Para começar a semana, quero contar sobre um livro que acabei de ler com o Matheus e que nos deixou encantados! Escrito pela Glaucia Lewicki e ilustrado por Gonzalo Cárcamo, “Era mais uma vez outra vez” (SM Educação) é um livro divertido, emocionante e cheio de reflexões. E ainda vencedor do Prêmio Barco a Vapor de 2006!

Um livro esquecido na prateleira de uma biblioteca por anos, sem contar a sua história para ninguém… Deve ser muito triste, não é mesmo? Mas essa realidade estava prestes a mudar! Um belo dia, uma garotinha decidiu levar aquele livro antigo para ler em sua casa. O narrador, ao sentir que o livro saía da estante, não podia estar mais feliz e foi correndo contar aos personagens que aquele conto de fadas seria novamente lido por alguém.

Porém, a felicidade durou pouco e deu lugar ao espanto: os personagens não estavam mais em seus lugares e tudo estava diferente dentro do livro. O que fazer agora? Uma leitora ia começar a leitura e estava tudo fora do lugar! Assim começa uma aventura por entre mundos e visões diferentes. Cada personagem buscando contar a sua história e descobrir um novo final para esse conto de fadas tão especial!

É um livro que fala sobre contos de fadas, amizades, amor, enigmas e muito mais! Tenho certeza que o final surpreenderá as crianças! E para contar um pouquinho mais sobre essa história tão especial, conversei com a autora do livro, Glaucia Lewicki. Confira e se encante também!

CANAL INFANTIL – Qual a importância da leitura na infância? 

GLAUCIA LEWICKI – A leitura na infância é uma companheira e uma mentora. Ela pode fazer você experimentar sentimentos e emoções até então desconhecidos, dar respostas àquelas perguntas que ninguém nunca respondeu, suscitar novas questões e apresentar o mundo de uma forma única, constituindo-se em um elemento essencial na construção da identidade da criança e na ampliação do seu mundo.

CANAL INFANTIL – Como surgiu a história do livro “Era mais uma vez outra vez”? 

GLAUCIA LEWICKI – O livro nasceu do amor aos contos maravilhosos que tanto ouvi e li na infância. No entanto, como cresci acompanhando (e apreciando) o humor na TV e em diversos tipos de textos, como, por exemplo, as crônicas do Luís Fernando Veríssimo, o “Era mais uma vez outra vez” acabou também por fazer parte de uma galeria de livros que “brincam” com os contos maravilhosos, como “História meio ao contrário”, da Ana Maria Machado, “Ervilina e o Princês”, de Sylvia Orthof, e “O Fantástico Mistério de Feiurinha”, de Pedro Bandeira. Do cinema, veio a influência de filmes como Shrek.

CANAL INFANTIL – Você coleciona dragões. Como começou esse interesse? Ele influenciou na história do livro? 

GLAUCIA LEWICKI – O primeiro dragão da coleção foi adquirido em uma visita à cidade medieval de Carcassone, na França, no ano 2000, seis anos antes do livro ser escrito. É um porta-lápis em forma de torre com um dragão verde pendurado nela. Por coincidência, ele lembra o dragão Anascar, desenhado anos depois pelo Cárcamo. O interesse por dragões tem a ver com minha paixão pelos contos maravilhosos e pelo imaginário da Idade Média. A coleção de dragões não influenciou muito a escrita do livro porque só ela pegou mesmo após a publicação dele, quando comecei a adquirir e receber de presente dragões de diversos formatos, cores e até temperamento. Tem dragão fofinho, dragão feroz, grande pequeno, de pelúcia, de pedra, de vidro…

CANAL INFANTIL – Como foi ganhar um prêmio com esse livro? 

GLAUCIA LEWICKI – Ganhar um prêmio com esse livro foi a confirmação de que minha forma de ver o mundo, mesmo que às vezes peculiar, podia tocar outras pessoas. Meu sonho de contar, não, mais que isso, de compartilhar histórias com as pessoas foi validado por esse prêmio. Todos os cadernos preenchidos com histórias e personagens, todos os arquivos criados no computador, todas as horas que dediquei a criar mundos, pessoas e emoções diferentes foram recompensadas. Dizem que escrever é uma tarefa solitária. Depois de um prêmio como o Barco a Vapor, você nunca mais está sozinho ao escrever. Ele dá a você a sensação de partilha e acolhimento, pois você passa a ter muitos leitores. E isso não tem preço.

CANAL INFANTIL – Você tem mais de 20 anos de carreira, mais de 20 livros publicados. Como se sente? 

GLAUCIA LEWICKI – Eu me sinto como se estivesse sempre recomeçando a cada dia, já que cada livro tem sua história própria e ela começa quase sempre do zero. É claro que os 20 anos de carreira deixam suas marcas, oferecendo muita experiência e inúmeras histórias para recordar e contar, mas cada livro novo vem cercado do mesmo desejo de acertar, de fazê-lo encontrar a melhor editora para levar essa história aos leitores e conquistá-los. Esse processo sempre dá ao autor aquela sensação de publicar um livro, mesmo sendo o vigésimo ou trigésimo, como se fosse a primeira vez.

CANAL INFANTIL – Tem algum livro pelo qual tem um carinho especial ou cada um representa uma parte da sua vida? 

GLAUCIA LEWICKI – Eu costumo dizer que cada livro tem, além da história que ele carrega, uma história própria. Como ele surgiu, como foi o processo de edição, as escolhas que foram feitas, a publicação, como ele foi recebido pelos leitores, sua trajetória, etc. Dentro dessa forma de pensar, vários deles carregam histórias legais que representam momentos diferentes da minha vida. No entanto, um desses livros me fez acreditar que o sonho de ser escritora podia ser possível. Estou falando do texto que deu origem ao livro atualmente conhecido como “Nos olhos de quem vê” (Saberes e Letras, 2022). O texto original foi um dos finalistas do Concurso João-de-Barro em 2001. Essa colocação, obtida entre mais de 600 textos de todo Brasil, foi que me fez acreditar que eu podia escrever e as pessoas gostarem. Antes disso, eu escrevia só para mim.

CANAL INFANTIL – Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os leitores dos seus
livros? 

GLAUCIA LEWICKI – Acreditem. Acreditem em vocês, no valor das suas histórias. Precisamos acreditar em nós e em nossos sonhos e projetos para levá-los adiante. Precisamos acreditar no valor do que já vivemos e daquilo que estamos construindo para compartilhar nossas histórias com dignidade e orgulho. Precisamos acreditar para abraçar o mundo e sermos abraçados por ele. Acreditem. E sigam lendo muitos outros livros, de muitos autores e culturas diferentes, para que seu mundo seja cada vez maior e melhor.

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