

Temos quatro pontos fundamentais do luto:

1 – Aceitar a realidade da perda: as crianças devem crer que a pessoa está morta e não voltará, para tanto, devem ser adequadamente informadas sobre a morte numa linguagem apropriada à sua idade;

2 – As crianças devem reconhecer e trabalhar com a variedade de emoções associadas à morte. (os sentimentos incluem tristeza, raiva, culpa, ansiedade e depressão. Se esses sentimentos não forem encarados, serão manifestados de outras formas, como sintomas psicossomáticos ou desajuste de comportamento);

3 – Aprender a ajustar o ambiente sem a presença da pessoa que morreu;

4 – Encontrar caminhos para lembrar dessa pessoa.

 

Para ajudar a criança no processo de luto é necessário:

1 – Promover comunicação aberta e segura dentro da família, informando a criança sobre o que aconteceu;

2 – Discutir a morte de forma que a criança possa entender (de acordo com seu nível de desenvolvimento);

3 – Falar a verdade traz alivio e auxilia a criança a se perceber e a notar o que lhe acontece internamente;

4 – Encorajar a criança a expressar seus sentimentos;

5 – Ouvir de maneira compreensiva toda vez que sentir saudade, tristeza, culpa e raiva;

6 – Assegurar que continuará tendo proteção;

7 – Responder as perguntas com sinceridade e os adultos expressarem suas emoções honestamente;

8 – Ser paciente, permitir que a criança repita a mesma pergunta, expondo sua confusão e seu medo;

9 – Não criar expectativas;

10 – Sugerir caminhos para que a criança possa lembrar-se da pessoa (desenho, cartas);

11 – Indicar serviços especializados com psicólogos;

12 – Preparar a criança para continuar sua vida. Reforçar que ela terá o tempo que for preciso para superar e que ela vai conseguir viver normalmente depois (lembrando que o tempo é diferente para cada um).

A criança pode expressar sua curiosidade e seu sofrimento não só pela linguagem verbal (uso de palavras), mas também por uma linguagem não verbal (jogos, gestos, desenhos, brincadeiras, etc.). Para o adulto, o silêncio poder ser convincente, entretanto, para a criança, pode ser muito prejudicial na medida em que seu sofrimento pode passar despercebido. Portanto, sempre pergunte como ela está e deixe aberto sua disponibilidade em ouvi-la e ajudá-la.

As condições do funcionamento familiar contribuem para a qualidade da elaboração do luto. Além disso, fica evidente a importância de se pensar em alternativas para que a criança possa ser amparada no enfrentamento de suas perdas pelas pessoas que dela cuidam, tanto em seu ambiente familiar, no contexto escolar e no ambiente da saúde.

Com afeto,

 

Jéssica Suzana / CRP 04/47222

Psicóloga que acredita no poder da escrita e no valor que pode agregar as pessoas.

Inspira e transforma vidas através da escuta.

Aprende todos os dias sobre: recomeços, criar possibilidades e ter conexões com sentido.

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